O artista goiano Veiga Valle foi um dos mais expressivos do século XIX, tendo se caracterizado por suas esculturas de santos.
José Joaquim da Veiga Valle nasceu em Pirenópolis, em 1806, e faleceu na cidade de Goiás, em 1874. Veiga Valle foi o mais importante dos artistas plásticos goianos do século XIX e um dos mais importantes do Brasil, sobretudo no campo da escultura, tal como o mineiro Aleijadinho.
Veiga Valle era filho de um capitão do exército, Joaquim Pereira Valle, e de Ana Joaquina Pereira da Veiga. Seu desenvolvimento nas artes aconteceu em grande parte de forma autodidata, sem um aprendizado formal e acadêmico em belas-artes, mas se destacaram os ensinamentos do vigário de sua cidade natal, Manuel Amâncio da Luz, com quem aprendeu as primeiras técnicas de pintura, do desenho e da escultura.
Seus trabalhos começaram a ter visibilidade a partir da década de 1830, principalmente as peças que esculpia em madeira, o cedro, especificamente. Uma de suas primeiras esculturas a ficarem famosas foi a da imagem do Divino Pai Eterno, encomendada por devotos. A partir da década de 1840, passou a receber várias encomendas para produzir esculturas para igrejas e também para o estado. Notabilizou-se na estética de estátuas, ou estatuária, e na composição de imagens sacras. Por isso, era também chamado de santeiro.
As principais características da arte de Veiga Valle são os detalhes e os acabamentos de sua estatuária religiosa, que estão, segundo muitos críticos de arte, entre os mais belos do gênero. O estilo de Veiga Valle enquadrou-se, tanto em razão da técnica quanto pela temática, no Barroco do século XVIII – tal como o fazia Aleijadinho – apesar de o estilo predominante do século XIX no Brasil ter sido o Neoclássico.
Segundo o historiador Luís Palacín, Veiga Valle, com “um grau de instrução mínimo, demonstrou grande estudo e conhecimento de estética, de equilíbrio e da anatomia, dando aos seus trabalhos formas leves e esvoaçantes nos panejamentos drapejados em suaves movimentos. Nas feições de suas peças, destaca-se o fino acabamento da carnação, com traços delicados e angelicais”. (MORAES, Maria A. De S.; PALACÍN, Luís. História de Goiás. Goiânia: Ed. UCG, 2001. p. 77)
Veiga Valle nunca saiu da província de Goiás e, apesar de sua vocação ter sido eminentemente direcionada para as artes, ainda veio a ocupar, por diversas vezes, o cargo de deputado provincial e de major da Guarda Nacional. Foi enterrado na cidade de Goiás, no cemitério São Miguel, e deixou como legado ao Brasil um valiosíssimo acervo de sua lavra.
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