Independência da Bahia

A Independência da Bahia é um acontecimento que está relacionado ao contexto da Independência do Brasil e ocorreu quando as tropas portuguesas foram expulsas de Salvador.

A Independência da Bahia esteve ligada ao contexto da Independência do Brasil.

A Independência da Bahia foi um acontecimento que esteve ligado ao contexto da Independência do Brasil, no início da década de 1820. Mesmo com a declaração da Independência do Brasil, em setembro de 1822, o país ainda precisava se livrar das tropas portuguesas que persistiam em algumas províncias, principalmente na Bahia.

Sob o comando de Inácio Luís Madeira de Melo, as tropas resistiram até o dia 2 de julho de 1823, data em que a cidade de Salvador foi conquistada pelos brasileiros e a Bahia foi reintegrada ao território nacional, mas permanecendo leal a D. Pedro I. Com a derrota na guerra, Inácio Luís Madeira de Melo precisou fugir para Portugal.

Leia também: Revolução Pernambucana — um movimento de caráter separatista e republicano que manifestou insatisfação com a colonização portuguesa

Resumo sobre a Independência da Bahia

  • A Independência da Bahia é um acontecimento que esteve ligado ao contexto da Independência do Brasil.
  • Apesar da declaração da Independência do Brasil ter ocorrido no dia 7 de setembro de 1822, algumas províncias se mantiveram leais a Portugal, o que fomentou os conflitos envolvendo tropas favoráveis à independência e tropas leais à metrópole.
  • As duas principais batalhas da Guerra da Independência da Bahia foram a Batalha do Pirajá (novembro/1822) e a Batalha da Ilha de Itaparica (janeiro/1823).
  • A Bahia foi reintegrada ao território nacional em 2 de julho de 1823, sendo leal a D. Pedro I.
  • Alguns dos nomes mais marcantes da Independência da Bahia foram Joanna Angelica, Maria Quitéria, Maria Felipa, Pierre Labatut, José Joaquim de Lima e Silva, e Lord Cochrane.
  • A Independência do Brasil não teria sido consolidada sem movimentos como o da Independência da Bahia.
  • As figuras do Caboclo e da Cabocla são os principais símbolos da Independência da Bahia, mas Maria Quitéria, Joana Angélica, Maria Felipa de Oliveira, João das Botas e Corneteiro Lopes também fazem parte da cultura ligada a esse acontecimento.

Antecedentes históricos da Independência da Bahia

A Independência da Bahia esteve ligada ao contexto da Independência do Brasil no início da década de 1820, quando o sentimento de insatisfação com o domínio português no território brasileiro estava apenas se iniciando.

Com a Revolução Liberal do Porto, que eclodiu em agosto de 1820, em Portugal, exigindo o retorno de D. João VI para o país português a fim de formar uma monarquia constitucional e restaurar o Brasil novamente como colônia portuguesa, a metrópole concentrou na cidade de Salvador todos os seus esforços militares. Havia um interesse por parte de Portugal de dividir o Brasil em duas regiões: o Sul e o Sudeste permaneceriam sob a direção de D. Pedro, e o Norte, sob o domínio português. Graças à luta dos baianos, isso não ocorreu.

Essa turbulência que regressava o Brasil para o colonialismo criou forças para o surgimento dos movimentos separatistas. Sem a presença de D. João VI, ficou a cargo de D. Pedro I, como príncipe regente, administrar o país até que, em janeiro de 1822, ordens vindas de Portugal obrigavam-no a retornar para o seu país e concretizar a recolonização. No entanto, D. Pedro I se recusou a voltar (Dia do Fico), retirando a autonomia das ordens portuguesas e declarando a Independência do Brasil em setembro de 1822.

Apesar da declaração da independência ter sido concretizada, algumas províncias do Brasil se mantiveram leais a Portugal, o que fomentou os conflitos envolvendo tropas favoráveis à independência e tropas leais à metrópole.

Causas da Independência da Bahia

A Bahia do século XIX era a terceira província mais populosa, depois de Minas Gerias e Rio de Janeiro, e considerada o segundo entreposto comercial de toda a América do Sul. Exportava açúcar, algodão, tabaco e outros produtos agrícolas. Sua principal atividade, no entanto, era o tráfico negreiro. Contava com 765 mil habitantes, dos quais 524 mil eram escravizados, e era uma prioridade para a metrópole.

Foi na Bahia também que ocorreu a Conjuração Baiana (1798), em que, influenciados pela Independência do Haiti, os baianos lutaram contra o domínio português e a abolição da escravidão. Apesar de terem sidos derrotados pela força portuguesa, a insatisfação contra a metrópole portuguesa continuava em pleno vigor.

Em fevereiro de 1822, o brigadeiro português Inácio Luís Madeira de Melo foi nomeado para o cargo de governador das armas, substituindo um oficial baiano, Manuel Pedro. Essa nomeação causou uma profunda revolta na população baiana, resultando em pesados confrontos entre as tropas portuguesas e brasileiras no início dos conflitos da Guerra de Independência da Bahia.

Guerra de Independência da Bahia

Antes da Independência do Brasil, em setembro de 1822, um governo rebelde formou-se no Recôncavo Baiano, com tropas que cercaram a cidade de Salvador. Essa guerra uniu grandes proprietários de terras a setores populares da cidade.

As duas principais batalhas da guerra foram a Batalha do Pirajá (novembro/1822) e a Batalha da Ilha de Itaparica (janeiro/1823), nas quais os baianos tentaram impedir o controle dos portugueses na Bahia de Todos os Santos. A guerra também teve duas fases, uma considerada local e outra, nacional.

Na primeira fase, a baiana, o tenente-coronel Joaquim Pires de Carvalho, em prol da resistência brasileira, fechou a Estrada das Boiadas e o acesso terrestre a Salvador, interceptando o abastecimento de gado e outros gêneros alimentícios a fim de prejudicar as tropas portuguesas.

Já na segunda fase, a nacional, D. Pedro enviou à Bahia o militar francês Pierre Labatut para comandar as tropas baianas. O militar reuniu homens de Pernambuco, Alagoas e Sergipe com armamentos e provisões em auxílio às tropas baianas.

Sob o comando de Inácio Luís Madeira de Melo, as tropas portuguesas resistiram até o dia 2 de julho de 1823, quando a cidade de Salvador foi conquistada pelos brasileiros e a Bahia foi reintegrada ao território nacional, mas sendo leal a D. Pedro. Com a derrota na guerra, Inácio Luís Madeira de Melo precisou fugir para Portugal.

Consequências da Independência da Bahia

A Independência da Bahia foi um movimento iniciado em fevereiro de 1822 com desfecho em julho de 1823. O movimento foi motivado pelo sentimento emancipador de seu povo e terminou com a inserção da então província baiana na unidade nacional brasileira.

O início do processo da Independência da Bahia, ainda em 1822, foi um dos conflitos que pressionaram D. Pedro I a declarar a Independência do Brasil em setembro de 1822, embora a independência baiana tenha ocorrido apenas em 1823.

Veja também: Revolta de Vila Rica — uma das insurgências contra a Coroa portuguesa durante o Brasil Colonial

Qual a importância da Independência da Bahia para o Brasil?

Mesmo com a declaração da Independência do Brasil, em setembro de 1822, o país ainda precisava se livrar das tropas portuguesas que persistiam em algumas províncias. A Independência da Bahia demonstrou que o sentimento de independência em relação a Portugal já estava arraigado na população, e, no dia 2 de julho de 1823, data em que Bahia saiu vitoriosa no conflito, os últimos domínios portugueses foram desmanchados, consolidando assim a Independência do Brasil. A independência declarada por D. Pedro I, em setembro de 1822, não teria sido consolidada se as tropas brasileiras não tivessem vencido alguns conflitos, como no caso da Bahia.

Nomes marcantes da Independência da Bahia

  • Joanna Angelica: madre superiora do Convento da Lapa que foi assassinada, em 19 de fevereiro de 1822, tentando impedir a entrada das tropas portuguesas no convento. Sua morte foi o gatilho que fortaleceu os movimentos de revolta em toda a cidade e no Recôncavo.
  • Maria Quitéria: filha de um português dono de uma grande fazenda, Maria Quitéria aprendeu a atirar de espingarda para a caça, conhecimento que lhe foi útil quando se voluntariou para o governo baiano para lutar pela independência. Foi a primeira mulher brasileira a lutar em um campo de batalha.
Pintura de Maria Quitéria, uma importante figura no contexto da Independência da Bahia.
  • Maria Felipa: pescadora e marisqueira que liderou um grupo de 40 mulheres escravizadas. Elas ficavam seminuas para atrair os soldados portugueses, que deixavam suas embarcações e iam nadando até a praia. No entanto, quando chegavam à terra, eram recebidos com cansanção, uma planta que causa intensas coceiras. Enquanto os portugueses sofriam nas areias, Maria Felipa e as outras mulheres incendiavam as embarcações.
  • Pierre Labatut: militar francês que lutou pela Independência da América Espanhola. Pela sua experiência, D. Pedro o contratou para organizar as tropas que lutavam pela independência baiana.
  • José Joaquim de Lima e Silva: militar brasileiro e presidente da província baiana, assumiu o exército após Labatut ser deposto. Ele liderou as tropas pela “estrada da liberdade”, quando voltaram à capital baiana no dia que ficou marcado pela Independência da Bahia.
  • Lord Cochrane: escocês almirante da Marinha brasileira que recebeu a missão para fazer um bloqueio náutico com o objetivo de impedir a chegada de reforços de Portugal, além de capturar algumas embarcações inimigas.

Símbolos da Independência da Bahia

As figuras do Caboclo e da Cabocla estão enraizadas no imaginário popular dos baianos. Quando ocorre os desfiles no dia 2 de julho, Dia da Independência da Bahia, o Caboclo e a Cabocla são carregados em carros alegóricos, em alusão aos veículos de canhões utilizados durante a guerra. Destaca-se nesse desfile sempre as cores verde e amarela, que nos remetem à nacionalidade brasileira.

O Caboclo e a Cabocla são os principais símbolos da Independência da Bahia. [1]

A tradição do desfile surgiu em 1824, quando veteranos das batalhas desfilavam repetindo o trajeto que fizeram, um ano antes, ao entrarem vitoriosos em Salvador após a expulsão dos portugueses. Na carroça utilizada no desfile, há um Caboclo. O Caboclo por si só está presente, há séculos, na cultura baiana, e passou a ser o símbolo da Independência da Bahia.

Representação da Independência da Bahia na cultura popular

A cultura popular está carregada de simbologias que representam a Independência da Bahia. Além da representatividade das figuras do Caboclo e da Cabocla, a cultura é marcada por expressões populares que enaltecem os heróis e as heroínas da independência baiana, como Maria Quitéria, Joana Angélica, Maria Felipa de Oliveira, João das Botas e Corneteiro Lopes.

Crédito de imagem

[1] Joa Souza / Shutterstock

Fontes

BAHIA NOTÍCIAS. Dois de Julho: Conheça personagens que marcaram a luta pela Independência da Bahia. Bahia Notícias, 2023. Disponível em: https://www.bahianoticias.com.br/noticia/281748-dois-de-julho-conheca-personagens-que-marcaram-a-luta-pela-independencia-da-bahia.

CÂMARA DOS DEPUTADOS. Dois de Julho: A Independência do Brasil na Bahia. Câmara dos Deputados, 2015. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/a-camara/visiteacamara/cultura-na-camara/arquivos/dois-de-julho-2014-a-independencia-do-brasil-na-bahia.

NASCIMENTO, Laís. Bicentenário da Independência do Brasil na Bahia é celebrado neste domingo (2). Governo do Estado Bahia, 2023. Disponível em: http://institucional.educacao.ba.gov.br/noticias/bicentenario-da-independencia-do-brasil-na-bahia-e-celebrado-neste-domingo-2.

PINHO, Joice. Quem Fez o 2 de Julho: Os Caboclos. Salvador Bahia-Brasil. Disponível em: https://www.salvadordabahia.com/quem-fez-o-2-de-julho-os-caboclos/.

SCHWARZCZ, Lilia M.; STARLING, Heloisa M. Brasil: uma biografia. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

TAVARES, Luis Henrique Dias. Independência do Brasil na Bahia [On-line]. Salvador: EDUFBA, 2005. Disponível em: https://www.google.com.br/books/edition/Independ%C3%AAncia_do_Brasil_na_Bahia/XefMBgAAQBAJ?hl=pt-BR&gbpv=1.

Por: Marcell de Oliveira Ardissao

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