Maria Bonita é uma das mulheres mais conhecidas da história brasileira. Foi a primeira mulher a integrar o cangaço após abandonar sua vida para seguir Lampião.
Maria Bonita é uma importante personagem da história brasileira, sendo muito conhecida por ter sido a primeira mulher a integrar o cangaço, o fenômeno de banditismo social que existiu no Nordeste brasileiro entre os séculos XIX e XX. Ela abandonou o seu primeiro marido para seguir Lampião, seu amante e, depois, seu companheiro de vida.
Maria Bonita pertencia a uma família de coiteiros e teve um primeiro casamento frustrado e marcado por traições, agressões e desentendimentos. Conheceu Lampião em 1929, e, no mesmo ano, passou a segui-lo, ingressando no cangaço. Foi morta juntamente de Lampião no ataque que sofreram em Sergipe no ano de 1938.
Resumo sobre Maria Bonita
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Maria Bonita é conhecida como a primeira mulher a integrar o cangaço.
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O cangaço foi um fenômeno de banditismo que se espalhou pelo Nordeste entre os séculos XIX e XX.
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Ela nasceu em uma família de coiteiros e casou-se ainda adolescente em uma união arranjada.
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Abandonou o seu marido para seguir Lampião, seu amante desde 1929.
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Foi morta em Sergipe junto de Lampião, em uma emboscada que sofreram em 1938.
Origem de Maria Bonita
Maria Gomes de Oliveira, mais conhecida na história brasileira como Maria Bonita, nasceu no dia 17 de janeiro de 1910, no povoado Malhada da Caiçara, atualmente parte do município de Paulo Afonso, no estado da Bahia. Ela era filha do casal Maria Joaquina Conceição de Oliveira e José Filipe Gomes de Oliveira.
Existe uma incerteza acerca da data de nascimento de Maria Bonita, uma vez que se acredita que ela poderia ter nascido em 8 de março de 1911; entretanto, uma certidão de nascimento aponta a data 17 de janeiro de 1910.
Vida pessoal de Maria Bonita
A vida de Maria Bonita foi marcada por um casamento ainda quando era adolescente, com 15 anos. Foi obrigada a casar-se com José Miguel da Silva. Sua união com esse homem foi marcada por desentendimentos e brigas. José Miguel a traía constantemente, o que causava ciúmes nela.
Além disso, ela era constantemente agredida pelo marido, que era alcoolista. Conta-se que, após as brigas, Maria Bonita ia para a casa dos seus pais atrás de refúgio, e boatos contam que ela aproveitava essas ocasiões para ir a festas para dançar forró. Existem indícios de que, nessa fase, ela tinha um amante.
Ela não teve filhos em seu primeiro casamento, e abandonou o marido quando Virgulino Ferreira da Silva apareceu em sua vida.
Lampião e Maria Bonita no cangaço
Em 1929, Maria Bonita conheceu Virgulino Ferreira da Silva, marcado na história brasileira como Lampião, o mais famoso cangaceiro que já existiu. Nessa altura, Lampião já era o líder do cangaço, e seu contato com Maria Bonita se deu porque os pais da jovem eram coiteiros, ou seja, davam abrigo para os cangaceiros que passavam por ali.
Os dois iniciaram um romance, e, ainda em 1929, Maria Bonita abandonou o casamento, porque Lampião a chamou para fugir com ele, e entrou para o cangaço. Maria Bonita tornou-se então cangaceira, passando os últimos oito anos de sua vida acompanhando as andanças de Lampião e o seu bando de cangaceiros.
Ela recebeu a alcunha de Rainha do Cangaço porque foi a primeira mulher a aderir ao movimento, abrindo caminho para que outras mulheres fizessem parte do bando. É importante mencionar, no entanto, que o papel das mulheres no cangaço ainda era bastante secundário, e as regras dos cangaceiros para as mulheres eram machistas.
A realidade no cangaço era dura para Maria Bonita e outras mulheres, obrigadas a caminharem horas sem parar, sob o Sol escaldante, e, muitas vezes, passavam por longos períodos sem uma alimentação adequada. O descanso era pouco e o tratamento que muitas mulheres recebiam era duríssimo. Maria Bonita entrou para o cangaço por escolha própria, mas muitas mulheres aderiam ao bando de Lampião porque eram sequestradas pelos cangaceiros.
Entre os cangaceiros, ela era conhecida como Maria de Déa e por ter uma personalidade forte. Os relatos contam que as brigas com seu marido Lampião aconteciam quando ele ficava muito tempo fora do acampamento, o que sugere que Maria Bonita tinha ciúmes dele. Os ciúmes eram justificados porque Lampião a traía constantemente.
Maria Bonita, assim como outras mulheres no cangaço, teve um papel secundário, reservado às mulheres em ambientes marcados pelo machismo, como o cangaço. Além disso, Maria Bonita, muitas vezes, dava força ao machismo e apoiava as punições dadas às mulheres adúlteras: a morte.
Fala-se também que ela ajudou Lampião a torturar algumas das vítimas do bando de cangaceiros, incluindo mulheres, mas também impediu que ele matasse muitas pessoas. Por causa dos assaltos que os cangaceiros cometiam, Maria Bonita ficou conhecida por usar roupas sofisticadas para a região e sempre usava muitas joias.
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Filhos de Lampião e Maria Bonita
Apesar dos conflitos, os historiadores reforçam a narrativa de que Maria Bonita e Lampião eram verdadeiramente apaixonados um pelo outro. Dessa relação nasceu uma filha, em 1932, chamada Expedita Gomes de Oliveira Ferreira, que foi entregue a um casal de coiteiros que assumiu a função de pais de criação.
A jovem Expedita viu pouquíssimas vezes os seus pais durante a infância, uma vez que eles não podiam vê-la com grande frequência e também porque morreram quando Expedita ainda era uma criança. Depois dos oito anos de idade, a menina foi entregue para que seu tio, João Ferreira, a criasse.
Muitos boatos surgiram sobre Maria Bonita ter sido mãe de gêmeos, mas nunca houve comprovação desse fato.
Morte de Maria Bonita
Em 27 de julho de 1938, Maria Bonita, Lampião e os outros membros do bando estavam escondidos na fazenda Angicos, em Poço Redondo, no estado de Sergipe. Na madrugada do dia 28, eles foram emboscados pelas tropas volantes (forças policiais que migravam pelo Nordeste combatendo os cangaceiros).
Em seguida, ela foi decapitada e sua cabeça foi colocada em exposição por diversas cidades nordestinas. Encerrava-se tragicamente a trajetória da mulher conhecida como a Rainha do Cangaço. aos 28 anos de idade. morrendoMaria Bonita foi atingida por dois tiros,
Significado do nome Maria Bonita
Os historiadores apontam que Maria Bonita não era conhecida assim em vida, pois, no bando de Lampião, seu nome era Maria de Déa. A alcunha Maria Bonita lhe foi atribuída depois que ela foi morta, e atribui-se o fato a um soldado que se referiu a ela dessa forma por não saber o seu nome e por achá-la bonita. O nome se popularizou e se espalhou com a ajuda da imprensa.
Importância de Maria Bonita no cangaço
Maria Bonita é uma figura de enorme importância na história brasileira pelo seu papel como a primeira mulher a integrar um bando de cangaceiros. Embora fosse conivente com os valores machistas do cangaço, recebeu a fama de ser uma mulher de personalidade e que abriu portas para que outras integrassem o cangaço. Além disso, foi a companheira do mais famoso cangaceiro no Brasil.
Maria Bonita na cultura popular
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Música
Na música brasileira são encontradas menções a Maria Bonita em algumas canções, como:
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Maria Cangaceira – Luiz Gonzaga
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Acorda, Maria Bonita – Volta Seca
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Maria Bonita – MC Tha
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Cinema e televisão
No cinema, as referências à Maria Bonita são:
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Maria Bonita, rainha do cangaço – filme de 1968
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Lampião e Maria Bonita – filme de 1982
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Literatura
Na literatura, ela é mencionada em algumas obras, como:
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Maria Bonita, a eleita do rei – de Gonçalo Ferreira da Silva
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Lampião e Maria Bonita, celebridades do cangaço – de Gonçalo Ferreira da Silva
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O amor cangaceiro de Lampião e Maria Bonita – de Vicente Campos Filho
Curiosidades sobre Maria Bonita
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Existe um museu dedicado à memória de Maria Bonita na cidade de Paulo Afonso (BA).
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Era conhecida por ser uma pessoa de riso solto e espalhafatosa.
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Maria Bonita sempre portava as joias que ganhava de Lampião.
Créditos da imagem
[1]Commons e Benjamin Abrahão Botto
Fontes
ARAÚJO, Wilma Antunes de. Maria Bonita no imaginário do cordel: um estudo semântico-cultural. Disponível em: http://dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/17769/1/PDF%20-%20Wilma%20Antunes%20de%20Ara%c3%bajo.pdf
AVENTURAS NA HISTÓRIA. Eterna rainha do cangaço: 5 fatos sobre Maria Bonita. Disponível em: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/almanaque/historia-maria-bonita-cangaco.phtml
CLAUDINO, Nadja Claudinale da Costa. As escritas de uma vida: discursos sobre a cangaceira Maria Bonita (1930-1938). Disponível em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/11882/1/Arquivototal.pdf
OLIVEIRA, Joana. Maria Bonita não é ícone feminista, mas é pop. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/09/19/actualidad/1537379793_101741.html