Lampião

Lampião foi o líder de um grupo de cangaceiros que atuou no Nordeste brasileiro durante as décadas de 1920 e 1930. Foi executado em uma emboscada das tropas volantes.

Lampião foi o cangaceiro mais conhecido da história brasileira.[1]

Lampião é conhecido como o líder do cangaço no Brasil durante as décadas de 1920 e 1930. O cangaço foi um fenômeno de banditismo que se espalhou pelo interior do Nordeste e foi responsável por ataques a cidades, sequestros, entre outras ações. Lampião recebeu esse nome devido a sua destreza no manejo de sua arma.

Lampião nasceu no interior de Pernambuco, aderindo ao cangaço no começo da década de 1920. Tornou-se o grande nome do movimento, sendo visto como herói por muitos que o consideravam um ícone na luta por justiça social. Outros o enxergavam apenas como um bandido que atuava em benefício próprio. Foi morto em 1938 em uma emboscada.

Leia mais: Coluna Prestes — movimento que percorreu o inteirior brasileiro, entre 1924 e 1927, criticando os desmandos do governo

Resumo sobre Lampião

  • Lampião foi o mais famoso cangaceiro no Brasil.

  • Ingressou no cangaço em 1921, sendo líder de seu bando entre 1922 e 1938.

  • O cangaço foi um fenômeno social de banditismo que se espalhou pelo Nordeste brasileiro.

  • Teve uma companheira chamada Maria Bonita e teve uma filha com ela.

  • Morreu em 1938, após ser emboscado pelas tropas volantes em Sergipe.

Videoaula sobre quem foi Lampião

Biografia de Lampião

  • Origem de Lampião

Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido na história brasileira como Lampião, nasceu na cidade de Serra Talhada, localizada no estado de Pernambuco, em 7 de julho de 1897. Sua data de nascimento gera alguma controvérsia, uma vez que diferentes datas já foram apontadas.

No entanto, muitos biógrafos de Lampião consideram a data 4 de junho de 1898 para o ano em que ele nasceu. Isso à parte, Lampião nasceu em uma família de lavradores que tinha uma condição financeira razoável e confortável, apesar do trabalho duro para garantir o próprio sustento.

Lampião foi o terceiro filho do casal formado por José Ferreira dos Santos e Maria Lopes. Seus pais fizeram questão que o seu filho fosse alfabetizado, habilidade que Lampião conseguiu desenvolver bem, no curto período que foi disponibilizado para ela.

Seu pai conseguia sustentar sua família porque havia comprado algumas terras, herdado outras e também por atuar como almocreve. Esse era um trabalho em que uma pessoa conduzia uma caravana puxada por burros que transportavam mercadorias, muito comum no interior do Nordeste.

Lampião também teve esse trabalho durante a sua juventude, estando a serviço de Delmiro Gouveia quando tinha entre 17 e 19 anos. Nessa função, Lampião viajou por quase todo o Nordeste, adquirindo bastante conhecimento sobre o sertão.

  • Tragédia na família de Lampião

A vida de Lampião e de sua família foi radicalmente transformada por uma rivalidade que se iniciou com outra família local. No final da década de 1910, a família de José Alves de Barro, o Zé Saturnino, começou a ganhar projeção política em Serra Talhada. Essa influência foi explorada por Zé Saturnino a fim de tomar as terras da família de Lampião.

A disputa entre as duas partes foi escalando até que o pai de Lampião, José Ferreira, fosse assassinado, em 18 de maio de 1921. Depois que Lampião entrou para o cangaço, ele se voltou contra a família de Zé Saturnino, usando da força de seu bando para vingar-se dos seus inimigos.

  • Entrada de Lampião no Cangaço

Virgulino Ferreira ingressou no cangaço em 1921, dando início a sua trajetória como membro do bando de Sinhô Pereira. Naquela época, Sinhô Pereira era um dos cangaceiros mais temidos do Nordeste, e o sucesso desse bando permitiu que Lampião pudesse prosperar nele. A alcunha de Lampião surgiu nesse fase inicial no cangaço.

Diz-se que Lampião tinha uma capacidade de atirar rapidamente, e a cadência dos seus tiros fazia com que a noite se iluminasse, assim como um lampião. Virgulino sabia muito sobre como viajar no sertão, mas, com Sinhô Pereira, aprendeu a como sobreviver, a esconder os rastros para escapar da polícia, além de saber se comportar durante os confrontos e quais os que deveriam ser evitados.

Em julho de 1922, ele assumiu o comando do bando porque Sinhô Pereira decidiu sair do cangaço. Lampião, então, conduziu uma série de ações para conquistar riqueza. Entre elas estavam:

  • ataque às cidades que passava;

  • solicitação de resgate de objetos de grande valor que ele roubava;

  • extorsão para que não atacasse determinados locais;

  • sequestros etc.

O sucesso de Lampião, ao longo de todos os anos em que ele ficou na liderança de um bando de cangaceiros, não foi possível sem os coiteiros. Estes eram os fazendeiros e moradores das regiões pelas quais Lampião passava e que davam abrigo ao seu bando, do qual foi líder entre os anos de 1922 e 1938.

  • Morte de Lampião

A atuação de Lampião como líder do cangaço fez com que ele se tornasse um temor dos grandes fazendeiros e das autoridades do Nordeste, logo, eliminá-lo tornou-se uma prioridade para essas classes, isso durante o governo de Getúlio Vargas. As forças policiais eram mobilizadas frequentemente para tentar destruir o bando.

A morte do líder aconteceu em 28 de julho de 1938, quando ele foi surpreendido pelas tropas volantes (forças policiais que atuavam contra os cangaceiros) em Angicos, no estado de Sergipe. Fala-se que Lampião foi atingido por três tiros e faleceu logo em seguida. Sua cabeça e a de Maria Bonita foram decapitadas e colocadas em exposição em cidades do Nordeste.

  • Vida pessoal de Lampião

Durante o período em que esteve no cangaço, Lampião conheceu Maria Gomes de Oliveira. Ela era filha de uma família de coiteiros e ficou conhecida como Maria Bonita. Ela abandonou o seu marido para ficar com Lampião, por quem se apaixonou. A adesão de Maria Bonita ao cangaço fez dela a primeira mulher parte desse movimento.

As mulheres eram proibidas no cangaço, prática que mudou com Lampião. Os historiadores apontam que a presença feminina contribuiu para afrouxar as medidas de segurança que eles tomavam frequentemente. Do relacionamento de Lampião com Maria Bonita, nasceu uma filha, Expedita Ferreira Nunes, em 13 de setembro de 1932. Caso queira saber mais sobre esse famoso casal da história do Brasil, leia nosso texto.

Quais eram as causas defendidas por Lampião?

Os historiadores debatem ainda hoje a respeito da postura de Lampião, de qual era a causa que ele defendia e se havia alguma. Muitos apontam que ele era uma figura que usava do banditismo como arma de revolta social contra a pobreza, a desigualdade social, o coronelismo etc. Outros, porém, afirmam que ele usava o banditismo apenas em benefício próprio, visando apenas ao seu enriquecimento, sem se preocupar com as causas sociais

Lampião na cultura popular

Enquanto figura conhecida da história brasileira e o grande expoente de um dos maiores movimentos de banditismo do Brasil, Lampião é abordado de diferentes maneiras na cultura popular. Vejamos alguns casos.

  • Música

Na música, menções a Lampião são encontradas em canções como:

  1. “Monólogo ao pé do ouvido” – Chico Science & Nação Zumbi

  2. “O fim da história” – Gilberto Gil

  3. “Ratamahatta” – Sepultura

  4. “Candeeiro encantado” – Lenine

  5. “Lampião falou” – Luiz Gonzaga

  • Cinema e televisão

  1. Lampião e Maria Bonita – minissérie de 1982

  2. Lampião, o Rei do Cangaço – filme de 1964

  3. Auto da Compadecida – filme de 2000

  • Literatura

  1. Lampião, herói ou bandido – João Firmino Cabral

  2. Lampião, coisas do cangaço – Ronaldo Dória

  3. Capitães da areia – Jorge Amado

Importância de Lampião

Lampião é uma das figuras históricas mais importantes do Brasil, uma vez que liderou um fenômeno que chama a atenção dos historiadores, seja entendido como uma resposta às desigualdades existentes em nossa sociedade, seja como movimento de banditismo. Muitos entendem-no como um símbolo da luta contra as injustiças.

Leia mais: Padre Cícero e sua importância da Revolução Cearense de 1914

Curiosidades sobre Lampião

  • Algumas teorias apontam que Lampião poderia ter sido envenenado.

  • A cabeça de Lampião foi enterrada em 1969.

  • Sua execução finalizou o cangaço, que se enfraqueceu rapidamente.

  • Em 1991, foi realizado um plebiscito em Serra Talhada para consultar a população sobre a construção de uma estátua em homenagem a Lampião. Apesar de o plebiscito ter sido favorável à construção, ela nunca aconteceu.

Créditos da imagem

[1]Benjamin Abrahão Botto e Commons

Fontes

FRANÇA, Raíssa. Oito décadas depois, novas descobertas reacendem debate sobre como morreu Lampião. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-49505229

MATOS, Carmen Alessandra Cabral Mota. O personagem Lampião na Literatura de Cordel: um caminho para o letramento literário. Disponível em: https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/13037/2/CARMEM_ALESSANDRA_CABRAL_MOTA_MATOS.pdf

MENDES, Vinícius. Lampião: homenagem a herói ou bandido? A polêmica estátua que divide cidade pernambucana. Disponível em: Lampião: homenagem a herói ou bandido? A polêmica estátua que divide cidade pernambucana. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-46491014

SÁ, Xico. O primeiro emprego de Lampião antes de virar o rei do cangaço. Disponível em: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/almanaque/historia-o-primeiro-emprego-de-lampiao-que-nao-incluia-matar-inocentes-antes-de-virar-o-rei-do-cangaco.phtml

SARMENTO, Guerhansberger Tayllow Augusto. Virgulino cartografando: relações de poder e territorializações do cangaceiro Lampião (1920-1928). Dissertação de Mestrado: UFRN, Natal, 2019.

WESTIN, Ricardo. Combate a Lampião quase entrou na Constituição de 34. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/arquivo-s/combate-a-lampiao-quase-entrou-na-constituicao-de-34

Por: Daniel Neves Silva

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