João Baptista Figueiredo foi o último presidente militar do Brasil. Governou de 1979 a 1985, no período da abertura lenta e gradual do país rumo à democratização.
João Baptista Figueiredo foi presidente do Brasil entre 1979 e 1985. Participou, portanto, do processo de abertura lenta e gradual do país, após 21 anos de ditadura militar.
Vindo de uma família militar (pai e avô), ingressou em colégios, escolas e academias militares a partir dos 11 anos de idade. Seguiu ganhando novas e mais altas patentes, constituindo uma sólida carreira militar.
Na política, foi indicado pelo seu antecessor, Ernesto Geisel, para assumir a presidência. Seu governo foi marcado por greves, principalmente no ABC Paulista, Movimento pelas Diretas Já e por atentados terroristas efetivados pelos próprios militares que não concordavam com a democratização. Figueiredo tinha personalidade explosiva e, por isso, foi autor de frases emblemáticas.
Leia também: Golpe de 1964 — o movimento que deu início à Ditadura Militar no Brasil
Resumo sobre João Figueiredo
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João Baptista Figueiredo foi o último presidente da ditadura militar brasileira.
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Nasceu no Rio de Janeiro e veio de uma família de militares e políticos (pai e avô).
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Foi casado durante 57 anos com Dulce Figueiredo, com quem teve 2 filhos.
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Ascendeu na carreira militar ao longo dos anos e exerceu cargos governamentais importantes, sobretudo na ditadura.
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Trabalhou no Conselho de Segurança Nacional durante o governo Jânio Quadros.
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Ajudou a arquitetar e participou do Golpe Militar de 1964, que instaurou 21 anos de governo autoritário no Brasil.
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Participou diretamente de todos os governos militares.
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Foi “eleito” presidente pelo Colégio Eleitoral formado pelos dois únicos partidos legalizados pela ditadura: MDB e Arena. Governou de 1979 a 1985.
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Seu governo enfrentou uma grave crise econômica e foi também o período de reabertura política do país, conduzida por ele e por outros oficiais de maneira lenta e gradual.
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Morreu em 1999, de insuficiência renal e cardíaca, em São Conrado, Rio de Janeiro. Seus netos ainda hoje estampam os jornais.
Biografia de João Figueiredo
João Baptista Figueiredo – ou apenas João Figueiredo – foi o último presidente militar do Brasil. Natural do Rio de Janeiro, nasceu em 15 de janeiro de 1918.
Seu pai e seu avô eram militares e políticos. O pai, Euclides de Oliveira Figueiredo, foi um general que travou forte oposição a Getúlio Vargas e liderou a Revolução Constitucionalista (1932). Foi preso e enviado ao exterior como anistiado junto com sua família, que percorreu Portugal e Argentina nessa condição.
Ele retornou ao Brasil em 1934 e apenas 4 anos depois, foi preso novamente, dessa vez, pelo Estado Novo. Euclides só retomou a carreira política com o fim desse regime, quando foi eleito Deputado Federal em 1945. Já seu avô, que também se chamava João Baptista Figueiredo, lutou na Guerra do Paraguai e foi servidor do Tesouro Nacional durante o período do Brasil Império.
O presidente João Figueiredo foi casado, desde 1942 até sua morte, em 1999, com Dulce Figueiredo, com quem teve 2 filhos: Paulo Renato de Oliveira Figueiredo e João Batista Figueiredo Filho.
Carreira militar de João Figueiredo
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Em 1929, aos 11 anos, entrou para o Colégio Militar de Porto Alegre;
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Mudou-se para o Colégio Militar do Rio de Janeiro;
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Em 1935, entrou para a Escola Militar de Realengo;
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Em 1937, saiu da escola como aspirante, tendo sido o 1º aluno;
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Em 1940, tornou-se primeiro-tenente;
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Em 1944, virou capitão;
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Em 1952, foi promovido a major;
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Em 1953, finalizou o curso da Escola do Estado Maior do Exército;
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De 1955 a 1957, integrou a Missão Militar Brasileira no Paraguai;
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Em 1956, tendo sido o primeiro nos cursos militares, ganhou a medalha Marechal Hermes;
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Em 1958, tornou-se tenente-coronel;
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Em 1959 e 1960, trabalhou no Estado Maior do Exército;
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Em 1961, ainda no governo de Jânio Quadros, trabalhou na Secretaria Geral do Conselho de Segurança Nacional;
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Em 1964, foi promovido a coronel;
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No mesmo ano (1964, ano também do Golpe Militar), foi nomeado para o Serviço Nacional de Informações (SNI) da agência do Rio de Janeiro;
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Em 1966, assumiu o comando da Força Pública de São Paulo;
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De 1967 a 1969, comandou o Regimento de Cavalaria de Guardas do Rio de Janeiro;
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Em 1969, foi promovido a general de brigada;
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Posteriormente, se tornou chefe do Estado Maior do III Exército;
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Em seguida, chefiou o gabinete militar do então presidente Médici;
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Em 1974, foi promovido a general de divisão;
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De 1974 a 1978, assumiu a chefia do SNI;
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Foi presidente do Brasil de 1979 a 1985, durante a Ditadura Militar, eleito indiretamente por indicação de outros militares que estavam no poder.
Leia também: Governo Castello Branco e o início da ditadura
João Figueiredo como Presidente da República
João Figueiredo tornou-se presidente por indicação de Ernesto Geisel, seu antecessor no Colégio Eleitoral. Como o período era de Ditadura Militar, a população não votava. A eleição era feita entre os próprios militares, divididos em MDB e Arena, os únicos partidos políticos permitidos no Brasil, na época. Figueiredo tomou posse em março de 1979.
Governo João Figueiredo
O governo de João Figueiredo durou de março de 1979 a março de 1985. Quando assumiu, o presidente deu continuidade à já esboçada abertura política, que vinha acontecendo desde 1978, com a revogação do AI-5, por exemplo. Seu governo foi marcado por altos índices de inflação, o que gerou manifestações populares e sindicais.
Era o momento do surgimento das famosas greves de metalúrgicos do ABC Paulista, de onde despontou a liderança de Luís Inácio Lula da Silva. O governo militar não deixou as greves por menos, reprimindo violentamente os movimentos, intervindo nos sindicatos e destituindo suas direções.
Foi no período de gestão de Figueiredo que foi sancionada a Lei da Anistia (agosto de 1979), que permitia que políticos, artistas e demais membros da população que estavam exilados voltassem ao país. Junto com eles, conseguiram a anistia também aqueles que haviam matado e praticado a tortura desde 1964, ou seja, os governantes ditadores e membros da segurança pública.
Em novembro daquele mesmo ano, foi iniciada a reforma partidária. Os partidos MDB e Arena foram extintos e o pluripartidarismo voltou a ser aceito, surgindo vários deles. PMDB, PDT e PT representavam a oposição e PDS, os apoiadores do governo ditatorial. As eleições diretas foram retomadas, mas apesar de terem sido aprovadas em 1980, só entrariam em vigor em 1982, nas votações para governador.
Entre os militares, não havia consenso quanto à reabertura política. Por isso, os chamados “linha-dura” passaram a arquitetar atentados, sequestros e cartas-bombas. Uma dessas correspondências foi endereçada à OAB e feriu, ao ponto de mutilar, funcionários dessa instituição. Enviadas à Câmara do Rio, uma delas explodiu matando uma secretária que nada tinha a ver com os conflitos.
Também havia bombas em bancas de jornal. A mais famosa ação desse terrorismo de Estado foi o Atentado do Rio Centro que aconteceu em 1981, durante um festival musical com mais de 20 mil pessoas, em comemoração ao Dia dos Trabalhadores. A intenção era colocar a culpa na oposição e, assim, justificar a necessidade de manutenção da ditadura. No entanto, o explosivo acabou sendo detonado antes da hora, matando um general e um capitão.
Esse episódio ocasionou uma crise política no governo Figueiredo, a ponto de Golbery, general que estava em postos de comando desde o governo Geisel, pedir demissão. A imprensa acusava os militares pelo atentado, que poderia ter tomado proporções gigantescas, causando mortes de milhares de civis; enquanto isso, os próprios militares se “autojulgaram”, dizendo-se vítimas de uma armadilha. Coincidentemente, nenhuma outra ação como essa aconteceu mais. Na opinião do presidente Figueiredo, essas eram ações realmente realizadas por militares linha-dura ou, em suas palavras “radicais”.
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Videoaula sobre o governo de João Figueiredo
Economia durante o governo de João Figueiredo
Economicamente, o governo Figueiredo foi marcado por uma inflação exorbitante, que passou de 45% a 230% ao ano. Sem contar que também havia altas taxas de juros internacionais, pelo que ele reclamou até mesmo na Assembleia Geral da ONU.
O país tinha uma dívida internacional muito grande, já que o crescimento econômico de governos anteriores, mesmo antes da ditadura (mas agravada nela), esteve sempre baseado em empréstimos da ordem de um capitalismo dependente. Foi no governo Figueiredo que essa dívida bateu o recorde de 100 bilhões de dólares. Era a ressaca do Milagre Econômico, chegando poucos anos depois.
Em 1982, o FMI (Fundo Monetário Internacional), controlado pelos EUA, foi solicitado para mais empréstimo. A relação dos governos militares com os norte-americanos foi, durante todos os 21 anos de regime autoritário, bastante amistosa.
Foi só no último ano de seu governo que a economia foi um pouco recuperada, com o PIB atingindo 7% e um pouco mais de equilíbrio na balança comercial (importação e exportação).
Para a recuperação da economia no campo, Figueiredo e seu ministro Delfim Neto propuseram o projeto de slogan peculiar chamado “Plante que o João garante!”, que visava oferecer incentivos governamentais à agricultura. Esse plano mostrou-se falível e levou pequenos e médios produtores à míngua, devido à concorrência com os grandes que, além de tudo, também passaram a receber esses incentivos.
Vale lembrar que tal medida se deu no final da década de 1970 e início dos anos 1980, quando o mundo passava pelo que ficou conhecido como Revolução Verde, que era, basicamente, uma forma de modernizar o campo com maquinário. Todavia, no Brasil, quem tinha condições de comprar ou mesmo alugar um trator, por exemplo, eram os grandes proprietários e latifundiários.
Outras medidas econômicas de seu governo foram:
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criação do Projeto Grande Carajás, que estabeleceu planos de mineração e beneficiamento de minérios;
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abertura de fronteiras agrícolas, principalmente no Centro-Oeste e Norte;
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e instalação de grandes infraestruturas de produção energética – inclusive, dando prosseguimento à instalação da usina nuclear de Angra dos Reis.
O Grande Carajás, especialmente no que diz respeito às questões do campo, foi chamado pelo governo de “grande reforma agrária no Norte”, no entanto, passou ao largo disso. Figueiredo ainda criou a Companhia Brasileira de Trens Urbanos, em 1984 e estabeleceu reajuste salarial a cada 6 meses no salário mínimo, que não foi cumprido considerando o grande avanço da inflação.
Pós-governo
Após o governo de João Figueiredo, ocorreu a abertura política do Brasil. Tancredo de Neves assumiria a presidência, mas pouco antes da posse, foi acometido por uma diverticulite de Meckel que o levou à morte. Em seu lugar, assumiu José Sarney, seu vice.
O fim da ditadura militar
O fim da ditadura militar no Brasil se deu de maneira lenta e gradual. Além disso, foi totalmente controlada pelos próprios militares através de suas reformas.
Em 1983 foi iniciada a campanha Diretas Já, que exigia o direito ao voto no Brasil inteiro. Esse movimento atingiu seu ápice de adesões e manifestações de rua em 1984. Naquele ano, seria votada a emenda Dante de Oliveira, que garantiria que a população votasse para presidente. Porém, a medida não atingiu os 2/3 de votos necessários na Câmara dos Deputados e foi derrotada, mesmo tendo constituído maioria.
Com isso, a oposição que estava dentro do Colégio Eleitoral se organizou para eleger Tancredo Neves, mesmo em eleições ainda fechadas. Tancredo venceu Maluf, do PDS, que representava os militares, mas morreu antes de tomar posse do governo.
João Figueiredo não foi à posse do novo presidente e se negou a entregar a faixa presidencial a Sarney. Saiu pelos fundos do Palácio do Planalto e proferiu mais uma de suas frases alegóricas: “Espero que me esqueçam”.
Para saber mais sobre o fim do governo Figueiredo e o fim da ditadura, leia: Governo Figueiredo e o fim da ditadura.
Morte de João Figueiredo
João Figueiredo faleceu no dia 24 de dezembro de 1999, de insuficiência renal e cardíaca. Seu túmulo está no Rio de Janeiro, no Cemitério do Caju. Ele viveu, com a esposa até a morte, no apartamento do casal em São Conrado, Rio de Janeiro.
Frases de João Figueiredo
João Figueiredo era apontado como mal-humorado e de temperamento explosivo, o que gerava algumas frases|1| emblemáticas, tais como:
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“Quem for contra a abertura, eu prendo e arrebento.”
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“Prefiro cheiro de cavalo do que cheiro de povo.”
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“Se ganhasse salário mínimo, eu dava um tiro no coco.”
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“Estou fazendo uma força desgraçada para ser político, mas não sei se vou me sair bem: no fundo o que gosto mesmo é de clarim e de quartel.”
Notas
|1| Disponível em memoriasdaditadura.org.br.