Anísio Teixeira

Anísio Teixeira foi um importante educador brasileiro que aplicou reformas educacionais, além de defender o ensino público, laico e gratuito por meio da educação integral.

Anísio Teixeira foi um educador que defendeu reformas no sistema de ensino brasileiro, enfatizando seu caráter público, laico e gratuito. [1]

Anísio Teixeira foi um dos principais educadores brasileiros do século XX. Ele defendia uma educação pública, laica, gratuita e baseada nos ideais do movimento da Escola Nova. Foi um dos fundadores da Universidade do Distrito Federal, em 1935, e participou da elaboração do projeto que criou a Universidade de Brasília, em 1960. Logo após o Golpe de 1964, foi perseguido pelos militares e, em 1971, foi preso em um quartel da Aeronáutica no Rio de Janeiro. Seu corpo foi encontrado no fosso do elevador de um prédio.

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Resumo sobre Anísio Teixeira

  • Anísio Teixeira foi um dos principais educadores brasileiros do século XX.

  • Ocupou vários cargos públicos na área da educação, implantando reformas como a integração do ensino e o incentivo à formação de professores.

  • Influenciado pelas ideias de John Dewey, Teixeira defendia uma educação pública, laica, gratuita e que valorizasse as aptidões dos alunos para serem úteis à sociedade.

  • Participou da criação das Universidades do Distrito Federal e de Brasília.

  • Foi perseguido pelos militares logo após o Golpe de 1964, e sua morte, em 1971, é envolta de mistérios.

Primeiros anos e juventude de Anísio Teixeira

Anísio Teixeira nasceu em 12 de julho de 1900, na cidade baiana de Caetité. Iniciou seus estudos no Colégio São Luís Gonzaga, de origem jesuíta. Em 1914, mudou-se para Salvador e continuou seus estudos no Colégio Antônio Vieira, também de orientação jesuíta. Anísio nutria um desejo de se tornar religioso, mas seu pai o reprimiu, pois esperava que seu filho fosse político. Ao encerrar sua educação básica, ele se mudou para o Rio de Janeiro e cursou Direito na Universidade do Rio de Janeiro. Graduou-se em 1922, mas não atuou como advogado, e sim na área educacional.

Carreira profissional de Anísio Teixeira

Em 1924, Anísio Teixeira voltou para a Bahia e trabalhou como Inspetor Geral de Ensino a convite do governador baiano Góes Calmon. Para realizar sua atividade educacional, Teixeira embarcou para a Europa a fim de conhecer as novidades no sistema educacional de outros países e implantá-los na Bahia. Ele voltou com novas ideias e uma delas foi privilegiar a formação dos professores. Em sua cidade natal, Anísio reabriu a Escola Normal, que estava fechada desde 1901.

Além de conhecer as novidades educacionais da Europa, ele viajou para os Estados Unidos, em 1927, e conheceu as ideias de John Dewey, que estava em voga naquela época. O educador norte-americano exerceu grande influência na formação intelectual de Anísio Teixeira.

Dewey defendia uma educação cujo saber aprendido pelo aluno fosse útil para a sua vida, que colaborasse para a sua cidadania. Teixeira voltou para o Brasil decidido a aplicar as novidades vistas nos Estados Unidos, mas encontrou obstáculos políticos. Por causa disso, ele se demitiu do cargo de Inspetor Geral da Bahia, pois o governador Góes Calmon não concordou com as reformas propostas.

Anísio Teixeira voltou para os Estados Unidos em 1928 e fez pós-graduação na Universidade de Columbia, em Nova York. Nessa ocasião, ele conheceu pessoalmente John Dewey. Ao voltar para o Brasil, em 1931, Teixeira se mudou para o Rio de Janeiro e trabalhou na Diretoria da Instrução Pública do Distrito Federal. Ele unificou a Rede Municipal de Ensino, do fundamental à faculdade. No mesmo ano, foi nomeado Secretário de Educação do Rio de Janeiro.

Em 1935, Anísio Teixeira participou da criação da Universidade do Distrito Federal, atual Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ). Por divergências políticas com o presidente Getúlio Vargas, ele foi perseguido e retornou para Caetité.

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Reforma da educação

Desde o começo do século XX, os países europeus e os Estados Unidos discutiam reformas no sistema de ensino. A educação tradicional foi questionada por novos intelectuais que pensavam novas formas de se fazer educação e de como a escola deveria se posicionar na sociedade. Anísio Teixeira foi um dos entusiastas das novas ideias educacionais.

No Brasil, somente após a Revolução de 1930, a educação brasileira começou a ser discutida e as novidades vindas do exterior puderam ser aplicadas em nosso sistema educacional. Em 1931, Getúlio Vargas criou o Ministério da Educação e Saúde, nomeando Gustavo Capanema como ministro. Essa gestão foi inovadora, pois o ministro se cercou de intelectuais que pensavam a educação brasileira de forma moderna e inovadora.

Em 1932, foi lançado o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, que trazia propostas para uma nova educação para o Brasil. Anísio Teixeira assinou o documento ao lado de Fernando de Azevedo, Lourenço Filho e outros intelectuais. O manifesto defendia uma educação pública, laica e gratuita. A educação integral e mais humana era vista como uma forma de se democratizar o acesso à escola e ensinar aos alunos habilidades que lhes seriam úteis. Segundo o Manifesto dos Pioneiros:

"A seleção dos alunos nas suas aptidões naturais, a supressão de instituições criadoras de diferenças sobre base econômica, a incorporação dos estudos do magistério à universidade, a equiparação dos mestres e professores em remuneração e trabalho, a correlação e a continuidade do ensino em todos os graus e a reação contra tudo que lhe quebra a coerência interna e a unidade vital, constituem o programa de uma política educacional, fundada sobre a aplicação do princípio unificador que modifica profundamente a estrutura íntima e a organização dos elementos constitutivos do ensino e dos sistemas escolares" [1]

Dessa forma, a educação tradicional seria abolida ao se propor reformas no sistema de ensino. Haveria integração do ensino, formação de professores e a valorização da aprendizagem de saber útil para a sociedade e vivência do aluno.

Anísio Teixeira não se prendeu apenas às discussões teóricas sobre as reformas de ensino. Em cada cargo público que ocupou, ele tentou implementar as novas ideias educacionais. Em 1947, ele foi nomeado Secretário de Educação da Bahia e criou em Salvador a Escola Parque, projeto pioneiro na criação da educação integral.

Em 1951, Teixeira foi Secretário-Geral da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). No ano seguinte, assumiu a direção do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (Inep). Trabalhou também na elaboração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, no final da década de 1950. Nesse trabalho, ele defendeu a educação pública.

Com a inauguração de Brasília, em 1960, a nova capital federal construída no Planalto Central, Teixeira, juntamente com Darcy Ribeiro, elaborou o projeto que criou a Universidade de Brasília. Esse projeto concebia a nova universidade como uma referência no ensino e na pesquisa para todo o país. Com o Golpe de 1964, Anísio Teixeira se mudou para os Estados Unidos, onde lecionou na Universidade de Columbia e da Califórnia. Em 1966, ele voltou ao Brasil e trabalhou como consultor da Fundação Getúlio Vargas.

Últimos anos e morte de Anísio Teixeira

Anísio Teixeira sofreu as perseguições dos militares logo após o Golpe de 1964. No começo dos anos 1970, ele concorreu a uma vaga na Academia Brasileira de Letras. Para conquistar uma cadeira de imortal, Teixeira fez visitas a outros integrantes da academia.

Em 1971, logo após uma visita ao lexicógrafo Aurélio Buarque de Holanda, ele desapareceu. Seu corpo foi encontrado no fosso do elevador do prédio de Aurélio. Sua morte levantou suspeitas, pois o corpo não tinha sinais de hematomas e nem de queda. A data da sua morte foi registrada em 11 de março de 1971.

Suspeita-se que Anísio Teixeira tenha sido preso no quartel da Aeronáutica, no Rio de Janeiro, e tenha sido morto pelo brigadeiro João Paulo Burnier, que planejava matar todos os intelectuais de destaque do Brasil. Porém, a sua morte ainda permanece sob mistério.

Obras de Anísio Teixeira

  • Aspectos americanos de educação. Salvador. Tip. De São Francisco, 1928, 166 p.

  • A educação e a crise brasileira. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1956, 355 p.

  • Educação é um direito. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1996, 221 p.

  • Educação e o mundo. 2ª ed. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1977, 245 p.

  • Educação e universidade. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1998, 187 p.

  • Educação no Brasil. São Paulo: Cia. Editora Nacional 1969, 385 p.

  • Educação não é privilégio. 5ª ed. Rio de Janeiro.- Editora UFRJ, 1994, 250 p.

  • Educação para a democracia: introdução à administração educacional. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1997, 263 p.

  • Educação progressiva: uma introdução à filosofia da educação. 2ª ed. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1934, 210 p.

  • Em marcha para a democracia: à margem dos Estados Unidos. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, s.d., 195 p.

  • Ensino superior no Brasil: análise e interpretação de sua evolução até 1969. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1989, 186 p.

  • Pequena introdução à filosofia da educação: a escola progressiva ou a transformação da escola. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1968, 150 p.

Homenagens a Anísio Teixeira

O reconhecimento do seu trabalho como educador foi resgatado logo após o fim da Ditadura Militar, em 1985. Seu nome batiza logradouros públicos, escolas e o Inep.

Leia também: Dia Internacional da Educação

Fundação Anísio Teixeira

A Fundação Anísio Teixeira foi criada para manter viva a memória do educador. Localizada na casa onde ele nasceu, em Caetité, a fundação busca discutir e promover as ideias e as obras de Anísio Teixeira.

Casa onde nasceu o educador Anísio Teixeira, em Caetité, na Bahia.[2]

Frases de Anísio Teixeira

“Sou contra a educação como processo exclusivo de formação de uma elite, mantendo a grande maioria da população em estado de analfabetismo e ignorância.”

“Revolta-me saber que dos cinco milhões que estão na escola, apenas 450.000 conseguem chegar à 4ª série, todos os demais ficando frustrados mentalmente e incapacitados para se integrarem em uma civilização industrial e alcançarem um padrão de vida de simples decência humana.”

“Choca-me ver o desbarato dos recursos públicos para educação, dispensados em subvenções de toda natureza a atividades educacionais, sem nexo nem ordem, puramente paternalistas ou francamente eleitoreiras.”

Créditos das imagens

[1] FGV/CPDOC (reprodução)

[2] Wikimedia Commons (reprodução)

Notas

[1] FGV/CPDOC

Por: Carlos César Higa

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