Criação do Partido Republicano Paulista

Formado principalmente por cafeicultores, o Partido Republicano Paulista foi um dos modos encontrados pelos latifundiários do estado para derrubar o Império.

Prudente de Morais e sua família. O cafeicultor foi um dos fundadores do PRP, transformando-se posteriormente em presidente do Brasil

As contradições sociais decorrentes da estrutura escravocrata no Brasil Império haviam se tornado agudas a partir da década de 1860. O crescimento da economia cafeeira, as inúmeras rebeliões e fugas de escravos que eclodiam nas fazendas, além da necessidade de se criar um mercado consumidor interno através do trabalho assalariado, entravam em choque com as instituições do Império Brasileiro, gerando oposições dentro mesmo da classe dominante.

Foi nesse contexto que surgiu na província de São Paulo, em 1873, o Partido Republicano Paulista (PRP). O PRP foi a forma encontrada pelos cafeicultores paulistas para pressionar politicamente por mudanças sociais necessárias aos seus interesses econômicos. Dentre suas reivindicações estavam a abolição da escravidão, maior autonomia para as províncias e o fim do Poder Moderador.

O fim da Guerra do Paraguai já havia proporcionado as condições para a crítica do poder monárquico no Brasil, materializadas principalmente no Manifesto Republicano publicado no Rio de Janeiro, em 1870, em que eram criticadas a centralização política e a falta de autonomia das províncias. Dizia o manifesto que a “autonomia das províncias é, pois, [...] mais do que um interesse imposto pela solidariedade dos direitos e das relações provinciais, é um princípio cardeal e solene que inscrevemos na nossa bandeira.”

No caso paulista, a autonomia das províncias garantiria criar condições específicas para facilitar o desenvolvimento da economia cafeeira, superando amarras que eram colocadas pela forma centralizada de governo. A abolição da escravidão permitiria ainda um maior emprego de trabalhadores assalariados, que, com seu consumo, proporcionariam o estímulo a outros setores da economia.

Diversos clubes republicanos foram formados após o aparecimento do referido Manifesto. Na província de São Paulo, os de maiores destaque foram formados em Sorocaba, Campinas, Jundiaí, Piracicaba e Itu. Os debates e aproximações políticas dos clubes e seus membros resultaram na realização da Convenção de Itu, em 1873, na cidade homônima, de onde surgiu o Partido Republicano Paulista.

Compuseram o PRP nomes que se fariam ilustres durante a República, como Bernardino de Campos, Campos Sales e Prudente de Morais. A partir da criação do PRP e de outros partidos republicanos no Brasil, o movimento contra a monarquia no país foi ganhando força, unindo em São Paulo setores dos cafeicultores, estudantes e professores da Faculdade de Direito da capital, além de outros grupos sociais urbanos.

Porém, apesar de reivindicar a abolição da escravidão, o PRP não se engajou com o empenho necessário para que ela se efetivasse, principalmente pelo fato de seus membros ainda utilizarem escravos em suas fazendas e pretenderem conseguir indenizações com sua libertação.

Por: Tales Pinto

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