A abdicação de Dom Pedro I ocorreu em 1831 e marcou o fim de uma série de problemas envolvendo guerras, crise econômica e disputa política.
Após ter se tornado independente, em 1822, e ter se constituído formalmente como Império, com a Constituição de 1824, o Brasil começou a ter de se portar como tal nos trópicos. Todavia, isso se dava em um contexto em que as nações americanas que se libertavam do jugo europeu, em grande parte dos casos, tornavam-se repúblicas, e não impérios. Dom Pedro I, entronizado monarca, tentou consolidar as instituições imperiais e formatar o Brasil enquanto Estado e nação. Entretanto, foi forçado a abdicar do trono em 1831.
De 1825 a 1831, o Brasil sofreu sucessivas ondas de problemas de variadas ordens. Dentre eles, estava a situação com os países vizinhos, sobretudo com aqueles situados ao sul do país. As Províncias Unidas do Rio do Prata, que posteriormente se tornariam a Argentina, entraram em litígio com o Brasil por motivos políticos e econômicos ligados às rotas comerciais do Rio do Prata. Esse litígio conduziu a uma guerra humilhante para o império brasileiro.
A guerra foi demasiadamente dispendiosa, e, além disso, Dom Pedro I teve de contar com um exército de pessoas despreparadas, pobres e também com mercenários. Os oficiais do exército que ainda possuíam prestígio posicionaram-se frontalmente contra o imperador, o que agravou ainda mais a tensão política. As campanhas contra as Províncias do Rio do Prata só terminaram após mediação da Inglaterra, que estava interessada em retomar ligações comerciais com ambas as partes.
Nos anos que se seguiram, outros eventos engrossaram as suspeitas sobre a eficiência administrativa do imperador. Instituições financeiras, como o Banco do Brasil, criado por Dom João VI em 1808, quando da vinda da Família Real para o Brasil, passaram a enfrentar uma crise sem precedentes, chegando a ser fechado em 1829.
Em 1826, com a morte de Dom João VI em Portugal, houve uma luta para a sucessão do trono português. O irmão de Dom Pedro, Dom Miguel, assumiu o trono, mas já havia rumores de que o imperador brasileiro também ansiava por ocupar o posto de seu pai. Muitos membros da elite política brasileira achavam que o monarca poderia transformar o Brasil novamente em uma parte do Reino Unido de Portugal, retirando assim sua autonomia política.
A composição do quadro político era complexa, havia muitos portugueses ligados ao formato político absolutista, que, em dada media, D. Pedro assumia. Havia também os liberais, que defendiam, acima de qualquer coisa, inclusive da persona do imperador, a ordem constitucional. Mas a tensão política mesmo ocorreu após uma visita que o imperador fez a Minas Gerais, onde foi recebido com extrema frieza.
Quando retornou à capital, os portugueses quiseram fazer uma recepção festiva para Dom Pedro, festa essa que foi repelida pelos brasileiros, que quebraram as luminárias das casas dos lusitanos. Estes repeliram os brasileiros atirando garrafas e cacos de vidro. Esse episódio ficou conhecido como a Noite das Garrafadas e selou ilustrativamente a crise do Primeiro Império.
Com toda essa gama de insatisfações e com o exército cada vez mais distante do imperador, membros da elite política obrigaram Dom Pedro a abdicar do trono no dia 7 de abril de 1831, em favor de seu filho, D. Pedro II, que possuía apenas cinco anos de idade à época. D. Pedro I partiu então para a Inglaterra, de onde iria para Portugal. Começaria, então, no Brasil, a fase da Regência e da construção do que seria o Segundo Império.