Guerra dos Emboabas

Guerra dos Emboabas: a polêmica de um conflito que foi extensamente discutido pelos historiadores.

A descoberta do ouro em terras brasileiras despertou o interesse econômico de muitas pessoas ligadas ao ambiente colonial. De um lado, os bandeirantes, responsáveis pela descoberta acreditavam que tinham o direito natural de explorar as jazidas encontradas. Do outro, o velho sonho de autoridades e indivíduos da metrópole que viam na boa nova uma oportunidade de fazer fortuna e recuperar os frágeis cofres da Coroa Portuguesa.

Por meio dessa divergência de interesses, teríamos a constituição do cenário que promoveu a chamada Guerra dos Emboabas, que ocorreu entre 1708 e 1709. Com o passar do tempo, o registro dos historiadores transformou essa disputa em um conflito que envolvia questões mais amplas e – sob um olhar nacionalista – mais legítimas. De fato, essa luta do século XVIII promoveu uma acalorada discussão em que se questionava qual dos lados teria interesses nacionais ou meramente autonomistas.

Alguns pesquisadores defendiam que a guerra seria um primeiro passo dado em direção às demais revoltas que marcariam o fim do domínio colonial português. Realizando uma alusão heróica à imagem do bandeirante, esses pesquisadores acreditavam que os bandeirantes encabeçaram uma ação que feria a insuportável exploração portuguesa às terras brasileiras. Contudo, outros historiadores advogaram em prol de uma interpretação diametralmente oposta.



Na visão deste último grupo, os emboabas – termo pejorativo dos bandeirantes que designava os portugueses – seriam os reais pioneiros na constituição de um sentimento nacionalista. Para defender essa perspectiva, estes historiadores costumam ressaltar que os portugueses envolvidos no conflito tentaram aclamar um governador que não teria sido aprovado pela Coroa Portuguesa. No entanto, desde seu início, as autoridades da metrópole defenderam os emboabas como representantes do interesse português.

Apesar de documentos atestarem o parecer favorável dos portugueses junto aos emboabas, outras fontes documentais também demonstram que os bandeirantes também não eram nacionalistas. O próprio termo emboaba era empregado com o objetivo de desdenhar qualquer um que fosse considerado estrangeiro, fosse ele português ou oriundo de qualquer outra região da própria colônia. Na verdade, os bandeirantes pegaram em armas reivindicando seus próprios interesses.

Em vários registros que antecederam a guerra, diversos bandeirantes reclamaram junto às autoridades oficiais pela manutenção de seus privilégios. Dessa forma, poderíamos observar que os próprios paulistas reconheciam a autoridade metropolitana e chegaram a se aproximar da mesma antes que o conflito acontecesse. Com isso, os vários relatos oriundos dos participantes da guerra devem ser vistos como portadores de uma perspectiva tendenciosa que deve ser compreendida e relativizada.

A partir dessas constatações, de acordo com o estudo recente da historiadora Adriana Romeiro, o enquadramento da guerra dos Emboabas no conjunto das chamadas “revoltas nativistas” impediu que outras questões e valores inseridos naquele contexto fossem devidamente problematizados por outros historiadores. De fato, a sensação de pertencimento a uma determinada pátria exclui outras interpretações que recentemente vêm sendo trabalhadas.


Aproveite para conferir nossa videoaula relacionada ao assunto:

Por: Rainer Sousa

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