A Conjuração Baiana foi uma revolta colonial de caráter emancipacionista que ocorreu na Bahia entre 1798 e 1799.
A Conjuração Baiana (ou Revolta dos Alfaiates) foi um movimento de resistência colonial que ocorreu entre 1798 e 1799 em Salvador, Bahia, e que tem raízes em antecedentes históricos, como a estagnação econômica devido às políticas mercantilistas e a influência das ideias iluministas e da independência dos EUA. Suas causas incluíram descontentamento econômico, inspiração iluminista, desejo de independência e igualdade. Os objetivos eram a independência da Bahia, igualdade de direitos e a Proclamação da República. Os principais líderes foram João de Deus do Nascimento e Manoel Faustino dos Santos Lira. A revolta foi reprimida com prisões e execuções, mas deixou um legado de luta por direitos e influenciou eventos posteriores na história do Brasil, como a independência.
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Resumo sobre Conjuração Baiana
- A Conjuração Baiana (ou Revolta dos Alfaiates) foi uma revolta colonial de caráter emancipacionista que ocorreu na Bahia entre 1798 e 1799, buscando a independência da Bahia e a instauração de uma república.
- As causas incluíram o descontentamento com a estagnação econômica da Bahia devido às políticas mercantilistas de Portugal, influência das ideias iluministas, independência dos Estados Unidos e acentuadas desigualdades sociais.
- Os objetivos eram a independência da Bahia, igualdade de direitos, proclamação da república e, possivelmente, discussões sobre a abolição da escravidão
- Os principais líderes incluíam João de Deus do Nascimento, Manoel Faustino dos Santos Lira, Luís Gonzaga das Virgens e Veiga, e Lucas Dantas do Amorim Torres
- A revolta eclodiu, mas foi reprimida após a descoberta dos planos pela prisão e execução de líderes, como João de Deus do Nascimento e Manoel Faustino dos Santos Lira, em dezembro de 1799.
- As consequências incluíram a repressão das autoridades coloniais, a influência duradoura das ideias iluministas e republicanas, bem como o destaque da insatisfação com o domínio colonial e a desigualdade social, que continuaram a influenciar eventos posteriores na história do Brasil.
Videoaula sobre Conjuração Baiana
Antecedentes históricos da Conjuração Baiana
Os antecedentes da Conjuração Baiana estão relacionados à complexa situação do sistema colonial na Bahia do final do século XVIII. Nessa época, a região estava economicamente estagnada devido às restrições comerciais impostas pela metrópole portuguesa, o que gerou insatisfação entre diversos estratos sociais.
Além disso, a influência das ideias iluministas, que promoviam a igualdade, liberdade e fraternidade, havia permeado a elite intelectual e artesãos locais, incentivando discussões sobre direitos humanos e políticos.
A independência dos Estados Unidos, ocorrida poucas décadas antes, serviu como exemplo de como uma colônia poderia se tornar uma nação independente. Esses fatores, somados à crescente desigualdade social e à exploração, alimentaram o desejo de autonomia e liberdade, culminando na conspiração e na revolta que caracterizaram a Conjuração Baiana em 1798.
O que foi a Conjuração Baiana?
Também chamada de Revolta dos Alfaiates, a Conjuração Baiana foi um movimento de caráter separatista e emancipacionista que ocorreu em Salvador, Bahia, entre 1798 e 1799, durante o período colonial brasileiro. Influenciado pelos ideais iluministas e pela Revolução Francesa, um grupo de intelectuais, artesãos e militares, liderados principalmente por João de Deus do Nascimento e Manoel Faustino dos Santos Lira, conspirou contra o domínio colonial português e pela instauração de uma república independente na Bahia.
A revolta foi reprimida pelas autoridades coloniais, resultando em perseguições, prisões e execuções dos líderes, marcando um momento significativo de resistência à opressão colonial e a disseminação de ideais revolucionários no Brasil.
Principais acontecimentos da Conjuração Baiana
Pode-se organizar os acontecimentos da Conjuração Baiana da seguinte forma:
- Agosto de 1798: o movimento conspiratório começou a ganhar força em agosto de 1798, quando um grupo de intelectuais, artesãos e militares, inspirados pelos ideais iluministas e pelas transformações políticas ocorridas na Europa e nas colônias americanas, iniciou discussões e planos para a revolta.
- 8 de novembro de 1799: um levante planejado para o dia 8 de novembro de 1799 foi frustrado quando as autoridades coloniais portuguesas descobriram os planos e prenderam vários dos líderes do movimento, incluindo João de Deus do Nascimento e Manoel Faustino dos Santos Lira.
- Julgamentos e execuções: após a prisão dos líderes, ocorreram julgamentos sumários, e muitos dos conspiradores foram condenados à morte. Em 8 de dezembro de 1799, João de Deus do Nascimento e Manoel Faustino dos Santos Lira foram enforcados e esquartejados em praça pública.
- Repressão à revolta: a repressão das autoridades coloniais portuguesas foi eficaz, e a revolta foi sufocada. Muitos outros conspiradores foram presos, exilados ou punidos de alguma forma, resultando no fim da Conjuração Baiana.
Causas da Conjuração Baiana
Dentre as principais causas para a Conjuração Baiana, pode-se apontar:
- Descontentamento econômico: a queda na produção de açúcar resultou em uma estagnação econômica na Bahia, com impactos diretos na classe dos senhores de engenho e na economia local como um todo. Isso gerou descontentamento entre os proprietários de terras e comerciantes, que viam suas fortunas declinarem. Como resultado, esses grupos passaram a ser mais receptivos às ideias de independência e autonomia econômica, contribuindo para o ambiente propício à revolta
- Ideais iluministas: a disseminação das ideias iluministas na Bahia, através de livros e da influência de maçons, inspirou a busca por igualdade, liberdade e fraternidade. Esses ideais iluministas fomentaram a reflexão sobre direitos individuais e políticos, incentivando a resistência contra o domínio colonial.
- Influência da Revolução Americana: ocorrida em 1776, a independência dos Estados Unidos serviu como um exemplo inspirador para os baianos. A bem-sucedida revolta colonial norte-americana contra a Grã-Bretanha demonstrou que era possível desafiar e vencer o domínio colonial europeu.
- Influência da Revolução Haitiana: ocorrida entre 1791 e 1804, a Revolução Haitiana foi uma revolução feita pelo Haiti, colônia francesa, cuja maioria da população era negra e também baseou suas pautas no Iluminismo.
- Desigualdade social: a Bahia colonial era marcada por profundas desigualdades sociais, com uma elite dominante que explorava os mais pobres. Isso criou um ambiente propício para a agitação social, com líderes como João de Deus do Nascimento e Manoel Faustino dos Santos Lira buscando a emancipação e a justiça social como parte de sua causa.
Objetivos da Conjuração Baiana
Dentre os principais objetivos da Conjuração Baiana, pode-se apontar:
- Independência da Bahia: o principal objetivo da revolta era conquistar a independência da Bahia em relação ao domínio colonial português, estabelecendo uma república na região livre das restrições impostas por Portugal, com maior autonomia política e econômica.
- Igualdade de direitos: os líderes da conjuração buscavam promover a igualdade de direitos, eliminando as desigualdades sociais na sociedade baiana. Eles almejavam uma ordem mais justa, onde todas as pessoas, independentemente de sua origem social, tivessem acesso a direitos políticos e sociais igualitários.
- Proclamação da república: inspirados pelos ideais iluministas e republicanos, os conspiradores visavam à instauração de uma forma de governo republicana na Bahia, baseada nos princípios de liberdade, fraternidade e igualdade. Eles buscavam romper com o sistema monárquico colonial e estabelecer uma república independente.
- Abolição da escravidão: embora a questão da abolição da escravidão não fosse central na Conjuração Baiana, as discussões sobre direitos e igualdade também tocavam na situação dos escravizados. A revolta, em seu objetivo geral de buscar uma sociedade mais justa e igualitária, poderia implicar discussões sobre a emancipação dos escravizados em um estágio posterior. No entanto, não havia um consenso claro sobre essa questão na conjuntura da revolta.
Líderes da Conjuração Baiana
Os principais líderes da Conjuração Baiana foram:
- João de Deus do Nascimento: alfaiate negro e uma das figuras centrais da revolta. Ele desempenhou um papel fundamental na organização e na liderança do movimento, defendendo ideais de igualdade e liberdade.
- Manoel Faustino dos Santos Lira: também alfaiate, foi outro líder proeminente da revolta. Ele era conhecido por suas habilidades intelectuais e sua influência na disseminação das ideias iluministas entre os conspiradores.
- Luiz Gonzaga das Virgens e Veiga: militar que desempenhou um papel importante na conjuração. Ele ajudou a coordenar as atividades dos conspiradores e foi um dos líderes militares do movimento.
- Lucas Dantas do Amorim Torres: padre que apoiou ativamente a revolta, usando sua posição religiosa para influenciar e mobilizar a população em prol dos ideais da Conjuração Baiana.
- Cipriano José Barata de Almeida: médico cirurgião, filósofo e político brasileiro. Especula-se que tenha sido maçom, ligado à loja Cavaleiros da Luz, de Salvador, que foi importante para influenciar com o Iluminismo a conjuração. Porém, não foi preso nem morto após a derrota da revolta.
Fim da Conjuração Baiana
O fim da Conjuração Baiana ocorreu quando as autoridades coloniais portuguesas tomaram conhecimento das atividades conspiratórias em Salvador, Bahia, em 1798. As autoridades agiram rapidamente para reprimir a revolta, realizando prisões em massa dos líderes e conspiradores.
Muitos dos envolvidos foram submetidos a julgamentos sumários, e vários líderes, incluindo João de Deus do Nascimento e Manoel Faustino dos Santos Lira, foram condenados à morte e executados. A repressão eficaz das autoridades coloniais e a falta de apoio externo levaram ao fracasso da revolta, extinguindo assim as tentativas de independência e mudanças sociais promovidas pela Conjuração Baiana.
Consequências da Conjuração Baiana
As principais consequências da Conjuração Baiana incluíram a repressão severa aos revoltosos por parte das autoridades coloniais portuguesas, com a prisão e execução de líderes e conspiradores, o que enfraqueceu significativamente o movimento.
No entanto, a revolta deixou um legado duradouro de resistência e luta por direitos e liberdades individuais no Brasil Colonial. As ideias iluministas e os princípios republicanos defendidos pelos conspiradores continuaram a influenciar movimentos subsequentes em direção à independência do Brasil.
Além disso, a Conjuração Baiana destacou a insatisfação com o domínio colonial e a desigualdade social, temas que se tornariam centrais nos debates políticos e sociais no país nas décadas seguintes, culminando eventualmente na independência do Brasil em 1822 e na abolição da escravidão em 1888.
Exercícios resolvidos sobre Conjuração Baiana
Questão 1
Durante o período colonial brasileiro, a Conjuração Baiana teve raízes em diversos fatores históricos. Qual dos seguintes elementos não é considerado um antecedente importante para a revolta?
A) Restrições comerciais impostas por Portugal.
B) Influência das ideias iluministas.
C) Independência dos Estados Unidos.
D) Crescimento econômico significativo na Bahia.
E) Acentuadas desigualdades sociais.
Resolução:
Alternativa D.
A Conjuração Baiana ocorreu em um contexto de estagnação econômica na Bahia devido às políticas mercantilistas de Portugal, tornando a alterativa D incorreta, uma vez que não houve um crescimento econômico significativo.
Questão 2
Qual dos seguintes objetivos estava diretamente associado à Conjuração Baiana?
A) Promover o comércio internacional na Bahia.
B) Restaurar o domínio colonial português na região.
C) Alcançar a independência da Bahia e estabelecer uma república.
D) Expandir a escravidão na sociedade baiana.
E) Impor uma monarquia absolutista na Bahia.
Resolução:
Alternativa C.
A Conjuração Baiana tinha como objetivo central a independência da Bahia e a instauração de uma república, tornando a alterativa C a resposta correta. As outras alternativas não refletem os objetivos do movimento.
Crédito de imagem
[1] Alex@Eddi / Wikimedia Commons (reprodução)
Fontes
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2009.
STARLING, Heloisa. Ser republicano no Brasil colônia: a história de uma tradição esquecida. São Paulo: Companhia das Letras, 2018