O governo de Washington Luís representou o fim do poder exclusivo das oligarquias rurais do Sudeste, e o golpe de Estado que o depôs deu início à Era Vargas.
O governo de Washington Luís na presidência da República do Brasil ocorreu entre 1926 e 1930, ficando posteriormente conhecido como o último governo do regime oligárquico no Brasil, que havia se iniciado no final do século XIX.
O fim do regime oligárquico esteve relacionado tanto à crise econômica que assolou o Brasil, principalmente após a quebra da Bolsa de Nova Iorque, em 1929, quanto à crise política dentro da própria oligarquia que comandava o Poder Executivo Federal.
Washington Luís já havia sido prefeito da cidade de São Paulo e governador do estado antes de chegar à presidência da República. Era conhecido como um político mais aberto à modernidade capitalista, tendo incentivado a adoção de uma racionalização administrativa no estado, pautada nos conhecimentos técnico-científicos, que atuava para superar os métodos clientelistas da burocracia pública. Abriu o Theatro Municipal de São Paulo para a Semana de Arte Moderna, em 1922, e apesar da representatividade oligárquica, mantinha diálogo com outras camadas da população.
Na presidência da República, Washington Luís pôs fim ao estado de sítio que funcionou durante o governo de Artur Bernardes, seu antecessor, e fechou centros de detenções, como o de Clevelândia, que funcionaram como prisões políticas na onda repressiva do governo anterior. Apesar de ter garantido a liberdade de imprensa, a medida durou pouco tempo. Com o objetivo de, principalmente, combater os delitos ideológicos ligados ao comunismo, decretou a Lei Celerada, em 1927.
O presidente pretendeu ainda expandir a malha rodoviária no país, incentivando a construção de rodovias. No âmbito da economia, Washington Luís pretendeu valorizar a moeda brasileira, com a criação de um fundo em ouro, que garantisse o lastro da moeda nacional em relação aos demais países.
Porém, a quebra da Bolsa de Nova Iorque, em outubro de 1929, e a subsequente Grande Depressão influenciaram diretamente o declínio da economia brasileira, já que o café conheceu uma enorme desvalorização com esse fato econômico. O resultado foi uma profunda crise na economia brasileira, que refletiu nas alianças políticas da própria oligarquia agrária do país.
Washington Luís não atendeu ao pedido de salvação econômica feito pelos fazendeiros do café, que haviam sofrido os prejuízos com a queda do preço do produto. Com isso, acabou cultivando uma insatisfação de sua base de apoio política.
Na relação com as oligarquias dos demais estados, o fato de ter indicado outro paulista para sua sucessão, Júlio Prestes, resultou no abandono da aliança com os políticos de Minas Gerais, conhecida como política do “Café com Leite”. Frente a essa situação, foi formada a Aliança Liberal, cuja chapa, encabeçada por Getúlio Vargas, era composta pelos oposicionistas de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba, com uma plataforma política que buscava atrair os interesses das camadas urbanas.
A eleição de 1930 foi extremamente conturbada, mas concedeu a vitória a Júlio Prestes no pleito de março. Parte da Aliança Liberal aceitou o resultado das eleições, mas as alas mais radicais iniciaram um processo de conspiração com vistas à derrubada do presidente. A conspiração ganhou força após o assassinato de João Pessoa, no Recife. À época, havia denúncias de que o crime havia sido ordenado por Washington Luís.
Os membros da Aliança Liberal conseguiram o apoio de parte dos oficiais que haviam participado do movimento tenentista, também descontentes com as oligarquias que estavam no poder desde o final do século XIX. Em outubro de 1930, as movimentações militares iniciaram-se em Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba, com a tomada do poder nesses estados. Em 24 de outubro, as forças militares no Rio de Janeiro conseguiram a deposição de Washington Luís, passando a ocupar provisoriamente o cargo de presidente o gaúcho Getúlio Vargas. Era o fim da República Oligárquica e o início da Era Vargas.