A economia açucareira no Brasil colonial teve bastante importância nos séculos XVI e XVII e foi a primeira forma de estabelecimento colonial efetivo empreendida pelos portugueses.
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Montagem do sistema colonial no Brasil
No Brasil, o sistema colonial só foi montado efetivamente a partir de 1530, com a vinda da primeira expedição autorizada pelo então rei português D. João III. Essa expedição tinha o objetivo de explorar as condições de estabelecimento de uma estrutura econômica fixa com base na exploração da terra. Antes disso, apenas a região costeira da recém-descoberta colônia era explorada, sobretudo por traficantes de pau-brasil, como Fernando de Noronha. Posteriormente, em 1549, foi designado para o Brasil o primeiro governador-geral, Mem de Sá. Com os Governos-gerais, a estrutura colonial ficou completa, aliando exploração da terra e administração local.
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Monocultura do açúcar e predomínio do modelo latifundiário
O açúcar era um dos produtos mais requisitados pelo “Velho Mundo” no início da modernidade e, por isso, a cana-de-açúcar foi a cultura (no sentido de cultura agrícola) empregada no solo brasileiro. O comércio de açúcar era um dos mais internacionalizados, movimentando vários outros setores da economia mercantilista da época. O açúcar que passou a ser plantado no Nordeste do Brasil, por exemplo, era enviado pelos portugueses para a Holanda, em acordo com a Companhia das Índias Ocidentais, a fim de lá ser refinado.
Mas para que esse tipo de cultura ou, melhor dizendo, monocultura (porque se tornou absolutamente predominante) do açúcar desse certo no Brasil, foi necessária a conjunção de alguns fatores. Entre esses fatores, estava a autoridade que os donatários das Capitanias Hereditárias tinham de conceder sesmarias (posse sobre grandes porções de terras dentro da Capitania) a determinados indivíduos para que pudessem tornar a região produtiva. Os latifúndios concedidos pelas sesmarias, na região Nordeste do Brasil, tornaram-se centros de plantação e moagem de cana-de-açúcar.
Em cada um desses centros havia o principal sistema de moagem da cana, o Engenho. O responsável pela administração geral do Engenho, das lavouras e de tudo o que ocorria no latifúndio era o senhor de engenho, um aristocrata rural que mantinha um rígido sistema de organização social centrado em sua figura. Para saber mais sobre isso, clique aqui.
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Escravos e trabalhadores livres
O funcionamento da economia açucareira nos engenhos brasileiros estava, fundamentalmente, vinculado ao trabalho escravo. O uso da mão de obra escrava africana foi adotada principalmente em razão da rentabilidade do tráfico internacional de escravos. Os traficantes portugueses compravam escravos capturados por reinos africanos. Esses escravos eram desembarcados, em sua maioria, nos portos da Bahia e de Pernambuco.
É importante ressaltar que, mesmo em menor número, havia também, sob a tutela dos senhores de engenho, trabalhadores livres. Era o caso dos lavradores de cana, em Pernambuco, e dos plantadores de tabaco, na Bahia.
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Os holandeses no Brasil
Um dado importante sobre a economia açucareira no Brasil é a questão da presença holandesa no Nordeste do país, no século XVII. Essa presença ocorreu em três fases: a fase inicial, de 1630 a 1637, caracterizada pelas guerras de conquista (holandesa) e de resistência (portuguesa); a fase intermediária, de paz, entre 1638 e 1645, com o governo do príncipe holandês Maurício de Nassau, e a fase final, com a nova guerra (1645-1654) pela restauração.
Segundo o historiador Evaldo Cabral de Mello:
O interesse dos Países Baixos pelo Brasil antedatou de muito a criação da Companhia das Índias Ocidentais (1621) e os ataques à Bahia e a Pernambuco. Há mesmo quem pretenda que a emergência de um mercado internacional do açúcar no século XVI tenha sido uma criação da técnica comercial e financeira do capital indispensável ao estabelecimento e à expansão, a partir de meados de quinhentos, do sistema brasileiro de produção de açúcar. [1]
Esse interesse holandês pelo Brasil tornou-se um projeto de conquista e ocupação após a perda da autonomia imperial de Portugal, que negociava diretamente com os holandeses, quando houve a União Ibérica em 1580.
NOTAS
[1] MELLO, Evaldo Cabral de. Imagens do Brasil Holandês (1639-1654). Revista do Programa de Pós Graduação em Artes Visuais, ano 7. n. 13, 2009, ECA-USP. pp. 161-171.