Benjamin Constant foi um político e militar brasileiro que teve papel importante na Proclamação da República. Ele também era engajado na educação a partir do viés positivista.
Benjamin Constant foi um político e militar brasileiro. Entrou para a Escola Militar devido às dificuldades financeiras de sua família e começou a trabalhar desde os 10 anos de idade como professor particular, ajudando o pai, que era professor de Português. Aos 19 anos, Benjamin Constant chegou ao posto de alferes, que almejava muito, para ajudar a família e poder seguir seus sonhos no magistério.
Serviu ao Exército na Guerra do Paraguai, de onde voltou por problemas de saúde. Após o seu retorno, chegou a pedir dispensa das Forças Armadas, mas não lhe foi concedida. Em 1890, no governo de Deodoro da Fonseca, foi Ministro das Instruções, onde elaborou uma reforma de organização da educação brasileira de caráter positivista. O positivismo também esteve presente na fundação do Clube dos Militares, que foi criado por ele e congregou oficiais insatisfeitos com o governo e a monarquia. Esses oficiais articularam a Proclamação da República, da qual ele foi partícipe fundamental.
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Resumo sobre Benjamin Constant
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A infância de Benjamin Constant foi pobre, com muitas dificuldades financeiras, o que fez com que ele, desde os 10 anos de idade, trabalhasse como professor, seguindo os passos de seu pai.
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Sua juventude foi também de privações econômicas, sobretudo após a morte de seu pai e o suposto enlouquecimento de sua mãe.
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Teve formação militar a partir de 1852, com 16 anos, na Escola Militar. Ele entrou com o intuito de chegar logo ao posto de alferes, e conseguiu.
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Atuou militarmente na Guerra do Paraguai. Voltou de lá devido a uma forte febre, licenciou-se do Exército e chegou a pedir desligamento, mas não foi atendido.
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Casou-se com Maria Joaquina da Costa e teve 4 filhos com ela.
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Sua relação com o magistério é fundamental para a história da educação no Brasil.
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Foi influenciado pelo positivismo não apenas no magistério, mas também na carreira militar, que acabou seguindo até o fim de sua vida.
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Ele fundou o Clube dos Militares, instituição que teve papel fundamental na Proclamação da República.
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Devido a sua importância, as instituições que o homenageiam são o Instituto Benjamin Constant (IBC) e o Museu Casa de Benjamin Constant.
Biografia de Benjamin Constant
Benjamin Constant Botelho de Magalhães nasceu em Niterói, Rio de Janeiro. Seguiu carreira militar, mas também foi professor, divulgador da corrente filosófica positivista e político no momento da transição do Império para a República no Brasil.
→ Infância e juventude de Benjamin Constant
Benjamin Constant era filho de Bernardina Joaquina da Silva Guimarães e Leopoldo Henrique Botelho de Magalhães, que havia sido Tenente do Corpo de Artilharia da Marinha Portuguesa e, depois, veio para o Brasil, em 1822, onde integrou o Exército Brasileiro.
No entanto, a família vivia com dificuldades financeiras e, por isso, Leopoldo começou a dar aulas em Macaé, Magé e Petrópolis, cidades do Rio de Janeiro. O que ele recebia não era suficiente, então seu filho Benjamin, batizado assim em homenagem ao escritor francês, com apenas 10 anos de idade, passou a ajudá-lo dando aulas particulares.
O pai recebeu o convite de um barão de Minas Gerais para administrar uma fazenda da região. Benjamin Constant e toda a sua família mudaram-se para lá. Mais tarde, Benjamim escreveria Saudades da Infância, versos nos quais dizia que aquela tinha sido a melhor época de sua vida.
Quando seu pai morreu, em 1849, sua mãe, Bernardina, ficou sozinha com 5 filhos ainda crianças o que, para as pessoas da época, ocasionou sua “loucura”. A família permaneceu em Minas e Benjamin estudava em um mosteiro, por acordo com os frades, já que não conseguia pagar.
→ Formação e atuação militar de Benjamin Constant
Em 1852, entrou para a Escola Militar, de ensino gratuito, aos 16 anos de idade. Continuou dando aulas particulares para ajudar a família e almejava se tornar alferes para sustentá-la e poder seguir seu verdadeiro sonho: ser, de fato, professor. Aos 19 anos, em 1855, conseguiu o posto que queria de alferes. Sua mãe, a essa altura, já havia até tentado suicídio.
Benjamin Constant foi preso em 1858 por ter protestado, em plena formatura, contra as acusações da Escola sobre roubos de estudantes. No ano seguinte, em 1859, começou a estudar Química, Mineralogia e Geologia na Escola Central, onde obteve a formação de bacharel em Ciências Físicas e Matemática.
Lutou na Guerra do Paraguai, porém, em 1868, regressou por ter contraído malária. Ao chegar, recebeu honrarias do governo e tentou ser dispensado do Exército, mas não conseguiu. Foi convidado pelo governo para atuar no Colégio Pedro II e, depois, no Observatório Astronômico do Rio de Janeiro. Também dirigiu o Imperial Instituto dos Meninos Cegos por 10 anos.
Paralelamente a outros interesses e cargos, Benjamin seguiu na carreira militar e em 1875, foi promovido a major. Em 1887, fundou o Clube Militar. Em 1888, foi promovido a tenente-coronel; no mesmo ano, chegou a coronel. No governo provisório de Deodoro da Fonseca, foi Ministro da Guerra e no governo constitucional de Deodoro da Fonseca, foi General de Brigada.
→ Casamento de Benjamin Constant
Benjamin Constant se casou com Maria Joaquina da Costa em 1865 e teve 4 filhos com ela. Ele a conheceu ao entrar para o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, pois ela era filha do então diretor do instituto, Claudio Luís da Costa.
→ Magistério de Benjamin Constant
Mesmo seguindo carreira militar, Benjamin Constant continuou dedicando-se ao exercício do magistério, como professor de Matemática.
Seus ideais educacionais baseavam-se nas ideias do positivista Augusto Comte, que foram norteadoras da forma como ele viu e tratou do ensino:
[...] A questão do ensino ocupou espaço importante no conjunto de suas ideias, sendo um dos fundadores do Apostolado Pozitivista do Brasil, em 1876. Na condição de ministro da Instrução Pública, dedicou-se à organização da instrução pública, encaminhando importantes reformas em todos os níveis de ensino. |1|
Em 1880, por ocasião da fundação da Escola Normal, Benjamin foi designado professor de Mecânica, Matemática e Astronomia. Ele também foi diretor dessa escola de 1880 a 1889.
No governo de Deodoro da Fonseca, implementou uma reforma educacional que levou seu nome, de base totalmente positivista e enciclopédica. Para alguns autores e autoras, essa reforma teve caráter elitista e liberal |2|, porém, ela colocava a gratuidade com premissa, no entanto, isso não foi cumprido.
A particularidade dessa reforma foi a estruturação de um sistema educacional para todos os níveis de ensino. Também estipulava a laicidade e a liberdade nas escolas e organizava a educação primária em 2 ciclos, sendo eles: 1º grau para crianças de 7 a 13 anos, e 2º grau para crianças de 13 a 15 anos. Já a educação secundária deveria ser no ensino politécnico, nos cursos de Direito ou Medicina ou carreira militar.
As maiores críticas que recebeu na época da reforma foram quanto à separação de educação e Igreja.
→ Morte de Benjamin Constant
Benjamin Constant faleceu em 22 de janeiro de 1891 em Niterói, Rio de Janeiro, devido às complicações da malária que contraiu durante a Guerra do Paraguai.
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Benjamin Constant e a Guerra do Paraguai
Benjamin Constant foi elevado a capitão em janeiro de 1866 e, em agosto do mesmo ano, foi ordenado a compor as operações do Exército na Guerra do Paraguai. Ele realizou algumas missões em países vizinhos, como cuidar de depósitos bélicos e construí-los. Como engenheiro, contribuiu com o roteiro para que as forças de Caxias pudessem seguir após ele ter examinado e explorado o terreno.
Foi acometido por malária e, por isso, retornou ao Brasil em 1868. Ele se licenciou do Exército e chegou a pedir dispensa, mas ela não foi concedida. Seu plano era dedicar-se exclusivamente ao magistério. Enquanto esteve na Guerra, escreveu longas cartas aos seus parentes no Brasil; essas cartas se constituem hoje ricas fontes históricas.
Benjamin Constant e o positivismo
O positivismo estava fortemente atrelado à forma como Benjamin Constant via a educação. Um exemplo disso pode ser visto no fato de que Benjamin Constant assumiu a direção do Imperial Instituto dos Meninos Cegos em 1869 e, empolgado com sua função, apresentou na Câmara de Deputados um relatório sobre a instituição que não foi bem recebido. Por esse motivo, ele recebeu as alcunhas de socialista, subversivo e positivista.
Três anos depois, em 1871, continuava a receber insultos de parlamentares; um deputado conservador o “acusou” de materialista. Era comum também que colocassem a corrente filosófica positivismo no mesmo rol do darwinismo.
Naquele período, na Europa, mais especificamente na França, acontecia a Comuna de Paris, onde Benjamin Constant foi estigmatizado como um defensor do positivismo, o que, de fato, ele era. Chegou a ser um dos fundadores da Sociedade Positivista do Rio de Janeiro. Para o pesquisador Renato Lemos:
Benjamin Constant apreendera a doutrina de uma maneira muito própria e ficou aberto a influências do liberalismo democrático. Absolutamente identificado com o positivismo na parte metodológica, divergia, porém, dos positivistas em tudo que se aproximasse do sectarismo e da intolerância política. |3|
Paralelamente à carreira no magistério, seguia também a carreira militar. No contexto militar, também difundia seus ideais positivistas. O Clube Militar, fundado por Benjamin se tornou um ponto central para discussões e propagação do republicanismo. A ideologia positivista era ideal para aqueles que defendiam o progresso e o cientificismo, que seria alcançado com a derrubada da monarquia e a instalação da República.
No mesmo período também, os militares começavam a reivindicar direitos, sobretudo após a Guerra do Paraguai. Existia uma certa insatisfação – que só aumentava – entre oficiais em relação ao governo. Eles reclamavam bastante das punições (que avaliavam como injustas) e da proibição de se expressarem publicamente.
Tudo isso contribuiu para a Proclamação da República, na qual Benjamin Constant esteve diretamente envolvido. No dia 9 de novembro de 1889, foi ele que conduziu a sessão que decidiu pelo fim da monarquia.
Através do Partido Republicano, ele atuou em apoio a Deodoro da Fonseca, do qual foi ministro, mas com quem também divergiu e, por isso, foi afastado do cargo. Assumiu, na sequência, o posto criado para ele no Ministério da Instrução Pública, Correios e Telégrafos.
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Museus e instituições em homenagem a Benjamin Constant
O Imperial Instituto dos Meninos Cegos, instituição da qual Benjamin Constant foi diretor por mais de uma década, foi fundada em 1854 por Dom Pedro II, com objetivo de educar crianças com deficiência visual.
Funciona ainda hoje e ocupa vasta área no bairro da Urca, no Rio de Janeiro. Passou a levar o seu nome em 1890, por decreto do governo provisório, assim que a República foi proclamada. Atualmente, o Imperial Instituto dos Meninos Cegos é o Instituto Benjamin Constant (IBC).
Sua casa em Santa Teresa, também no Rio de Janeiro, foi transformada no Museu Casa de Benjamin Constant em 1972. Nele são encontrados objetos de sua vida pública e privada, já que a residência foi mantida aos moldes em que estava quando ele a habitou.
Notas
|1| SILVA, J. C. Benjamin Constant. Disponível aqui.
|2| FREITAS, M. V. S. A reforma Benjamin Constant e a educação básica no início do século XX. Disponível aqui.
|3 LEMOS, Renato. Benjamim Constant e o positivismo na periferia do capitalismo. Disponível aqui.
Crédito de imagem
[1] Wikimedia Commons (reprodução)