Itamar Franco foi um importante político brasileiro e teve atuação destacada no período da redemocratização do Brasil. Foi presidente e promoveu o Plano Real.
Itamar Franco foi um político brasileiro que iniciou sua carreira em Juiz de Fora e tornou-se um dos nomes mais importantes do Brasil e de Minas Gerais. Foi eleito vice-presidente em 1989 e assumiu a presidência quando Collor sofreu impeachment, em 1992. Na presidência, formou a equipe que elaborou o Plano Real.
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Resumo
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Itamar Franco nasceu em alto-mar, foi registrado na Bahia, mas cresceu em Minas Gerais.
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Ingressou na política na década de 1950 pelo PTB.
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O primeiro cargo de Itamar Franco na política foi como prefeito de Juiz de Fora.
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Apoiou as Diretas Já e participou da elaboração da Constituição de 1988.
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Tornou-se presidente depois que Collor sofreu impeachment em 1992.
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Formou a equipe do Ministério da Fazenda que elaborou o Plano Real.
Juventude de Itamar Franco
Itamar Augusto Cautiero Franco nasceu em 28 de junho de 1930, e a origem de seu nascimento é polêmica. Isso se deve ao fato de que Itamar Franco nasceu em alto-mar quando sua mãe fazia uma viagem de navio do Rio de Janeiro até Salvador. Por conta disso, o nascimento dele foi registrado em Salvador no mesmo dia.
Sobre o nascimento de Itamar Franco, também existem algumas informações divergentes que afirmam que ele pode ter nascido em 1929 ou 1931, mas a maioria dos estudiosos considera mesmo o ano de 1930. A mãe de Itamar Franco era Itália Cautiero Franco e, apesar da viagem a Salvador, ela criou seu filho em Juiz de Fora, Minas Gerais.
Itamar Franco não chegou a conhecer seu pai, chamado Augusto César, porque ele faleceu antes do nascimento do filho. De toda forma, como mencionado, a criação de Itamar foi realizada por sua mãe no interior de Minas Gerais. Em Juiz de Fora, ele realizou toda a sua formação estudantil e lá se formou engenheiro em 1954.
Itamar Franco na política
A carreira de Itamar Franco iniciou-se na década de 1950, momento em que a vida partidária no Brasil estava em crescimento. Ele se filiou ao Partido Trabalhista Brasileiro, o PTB, o partido fundado por Getúlio Vargas. No PTB, procurou concorrer ao cargo de vereador, em 1954, e ao cargo de prefeito, em 1960. Em ambos os casos, não foi eleito.
Somente na Ditadura Militar Itamar Franco conseguiu consolidar sua carreira política, sendo eleito para cargos da política local. Como no período da ditadura só podiam existir dois partidos políticos (Arena e MDB), Itamar filiou-se ao partido que se apresentava como oposição aos militares, o Movimento Democrático Brasileiro.
Entre 1967 e 1974, foi prefeito de Juiz de Fora e, nesse período, venceu duas eleições locais. Em 1974 ele abandonou sua posição de prefeito porque desejava ocupar espaço nos quadros da política estadual de Minas Gerais. Assim, ele concorreu ao cargo de senador e foi eleito.
No Senado, Itamar Franco foi empossado em fevereiro de 1975 e colocou-se como oposição aos governos militares. Era um defensor aberto do retorno do país à normalidade democrática pré-1964 e chegou a ser vice-líder da oposição no Senado. Durante o processo de abertura democrática do país, seu partido mudou sua sigla de MDB para PMDB.
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Atuação política de Itamar Franco na década de 1980
A década de 1980 foi um dos períodos mais intensos da política brasileira e nosso país passou por uma série de transformações e acontecimentos marcantes. Itamar Franco atuou em muitos desses acontecimentos.
O começo da década de 1980 ficou marcado pela Emenda Dante de Oliveira, que deu início ao movimento das Diretas Já. Essa emenda tinha como proposta o retorno da eleição presidencial direta para o Brasil. No interior do PMDB, a proposta era rejeitada por alguns porque ia contra o interesse do partido em lançar Tancredo Neves como presidente do Brasil.
Alguns membros do PMDB sabiam que Tancredo Neves teria mais chances caso as eleições fossem indiretas. Itamar Franco, por sua vez, era um defensor da emenda e queria que a população brasileira pudesse escolher seu novo presidente. A emenda fracassou e Tancredo venceu a eleição de 1985, mas não assumiu porque faleceu.
Desse processo, a figura de Itamar Franco se enfraqueceu no interior do PMDB. Isso afetou os planos dele, que desejava concorrer ao governo do estado de Minas Gerais. O PMDB preferiu lançar Newton Cardoso como candidato ao governo, e Itamar, para viabilizar seus objetivos, abandonou o PMDB e filiou-se ao Partido Liberal, o PL.
Itamar Franco concorreu ao governo de Minas Gerais em 1986, mas foi derrotado exatamente por Newton Cardoso.
Constituição de 1988
Depois de ser derrotado na eleição estadual, Itamar Franco retomou sua posição no Senado e participou de um momento marcante na história recente do país: a elaboração da Constituição de 1988. Por ser senador, Itamar Franco era um dos constituintes que fizeram parte da Assembleia Constituinte de 1987.
Entre as propostas defendidas por Itamar Franco estão:
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turno de trabalho ininterrupto de seis horas;
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legalização do aborto;
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criação de um fundo para promoção da reforma agrária, etc.
Itamar Franco na presidência
O auge da carreira de Itamar Franco se anunciou no final da década de 1980, quando ele recebeu um convite de Fernando Collor de Mello para se filiar ao Partido da Reconstrução Nacional, o PRN, e concorrer com ele na eleição presidencial de 1989. Collor seria o candidato a presidente e Itamar Franco seria o vice.
Itamar Franco aceitou o convite e filiou-se ao PRN. Esse convite por parte de Collor visava garantir importantes votos em Minas Gerais. A estratégia deu certo, e Collor e Itamar Franco foram eleitos no segundo turno, ao derrotar Lula, do PT, com 53% dos votos válidos. Apesar da vitória, a relação de Collor e Itamar Franco nunca foi boa.
Eles tinham fortes diferenças ideológicas, sobretudo porque o mineiro não concordava com a política ultraliberal aplicada por Collor no seu governo. Ele era contra as privatizações, por exemplo, e foi contra o Plano Collor, que confiscou os valores das poupanças de cidadãos brasileiros.
Quando estouraram os escândalos de corrupção de Collor, Itamar Franco fez questão de se afastar publicamente do presidente. Por fim, Collor sofreu impeachment, e Itamar Franco assumiu oficialmente a presidência no final de 1992. Quando ele assumiu a presidência, o grande entrave do país era a inflação elevadíssima.
Após alguns fracassos, Itamar Franco montou uma equipe liderada por Fernando Henrique Cardoso à frente do Ministério da Fazenda. FHC e sua equipe lançaram o Plano Real, um plano para recuperação econômica, e o resultado foi um grande sucesso. A economia brasileira se recuperou e a inflação foi colocado sob controle.
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Morte de Itamar Franco
Depois de ser presidente do Brasil, Itamar Franco transmitiu o cargo para FHC, em 1995. Depois disso, ele ainda assumiu cargos de expressão na administração pública nacional. Foi embaixador do Brasil em Portugal, entre 1995 e 1996, e foi eleito governador de Minas Gerais em 1998, exercendo a função de 1999 a 2003.
Em 2010 foi eleito senador e tomou posse da função em 2011, mas permaneceu no cargo por poucos meses, pois faleceu em 2 de julho de 2011, por conta de uma leucemia.
Créditos da imagem
[1] FGV/CPDOC