Coronelismo no Brasil durante a República oligárquica

Deodoro da Fonseca: Primeiro Presidente da República no Brasil

O período de 1889 a 1930 corresponde aos primeiros anos do regime republicano no Brasil. Esse momento ficou conhecido por vários nomes, como Primeira República, República Velha, República do Café-com-leite ou República Oligárquica. Contudo, o conceito de oligarquia foi o que melhor interpretou as relações políticas da sociedade brasileira que presenciou em sua história um fenômeno social chamado coronelismo.

O surgimento da expressão coronelismo aconteceu ainda no Império (1822-1889), quando ricos fazendeiros ocuparam postos na chamada Guarda Nacional, que foi criada em agosto de 1831 para conter as rebeliões populares. Mesmo depois da extinção da Guarda, o título de coronel continuou sendo usado para se referir aos grandes proprietários de terras da Primeira República.

O coronelismo constituiu-se ao longo da Primeira República como uma prática de dominação da população brasileira nas zonas rurais. No final do século XIX, mais da metade das pessoas moravam na área rural, sendo a maioria analfabeta. Esse cenário foi perfeitamente utilizado pelas relações de poder que os coronéis exerciam nas fazendas e nas cidades do interior. Os indivíduos eram reféns da influência política dos grandes fazendeiros e precisavam de sua ajuda para conseguir, por exemplo, remédios, alimentos ou empregos.

O poder dos coronéis interferia no poder público das pequenas cidades que eram controladas por eles. Prefeitos, governadores e até mesmo os presidentes venciam as eleições com ajuda desses grandes fazendeiros, que interferiam no resultado através do voto de cabresto, símbolo da prática do coronelismo. Assim, cada coronel possuía seu curral eleitoral, que era composto pelos eleitores influenciados por ele durante a escolha dos candidatos. Alguns cidadãos votavam nos candidatos pela troca de “favores” prometida pelos coronéis, ao passo que outros eram obrigados a votar no político indicado sob ameaças de morte.

Dessa forma, quando o eleitor votava por fidelidade ao coronel, ele praticava o clientelismo, pois ganharia algo em troca como prêmio por ter sido fiel ao pedido. Muitos empregos eram concedidos pelos coronéis para premiar os eleitores pertencentes ao seu curral eleitoral, pois as escolas, a delegacia, o cartório público e outras atividades econômicas eram controlados diretamente ou indiretamente por eles.

As pessoas que resistiam em obedecer às ordens do coronel eram obrigadas a marcar na cédula de votação o nome do candidato indicado por ele. Para isso, o coronel ordenava que os seus jagunços armados acompanhassem os eleitores até as urnas para conferir a votação, pois durante a República Oligárquica o voto não era secreto, o que tornava pública a opção do eleitor. O voto sob pressão foi bastante praticado pelo coronelismo no Brasil e representou por vários anos o controle político de fazendeiros (oligarquias) em diversas regiões do país.

Créditos da imagem: Georgios Kollidas e Shutterstock.com

Por: Fabrí­cio Barroso dos Santos

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