Marcha da Família com Deus pela Liberdade

Finalizando com uma missa na Praça da Sé, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade tinha por objetivo se opor ao governo de Jango

A Marcha da Família com Deus pela Liberdade foi uma manifestação organizada inicialmente na cidade de São Paulo, em 19 de março de 1964, ocorrendo em outras capitais posteriormente. Seu objetivo era responder ao comício realizado na Central do Brasil, em 13 de março, no Rio de Janeiro, em que o presidente João Goulart acirrou a defesa de suas Reformas de Base.

Além disso, a manifestação pretendia mostrar o desagrado de setores ligados aos grandes empresários, latifundiários e vertentes políticas conservadoras contra as medidas defendidas pelo presidente, apresentando-as como caminhos para a implantação do comunismo no Brasil.

A organização da Marcha ficou a cargo da Campanha da Mulher pela Democracia (Camde), da União Cívica Feminina, e da Fraterna Amizade Urbana e Rural. Contou ainda com o apoio da Federação da Indústria do Estado de São Paulo (FIESP) e de políticos de proeminência no cenário nacional, como Ademar de Barros, governador de São Paulo, Carlos Lacerda, governador do Rio de Janeiro, e o presidente do senado, Auro de Moura Andrade, sendo que os dois últimos compareceram no dia. Carlos Lacerda fez um discurso convocando os presentes a reagirem contra o governo de João Goulart.

A data de realização do evento – 19 de março – foi escolhida por ser dia de São José, santo católico padroeiro da família. A marcha saiu da Praça da República e se dirigiu à Praça da Sé, no centro da capital paulista, onde foi realizada a missa “pela salvação da democracia” e distribuído o “Manifesto ao povo do Brasil”. A realização da missa e o apoio da FIESP evidenciaram o objetivo em ligar religião e economia, além de apresentar, ao mesmo tempo, o suposto comunismo de João Goulart como ameaça à união familiar e à economia capitalista brasileira. O intuito da Marcha era angariar apoio dos setores mais conservadores da sociedade contra o presidente, empossado em 1961.

O resultado foi alcançado. Com esta manifestação, os militares puderam vislumbrar um apoio popular desses setores da sociedade para a realização do golpe que depôs o presidente em 1 de abril de 1964, instaurando uma ditadura que duraria 25 anos. Várias outras Marchas ainda foram convocadas, mas com o nome de “Marchas da Vitória”, deixando claro o objetivo inicial de pressionar a deposição de João Goulart.

Por: Tales Pinto

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