A Coluna Prestes foi um movimento liderado por Luís Carlos Prestes que percorreu o interior do Brasil denunciando os desmandos dos governantes da Primeira República, principalmente no governo de Artur Bernardes.
A coluna foi influenciada pelo tenentismo e contou com a participação de jovens oficiais do Exército, que exigiam a realização de reformas sociais e a moralização da política. O movimento percorreu mais de 24 mil quilômetros, passando pelos estados de:
- Mato Grosso,
- Goiás,
- Piauí,
- Bahia e
- Pernambuco.
Os integrantes da coluna encerraram o movimento em fevereiro de 1927 e partiram para o exílio. Prestes se refugiou na Bolívia e entrou em contato com as ideias comunistas que tentaria adotar no Brasil a partir da década de 1930.
Leia também: Política do café com leite — alternância de poder entre SP e MG
O que foi a Coluna Prestes?
A Coluna Prestes foi um movimento originado no tenentismo, entre 1924 e 1927, e que percorreu o interior brasileiro criticando os desmandos da Primeira República e exigindo reformas sociais, como a ampliação do acesso à educação, e a moralidade na política, por meio do voto secreto. Luís Carlos Prestes é a principal figura lembrada desse movimento, que contou também com outras lideranças, como Juarez Távora e Isidoro Dias Lopes. Por onde passava, a coluna era recebida pela população sertanista com festa, com temor ou com violência.
O movimento pretendia levar a mensagem tenentista para as regiões interioranas do Brasil, onde o coronelismo atuava fortemente e as ações governamentais não conseguiam alcançar aqueles que, de fato, mais precisavam. Era uma forma de conscientizar a população para se revoltar contra o governo federal, que se concentrava em algumas oligarquias estaduais, como São Paulo e Minas Gerais. O voto aberto, vigente na época, abria espaço para as fraudes eleitorais, impedindo a participação efetiva e consciente do eleitorado brasileiro.
Origem da Coluna Prestes
A origem da Coluna Prestes está nas revoltas militares ocorridas no Rio de Janeiro e em São Paulo, entre 1922 e 1924, influenciados pelo tenentismo. Esse movimento foi organizado por jovens oficiais do Exército contra os desmandos dos governos civis da Primeira República e em prol de reformas, como a implantação do voto secreto e moralização na política. Naquela época, o voto aberto era o principal meio para fraudes eleitorais e corrupção.
O principal alvo dos tenentistas foi o governo de Artur Bernardes. Antes da sua posse como presidente da República, ele já sofrera a rejeição dos militares por conta da publicação de supostas cartas escritas por ele nas quais criticava os militares, principalmente o marechal Hermes da Fonseca. Mesmo com a comprovação de que as cartas foram forjadas, a relação de Bernardes com os militares não se acalmou durante seu governo, que durou de 1922 a 1926.
Em julho de 1922, oficiais tenentistas organizaram a primeira revolta contra o governo. Eles saíram do Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, com o intuito de depor Artur Bernardes. Saíram do forte 18 oficiais, mas eles foram alvo da reação das tropas governistas, que logo encerraram a revolta.
Em 1924, os tenentistas novamente se rebelaram e tomaram o poder na cidade de São Paulo. Após três semanas no comando paulistano, os revoltosos não resistiram aos ataques militares do governo federal e abandonaram a revolta. Os integrantes da revolta paulista fugiram da capital em direção ao interior do Brasil.
A origem da Coluna Prestes está na união de forças entre os paulistas fugidos da revolta de 1924 e tenentistas liderados por Luís Carlos Prestes, vindos do Rio Grande do Sul. Como as revoltas foram derrotadas nas cidades, a coluna iniciou seu movimento pelo interior brasileiro.
Veja também: Revolta da Vacina – levante popular contra a vacinação compulsória no início do século XX
Trajetória da Coluna Prestes
A Coluna Prestes iniciou sua marcha pelo interior do Brasil em 29 de abril de 1925, próximo da fronteira com a Argentina. Alguns integrantes foram enviados para o país vizinho, no intuito de angariar apoio para o movimento. Do Sul, a coluna seguiu para o Centro-Oeste e de lá para o Nordeste, com mais de 1400 homens. Por onde passavam, os integrantes da coluna eram recebidos com festa, como heróis nacionais, ou com desconfiança e até com violência, por conta dos jagunços que estavam a serviço dos coronéis.
Após um ano de marcha pelo interior do Brasil, os integrantes da coluna começaram a discutir a possibilidade de encerrar a marcha, tendo em vista a proximidade do final do mandato presidencial de Artur Bernardes. Além disso, os resultados políticos foram mínimos, tendo em vista a não mobilização da população sertaneja em torno dos ideais pregados pela coluna. Os integrantes apenas denunciavam os desmandos das oligarquias e não apresentavam um projeto político alternativo ao da Primeira República.
Fim e consequências da Coluna Prestes
Em 3 de fevereiro de 1927, os integrantes da Coluna Prestes encerraram sua marcha pelo interior do Brasil e entregaram suas armas. Luís Carlos Prestes ganhou o apelido de “Cavaleiro da Esperança” e se exilou na Bolívia. Foi lá que ele entrou em contato pela primeira vez com os ideais comunistas. Dessa forma, Prestes voltaria ao Brasil em 1930, mas não mais como um jovem oficial tenentista, e sim como um líder comunista empenhado na tomada do poder.
Apesar de não ter mobilizado a população em torno dos seus ideais, a Coluna Prestes conseguiu levar a mensagem tenentista de combate às oligarquias e em defesa de reformas sociais para as regiões mais distantes do Brasil. Essas reformas, como a implantação do voto secreto, seriam implementadas pelo governo Getúlio Vargas em 1934.
Resumo sobre a Coluna Prestes
- A Coluna Prestes foi um movimento que percorreu o interior do Brasil, entre 1924 e 1927, denunciando os desmandos das oligarquias e exigindo a realização de reformas sociais.
- A origem da coluna está no movimento tenentista e na Revolta Paulista de 1924, quando os revoltosos, fugindo de São Paulo contra as tropas governamentais, encontraram-se com tenentistas vindos do Rio Grande do Sul e liderados por Luís Carlos Prestes, dando início à marcha.
- A trajetória da Coluna Prestes começou na fronteira do Brasil com a Argentina, seguindo pelo Centro-Oeste, até chegar ao Nordeste, percorrendo mais de 24 mil quilômetros.
- A coluna encerrou sua marcha em 1927, próximo ao fim do mandato de Artur Bernardes, sem conseguir angariar apoio popular pelas causas defendidas.
- Luís Carlos Prestes se exilou na Bolívia, onde entrou em contato com as ideias comunistas e recebeu o apelido de “Cavaleiro da Esperança”.
Exercícios resolvidos
Questão 1 - A Coluna Prestes se originou a partir do movimento tenentista, entre 1924 e 1927. Assinale a alternativa correta sobre os ideais defendidos por essa coluna.
A) Consolidar o apoio ao governo de Artur Bernardes, que sofria com as revoltas militares de 1922.
B) Apoiar os coronéis contra as revoltas camponesas.
C) Criticar as oligarquias que dominavam a república e exigir reformas sociais.
D) Aderir ao governo de Artur Bernardes para garantir a prisão do marechal Hermes da Fonseca.
Resolução
Alternativa C. A Coluna Prestes procurou levar os ideais do tenentismo para o interior do Brasil, tendo em vista as derrotas das revoltas de 1922 e 1924. Essas ideias consistiam na crítica aos desmandos das oligarquias que dominavam a Primeira República e pediam a moralização da política, por meio da instauração do voto secreto, bem como da realização de reformas sociais.
Questão 2 – Com o fim do governo de Artur Bernardes, os participantes da Coluna Prestes encerraram sua marcha pelo interior do Brasil, e vários integrantes — entre eles o principal líder, Luís Carlos Prestes — se exilaram na Bolívia. Sobre o fim e as consequências da Coluna Prestes, pode-se afirmar que:
A) a população sertaneja aderiu em peso aos ideais da coluna e organizaram revoltas contra os coronéis.
B) Arthur Bernardes foi deposto, e Luís Carlos Prestes foi empossado presidente da República.
C) Prestes, no exílio na Bolívia, aderiu às ideias comunistas e se tornou, a partir de 1930, com a sua volta ao Brasil, líder dessa ideologia.
D) a Coluna Prestes foi derrotada pelas tropas governamentais, e os sobreviventes foram presos e exilados para a Ilha de Fernando de Noronha.
Resolução
Alternativa C. A coluna encerrou sua marcha no começo de 1927, e Luís Carlos Prestes se exilou na Bolívia, onde aderiu ao comunismo. Quando votou ao Brasil, em 1930, Prestes se tornou o principal líder comunista e buscou tomar o poder.
Crédito da imagem
[1] CPDOC/FGV