Juscelino Kubitschek

Juscelino Kubitschek foi presidente do Brasil entre os anos de 1956 e 1960, promovendo desenvolvimento da indústria e transferindo a capital federal para Brasília.

Juscelino Kubitschek governou o Brasil entre 1956 e 1960, promovendo grandes transformações, como a construção de Brasília, a nova capital federal.

Juscelino Kubitschek foi um político mineiro de grande destaque na história recente do Brasil. Ele começou sua carreira política como deputado estadual. Logo em seguida, foi prefeito de Belo Horizonte, governador de Minas Gerais, e, em 1955, elegeu-se presidente da república. Seu governo foi marcado pelo Plano de Metas, que pretendia desenvolver o país “50 anos em 5”.

Kubitschek foi responsável por transferir a capital federal do Rio de Janeiro para Brasília. Ao término do seu mandato, ele se elegeu senador por Goiás, mas teve o mandato e os direitos políticos cassados após o Golpe de 1964. Kubitschek morreu em um acidente de carro, na Via Dutra, em 1976.

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Resumo sobre Juscelino Kubitschek

  • Nasceu em Diamantina, em 12 de setembro de 1902, no interior de Minas Gerais, onde fez seus estudos iniciais.

  • Em 1927, ele se formou em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais e atuou como médico na Revolução Constitucionalista de 1932.

  • Assumiu a prefeitura de Belo Horizonte, na década de 1940, realizando grandes obras públicas, como o Complexo da Pampulha.

  • No governo de Minas Gerais, investiu na indústria e na energia por meio da construção de usinas hidrelétricas.

  • Foi presidente da república entre 1956 a 1960, desenvolvendo a indústria automobilística e construindo Brasília, a nova capital federal.

  • Em 1961, foi eleito senador por Goiás e teve o mandato e os direitos políticos cassados pelos militares em 1964.

  • Morreu em 22 de agosto de 1976, em um acidente de carro, na Via Dutra.

Videoaula sobre Juscelino Kubitschek

Primeiros anos e juventude de Juscelino Kubitschek

Juscelino Kubitschek de Oliveira nasceu em 12 de setembro de 1902, na cidade mineira de Diamantina. Ele foi o segundo filho do casal João de Oliveira e Júlia Kubitschek. Seu pai era caixeiro viajante e sua mãe, professora primária. João de Oliveira morreu de tuberculose pouco tempo depois do nascimento de Juscelino. Sua mãe ficou responsável pela educação dos dois filhos e pelo orçamento da casa.

Desde criança, Juscelino mostrou sua predileção pela Medicina, porém, por falta de recursos, sua mãe o matriculou em uma escola religiosa, em Diamantina. Assim que concluiu os estudos, ele se mudou para Belo Horizonte para fazer o curso de Medicina. Os custos na capital foram bancados por meio do seu trabalho como telegrafista. Foi nessa época que ele conheceu José Maria Alkmin, que futuramente seria seu ministro da Fazenda.

Juscelino se formou em 1927, e, três anos depois, viajou para Paris a fim de fazer especialização em urologia. Nesse período em que esteve na França, Kubitschek conheceu alguns artistas que trabalhariam com ele nas suas administrações, como o pintor Cândido Portinari. Ele voltou para o Brasil em 1931 e se casou com Sarah Lemos. Juscelino Kubitschek abriu seu consultório em Belo Horizonte com o colega de curso Júlio Soares.

Carreira política de Juscelino Kubitschek

Em 9 de julho de 1932, começou em São Paulo a Revolução Constitucionalista. Os paulistas pegaram em armas contra o Governo Provisório de Getúlio Vargas. Os mineiros ficaram do lado do governo e entraram em guerra contra os paulistas próximo ao vale do Paraíba. Juscelino Kubitschek atuou nesse conflito como médico e conheceu Benedito Valadares. A atuação do médico chamou a atenção do político.

Em 1933, com a morte de Olegário Maciel, Valadares foi nomeado interventor federal por Getúlio Vargas e não se esqueceu de Juscelino Kubitschek, que foi convidado para ser seu chefe de gabinete. No entanto, Kubitschek recusou o convite por causa da sua esposa, que não queria vê-lo na política, como pela sua carreira médica, que estava se consolidando. Apesar da negativa inicial, Benedito Valadares conseguiu convencê-lo a assumir o cargo.

No cargo, Kubitschek conseguiu investir em sua cidade natal. Diamantina teve seus prédios históricos preservados bem como pontes construídas para facilitar o seu acesso a outras regiões do estado. Mesmo trabalhando no governo mineiro, Kubitschek continuava atuando em seu consultório. Em 1934, ele se elegeu deputado federal e se mudou para o Rio de Janeiro.

Entretanto, achava enfadonhos os debates parlamentares e estava mais presente em Minas Gerais fortalecendo o Partido Progressista no interior. Aproximando-se as eleições presidenciais de 1938, Kubitschek apoiou a candidatura de José Américo. No entanto, em 10 de novembro de 1937, Getúlio Vargas deu um golpe de estado, implantando a ditadura do Estado Novo, e as eleições foram canceladas. Esse gesto fez com que JK se afastasse da política e investisse totalmente em seu consultório.

A sua saída da política não seria por muito tempo. Novamente Benedito Valadares o procurou, e, em 1940, Kubitschek foi nomeado prefeito de Belo Horizonte, seu primeiro desafio no Executivo. O novo prefeito percebeu que deveria tratar a capital mineira como um paciente, e sua gestão o lançaria definitivamente na política. Kubitschek abriu novas e largas avenidas e construiu o Complexo da Pampulha, que contou com a participação do arquiteto Oscar Niemeyer e do pintor Cândido Portinari.

Com a deposição de Getúlio Vargas, em 1945, os interventores federais e seus nomeados foram destituídos de seus cargos. Kubitschek deixou a prefeitura de Belo Horizonte e voltou a atender em seu consultório médico. Um ano depois, ele foi eleito deputado constituinte, pelo PSD, e ajudou na elaboração da nova Constituição brasileira. Em 1950, Juscelino Kubitschek se lançou candidato ao governo de Minas Gerais.

Ele derrotou Gabriel Passos, seu concunhado. À frente do governo mineiro, JK implantou uma política desenvolvimentista, abrindo rodovias, construindo usinas hidroelétricas e incentivando a industrialização. Em sua administração foi criada a Companhia Energética de Minas Gerais.

Veja também: Brasil 1958: um país eufórico

Eleição presidencial

Ao aproximarem-se as eleições presidenciais de 1955, Juscelino Kubitschek colocou seu nome à disposição do seu partido para concorrer ao pleito. Sua candidatura foi oficializada em fevereiro do mesmo ano e teve como slogan “50 anos em 5”. Kubitschek iniciou sua campanha por Jataí (GO). Ao discursar para seus ouvintes que cumpriria a Constituição artigo por artigo, ele foi perguntado se cumpriria o dispositivo transitório que tratava da transferência da capital federal do Rio de Janeiro para o Planalto Central. O candidato afirmou que, se tal dispositivo estava na Carta, ele o cumpriria e, caso fosse eleito, construiria a nova capital federal.

Em 3 de outubro ocorreram as eleições, e Juscelino elegeu-se presidente da república, com 35% dos votos. A oposição não aceitou o resultado alegando que o vencedor não obteve a maioria absoluta, mas a Constituição exigia a maioria simples para declarar o vencedor. Apesar das tentativas de evitar a posse do novo presidente, uma intervenção do marechal Henrique Teixeira Lott assegurou a posse do eleito legítimo. Com JK, elegeu-se João Goulart para vice-presidente, pelo PTB.

Juscelino Kubitschek como presidente do Brasil

Juscelino Kubitschek tomou posse no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, em 31 de janeiro de 1956. Seu governo foi marcado pelo investimento na indústria automobilística e de utensílios domésticos. Seu Plano de Metas pretendia cumprir a promessa de campanha de desenvolver o Brasil “50 anos em 5”. A meta síntese do plano era a construção de Brasília, a nova capital do país no Planalto Central.

Outra medida adotada em seu governo foi a interiorização do Brasil. Juscelino Kubitschek investiu na construção de estradas que ligariam o país todo até o Planalto Central, onde estava sendo construída a nova capital, e as outras regiões do país. Ele criou a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) para incentivar o desenvolvimento econômico do sertão nordestino.

Para construir Brasília, o presidente contou com a participação do engenheiro Israel Pinheiro e dos arquitetos Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. O Plano Piloto traçado no formato de um avião e os prédios públicos desenhados em curvas mostravam a modernidade de Brasília. JK prometeu transferir o poder para o novo presidente na nova capital federal.

A oposição se aliou a militares golpistas e tentou, em duas ocasiões, depor o presidente. As revoltas de Aragarças e Jacareacanga expuseram o descontentamento de uma parcela das Forças Armadas com a classe política. Em ambas as revoltas, JK concedeu a anistia aos seus participantes, uma demonstração de que optava pelo entendimento e diálogo ao invés do uso da força.

Em 21 de abril de 1960, Brasília era inaugurada. Inúmeros chefes de estado participaram dos festejos. O Rio de Janeiro deixava de ser capital federal e se transformava em estado da Guanabara.

Brasília foi construída e inaugurada durante o governo Juscelino Kubitschek (1956-1960).[1]

Juscelino Kubitschek após a presidência

Juscelino Kubitschek deixou a presidência da república em 31 de janeiro de 1961. Ele cumpriu sua promessa de fazer a transição do poder em Brasília. Ao encerrar o seu governo, seus apoiadores começaram a campanha pelo seu retorno à presidência cinco anos depois. Era o “JK-65”.

Sem cargo político, Kubitschek se aproveitou de uma manobra que seu partido fez para que conseguisse se candidatar ao Senado por Goiás. Em 1961, em uma eleição extemporânea, o ex-presidente se elegeu senador pelo estado que recebeu a nova capital federal em seu território. No Parlamento, Kubitschek teria espaço para responder as críticas que seus opositores fizeram, como o presidente Jânio Quadros, bem como para iniciar as articulações para a sua campanha eleitoral em 1965.

Quando as tropas do marechal Olympio Mourão saíram de Juiz de Fora (MG) em direção ao Rio de Janeiro, na madrugada de 31 de março de 1964, Juscelino Kubitschek se encontrou com o presidente João Goulart para aconselhá-lo a emitir duas notas públicas: uma, ao povo brasileiro, repudiando o comunismo, e outra, às Forças Armadas, garantindo que, na sua condição de comandante em chefe das três forças, respeitaria a hierarquia militar. Contudo, Jango não atendeu aos conselhos do ex-presidente e acabou deposto pelo golpe.

Na condição de senador da república, JK participou do Colégio Eleitoral que elegeu o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco como o novo presidente da república que, a princípio, cumpriria o tempo restante do mandato de Jango. O senador votou no marechal, pois acreditava que o novo governo garantiria as eleições presidenciais de 1965.

A linha dura militar, liderada pelo marechal Arthur da Costa e Silva, pressionou Castelo Branco a cassar o mandato e os direitos políticos de Juscelino Kubitschek. Tal fato se consumou em 9 de junho de 1964. Sua cassação foi considerada no meio político como um aviso de que não apenas comunistas ou integrantes do governo deposto seriam alvo de cassações e perseguições.

Fora do Parlamento, JK foi alvo de inúmeros Inquéritos Policiais Militares e teve que prestar depoimentos na sede da polícia do exército, no Rio de Janeiro. Seu advogado foi Heráclito Sobral Pinto, histórico defensor dos Direitos Humanos durante a ditadura do Estado Novo.

Os militares de baixa patente, querendo impressionar seus superiores, não respeitaram o ex-presidente e o submeteram a humilhações e depoimentos por longas horas. Percebendo que o interesse dos IPM era humilhá-lo, Kubitschek decidiu sair do Brasil e viver na Europa. Ele também passou uma temporada nos Estados Unidos, onde participou de palestras em universidades sobre a situação vivida pelo Brasil em meados dos anos 1960.

Apesar de não ter tido eleição presidencial, em 1965, foram realizadas eleições estaduais em 11 estados. Dois deles eram peças-chave para os militares: Minas Gerais e Guanabara — dois estados governados por dois líderes que não somente apoiaram o golpe como também se colocaram como sucessores civis de Castelo Branco: Magalhães Pinto e Carlos Lacerda. Por conta das arbitrariedades políticas e da recessão econômica, o novo governo militar se tornou impopular e isso se materializou nas eleições estaduais.

Os mineiros e os cariocas elegeram, respectivamente, Israel Pinheiro e Negrão de Lima como seus governadores. Juscelino Kubitschek, cansado do exílio e desejoso por voltar para o seu país, desembarcou no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, um dia depois do fechamento das urnas, pois não queria ser acusado de interferir no resultado eleitoral. Entretanto, a vitória de Pinheiro e Negrão, dois políticos ligados ao ex-presidente, só aumentou a rejeição militar contra ele.

Em 1966, uma aliança política inimaginável aconteceria. Carlos Lacerda, fora do poder e rompido com os militares, viajou até Portugal para se encontrar com Juscelino Kubitschek. Os dois desafetos abandonaram as divergências políticas para organizar uma aliança política que fortalecesse as lideranças civis, marginalizadas pelo Golpe de 1964. Surgia a Frente Ampla, que buscava restaurar a democracia e garantir o desenvolvimento econômico do Brasil.

Em 1967, Lacerda se reuniu com o ex-presidente João Goulart, que estava exilado no Uruguai, para também integrar a frente. Os três líderes decidiram unir forças e desafiar os militares, porém a Frente Ampla foi fechada pelo governo.

Com a publicação do Ato Institucional número 5, Juscelino Kubitschek foi preso. Ele saía do Theatro Municipal, no Rio de Janeiro, onde participou de uma colação de grau, e foi conduzido pelos militares até o Forte de Copacabana, onde permaneceu detido. Por causa do seu estado de saúde, o ex-presidente foi para a prisão domiciliar.

Veja também: Principais fatos e características da história das eleições no Brasil

  • Morte de Juscelino Kubitschek

Poucos dias antes da sua morte, circulou nas redações dos jornais uma notícia falsa sobre a morte de Juscelino Kubitschek. Logo ela foi desmentida, mas gerou desconfiança sobre a segurança do ex-presidente. No dia 22 de agosto de 1976, Juscelino Kubitschek viajou de São Paulo para o Rio de Janeiro de carro com seu motorista, Geraldo Ribeiro. No quilômetro 165 da Via Dutra, o carro se chocou com uma carreta. O ex-presidente morreu na hora. Ainda se questiona a participação de militares da ditadura no acidente, mas sem comprovação.

Logo após a sua morte, sua esposa, Sarah Kubitschek, decidiu construir um memorial em Brasília para preservar a memória do ex-presidente. O projeto arquitetônico ficou a cargo de Oscar Niemeyer. O Memorial JK foi inaugurado em 1981 e guarda, além de objetos pessoais, os restos mortais do ex-presidente.

Carlos Lacerda, seu antigo desafeto, escreveu para a Folha de São Paulo sobre a morte do ex-presidente:

“O acidente em que morreu o presidente Juscelino repõe a verdade perante a nação. Pois recorda, brutalmente, que, no Brasil, Juscelino foi a prova de que a democracia, tanto quanto necessária, é possível. Seus erros não foram maiores do que os praticados pelos que renegaram seus compromissos com a democracia. Seus acertos, sim, foram muito maiores. Na desgraça, ele cresceu. E na própria morte, deixou uma lição, a de que é impossível, isso sim, substituir líderes autênticos por praticantes da arte de adular e das astúcias banais de que qualquer intrigante é capaz. (...) Combatê-lo foi difícil, precisamente por que ele em vez de se vingar, procurava compreender.”

Crédito da imagem

[1] Box Lab / Shutterstock

Por: Carlos César Higa

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