Pau-brasil

O pau-brasil é uma árvore nativa da Mata Atlântica que era encontrada em abundância no litoral brasileiro no começo do século XVI. Essa árvore foi explorada pelos portugueses principalmente pela resina presente na sua madeira, que permitia a produção de corantes usados para tingir tecidos. O termo brasil é oriundo de uma palavra latina que significa “cor de brasa”.

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O que é o pau-brasil

O pau-brasil (Paubrasilia echinata) é uma árvore nativa da Mata Atlântica, e estava presente em abundância em todo o litoral brasileiro, no começo do século XVI. As historiadoras Lilia Schwarcz e Heloísa Starling apontam que, no começo desse século, havia cerca de 70 milhões dessas árvores pelo litoral brasileiro.|1|

O pau-brasil foi o primeiro artigo explorado pelos portugueses no território brasileiro.[1]

Uma árvore de pau-brasil pode chegar à altura de 15 metros e possui espinhos que se espalham pelo tronco e por seus galhos. No começo do século XVI, os nativos chamavam essa árvore de ibirapitanga. Os portugueses, por sua vez, consideravam-na importante porque sua madeira poderia ser utilizada para construir móveis e para produzir corantes com base em uma resina presente nela.

Nessa época, os europeus já tinham conhecimento de uma árvore semelhante ao pau-brasil. Essa árvore, conhecida como Biancaea sappan, é uma variante asiática que possui uma madeira boa para a produção de móveis, além de também produzir uma resina que pode ser usada na fabricação de corantes.

A madeira e os corantes obtidos dessa árvore asiática estavam presentes na Europa, e essa variante era conhecida por nomes como brecilis, brazily, entre outros. Os europeus tinham conhecimento dessa árvore desde, pelo menos, a Baixa Idade Média. Mais adiante, entenderemos o significado desses termos.

Exploração do pau-brasil

Aqui o pau-brasil teve uma grande importância e, como já sabemos, deu origem ao nome de nosso país. Isso porque sua madeira foi o primeiro artigo de interesse econômico dos portugueses na América Portuguesa.

Isso aconteceu porque, no começo do século XVI, as terras na América achadas pelos portugueses estavam em risco. Era necessário que os portugueses ocupassem-nas para evitar que forasteiros, como os franceses, invadissem-nas e tomassem-nas. Entretanto, essa ocupação só aconteceria se houvesse um atrativo econômico.

Esse atrativo foi justamente o pau-brasil. A exploração dessa árvore aconteceria nos moldes mencionados: sua madeira seria utilizada na construção de alguns móveis, mas principalmente sua resina era o que mais chamava a atenção, pois os corantes produzidos por ela tinham altos preços em solo europeu. Esse corante era utilizado para tingir tecidos.

Embarcações como as caravelas eram responsáveis por levar o pau-brasil do Brasil para Portugal.

Assim, logo no início do século XVI, a Coroa portuguesa autorizou iniciativas de exploração do pau-brasil na América Portuguesa. A árvore foi identificada em grandes quantidades no território brasileiro, em 1501, por meio da expedição liderada por Gaspar Lemos, e a primeira autorização de exploração foi emitida, no mesmo ano, para Fernão de Loronha.

Fernão de Loronha recebeu o monopólio de exploração do pau-brasil, e, por isso, era terminantemente proibido que ele importasse a variante asiática. Nessa exploração, ele era obrigado a repassar parte dos lucros obtidos para a Coroa, algo em torno de 20%.

Lilia Schwarcz e Heloísa Starling apontam que a primeira exportação de pau-brasil para Portugal de que se tem conhecimento se deu em 1511, quando o navio Bretoa zarpou para Portugal, com cerca de cinco mil toras a bordo.|1|

A exploração do pau-brasil era uma atividade realizada pelos indígenas, que tinham seu trabalho explorado em troca de objetos úteis para eles, como machados, facas, canivetes, entre outros. Os indígenas faziam a extração da madeira e a transportavam para as feitorias, que os portugueses instalaram no litoral brasileiro.

No começo do século XVI, existiam três feitorias no litoral brasileiro: Cabo Frio (Rio de Janeiro), Porto Seguro (Bahia) e Igarassu (Pernambuco). Elas foram construídas exatamente como locais de armazenamento do pau-brasil, pois os portugueses identificaram que estocar as toras nos navios ancorados fazia com que elas apodrecessem rapidamente.

Além disso, as feitorias serviam como fortaleza, isto é, um local no qual os portugueses conseguiam assegurar o controle da terra e expulsar invasores, sobretudo os franceses. Isso porque, como mencionado, era muito comum que os franceses invadissem o “território português”, explorando o pau-brasil e estabelecendo relações diplomáticas com nativos inimigos dos portugueses.

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Origem do nome pau-brasil

Os historiadores já debateram bastante (e ainda debatem) a origem do termo pau-brasil. Atualmente, a teoria mais aceita é a que aponta que o termo faz referência à resina presente na madeira e que permite a produção do corante de tom avermelhado. Isso porque os antigos nomes (foram citados brecilis e brazily), pelos quais se conhecia a variante asiática, derivam de um termo latino que significa “cor de brasa” ou “vermelho”.|1|

A importância do pau-brasil nos primeiros anos da colonização foi tão grande que toda a América Portuguesa passou a ser conhecida como Brasil. O termo substituiu outros, como Terra de Santa Cruz, um dos primeiros nomes pelos quais o território foi conhecido. Essa troca foi alvo de críticas por alguns.

Já o termo pelo qual os nativos conheciam a árvore (ibirapitanga) pode ser traduzido como “árvore vermelha”. Portanto, os índios, assim como os portugueses, cunharam o nome da árvore com base na característica marcante da sua cor.

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Consequências da exploração do pau-brasil

Do ponto de vista histórico, a exploração do pau-brasil, como vimos, foi o ponto de partida da colonização portuguesa na América. Foi a partir dessa atividade que a presença portuguesa começou a se consolidar no litoral e que as iniciativas de ocupação e monitoramento da costa se estabeleceram. Além disso, foi por meio dela que os portugueses também iniciaram a exploração da mão de obra indígena.

Do ponto de vista ambiental, a exploração do pau-brasil realizada pelos portugueses foi extremamente danosa. Isso porque a intensidade com a qual se derrubava as árvores fez com que o pau-brasil se tornasse uma espécie escassa no litoral. A árvore quase entrou em extinção, e somente no século XX é que houve uma certa recuperação dela na natureza.

Nota

|1| SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 32.

Créditos da imagem:

[1] Wagner Santos de Almeida e Shutterstock

Por: Daniel Neves Silva

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