Ciclo da Borracha

Ciclo da borracha é como conhecemos o período de intensa produção da borracha na região amazônica. Isso se deu mediante a extração do látex das seringueiras.

O látex foi a matéria-prima que impulsionou o ciclo da borracha no Brasil.

O ciclo da borracha foi um ciclo econômico que se estendeu de 1880 a 1910 e ficou marcado pela produção em larga escala de borracha na região amazônica. Essa produção era voltada para as necessidades do mercado internacional na virada do século XIX para o século XX. A borracha era produzida por meio do látex, extraído das seringueiras.

O ciclo da borracha motivou milhares de pessoas a se mudarem para a região amazônica a fim de trabalharem na extração do látex. A prosperidade trazida pela borracha contribuiu para a modernização de Manaus e Belém, e o ciclo da borracha se encerrou com o crescimento da produção desse material na Ásia a partir da década de 1910.

Leia mais: Mecanismos do poder oligárquico no Brasil

Resumo sobre ciclo da borracha

  • Foi um ciclo econômico que se estendeu de 1880 a 1910.

  • Intensificou a produção de borracha na região amazônica.

  • Motivou milhares de pessoas a se mudarem para a região amazônica.

  • Contribuiu para a modernização de Belém e Manaus.

  • Encerrou-se, na década de 1910, por causa da concorrência da borracha asiática.

O que foi o ciclo da borracha

A história econômica do Brasil foi marcada por diferentes ciclos, isto é, períodos em que determinado produto que era extraído ou produzido ganhou grande importância e atraiu milhares de pessoas entusiasmadas com a possibilidade de altos lucros. O caso em questão foi o ciclo de exploração das seringueiras para extração do látex e produção de borracha.

Esse ciclo aconteceu na região amazônica, local de grande concentração da seringueira, e foi responsável por trazer grande prosperidade para essa região, uma vez que a borracha se transformou na segunda mercadoria mais exportada do Brasil. Cidades como Manaus e Belém passaram por um grande desenvolvimento por conta do ciclo da borracha.

O primeiro ciclo da borracha se estendeu de 1880 e 1910, entrando em decadência logo em seguida, e, entre 1941 e 1945, existiu um segundo ciclo, motivado pela Segunda Guerra Mundial. A concorrência da borracha produzida na Ásia explica a decadência do ciclo da borracha no Brasil.

Uso da borracha

A borracha era uma das inovações trazidas pela Revolução Industrial e era utilizada na fabricação de diferentes objetos. Além disso, no final do século XIX, o material passou a ser extensamente utilizado na fabricação dos pneus utilizados nos automóveis e nas bicicletas — duas novidades desse período.

Com isso, a demanda pela borracha cresceu exponencialmente no mundo, mas a sua utilização só aumentou bastante porque uma série de estudos foram realizados com o objetivo de aprimorar a sua produção. Isso porque a elasticidade da borracha era prejudicada pelas variações do clima.

Em 1839, Charles Goodyear desenvolveu o processo de vulcanização, que garantiu a produção aprimorada da borracha. Foi a partir disso que o consumo do material foi aumentado, e essa demanda fez com que muitos se dedicassem a sua produção. No Brasil, essa carência foi preenchida pela região amazônica, e a borracha produzida era vendida, principalmente, para a Inglaterra.

Leia mais: Industrialização do Brasil na República Oligárquica

Ciclo da borracha na região amazônica

Interior do Teatro Amazonas, um dos símbolos da prosperidade trazida pelo ciclo da borracha.[1]

Na região amazônica, há uma grande quantidade de seringueiras, a árvore da qual é extraído o látex, a matéria-prima utilizada para a produção da borracha. Foi essa alta disponibilidade de seringueiras que permitiu que a região se transformasse em um grande polo produtor de borracha no período que se estendeu de 1880 e 1910.

Essa região não tinha uma grande população, mas o sucesso do negócio fez com que milhares de pessoas fossem atraídas para ela devido à possibilidade de se obter empregos e às falsas promessas de enriquecimento. Só na década de 1890, o aumento populacional nessa região foi de 110 mil habitantes.|1|

No entanto, a quantidade de pessoas que se mudaram para lá por conta do ciclo da borracha é maior, e existem estatísticas que apontam que até 500 mil pessoas podem ter se mudado para o Norte.|2| Essas pessoas vinham, em sua grande maioria, da região Nordeste.

Muitas delas vieram do Ceará, e o que as motivava era a possibilidade de arranjar trabalho nos seringais. Isso porque boa parte fazia essa viagem com os empregos assegurados. O grande fluxo de pessoas que migraram do Nordeste pelo Norte também se deu pelas secas que atingiam o sertão nordestino e prejudicavam a vida da população mais pobre.

Os futuros trabalhadores dos seringais já chegavam endividados porque tinham que pagar para os seus patrões os custos da viagem, além das ferramentas para o trabalho. Além disso, muitos ficavam um longo período isolados na floresta, com pouco contato com humanos. A má alimentação desses trabalhadores contribuía para vários problemas de saúde.

Enquanto os trabalhadores viviam em situação de pobreza, Belém e Manaus, capitais do Pará e do Amazonas respectivamente, prosperaram rapidamente com o dinheiro da borracha. Essas cidades passaram a contar com uma infraestrutura extremamente moderna para os padrões do começo do século XX.

Nesses locais, foram construídos: infraestrutura de energia elétrica, bonde elétrico, sistema de esgoto, água encanada, serviço de telefonia, entre outros. Além disso, inúmeras construções foram realizadas em ambas cidades, com destaque para o Teatro Amazonas, em Manaus, um dos grandes símbolos da prosperidade do ciclo da borracha.

O ciclo da borracha também contribuiu para a expansão do território brasileiro, uma vez que o Acre começou a ser intensamente ocupado por brasileiros interessados em explorar as seringueiras. Acontece que, até o começo do século XX, o Acre era território boliviano, e foi necessário um acordo de compra do território pelo Brasil. Esse acordo ficou conhecido como Tratado de Petrópolis.

Leia mais: Ascensão amazônica no ciclo da borracha

Decadência do ciclo da borracha

O ciclo da borracha foi bastante curto, e, na década de 1910, entrou em decadência. Isso porque a borracha brasileira encontrou concorrência no mercado internacional. A borracha asiática, produzida por ingleses e holandeses, era de boa qualidade e mais barata do que a nossa.

Com isso, a borracha asiática tomou o mercado, e, em 1915, já dominava o cenário internacional. Por causa da Segunda Guerra Mundial, um novo ciclo da borracha aconteceu entre 1941 e 1945, pois os EUA precisavam de grandes quantidades do material para sustentar seu esforço de guerra. Depois que a guerra se encerrou, em 1945, esse segundo ciclo também foi finalizado.

Notas

|1| FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 250-51.

|2| FILHO, Fadel David Antônio. Riqueza e miséria do ciclo da borracha na Amazônia brasileira: um olhar geográfico por intermédio de Euclides da Cunha. Para acessar, clique aqui.

Créditos da imagem

[1] Marcio Masulino e Shutterstock

Por: Daniel Neves Silva

Artigos Relacionados

Últimas Aulas

Prosa: o que é e tipos
Equações Biquadradas
Pantanal
Xilema e Floema | Histologia Vegetal
Todas as vídeo aulas

Versão completa