Existem cinco regiões autônomas na China: Mongólia Interior, Sin-kiang, Tibete, Guangxi e Ningxia.
O território Chinês abriga um espaço geográfico extremamente heterogêneo sob o ponto de vista étnico, enfrentando, com isso, inúmeros movimentos separatistas. A maior parte das diversas segmentações étnicas, culturais e religiosas – tais como os mongóis, os tibetanos e algumas designações turcas e muçulmanas – busca alcançar sua completa independência política sobre a maioria han, população predominante no país. Nesse sentido, esses diferentes grupos espacializam-se em algumas regiões autônomas da China, a saber: Mongólia Interior, Sin-kiang, Tibete, Guangxi e Ningxia.
A Mongólia Interior localiza-se na porção norte do país, na região de fronteira com a Mongólia, motivo pelo qual ela abriga uma grande quantidade de povos da etnia mongol. Apesar de serem considerados um dos grupos étnicos mais pacíficos do território Chinês, a população local não está totalmente satisfeita com a relação de submissão política, tanto que, no ano de 2011, foi desencadeada uma série de revoltas populares por maior autonomia ou até pela independência da região. O governo Chinês reprimiu os protestos com ação policial, barrando jornalistas e impedindo, até mesmo, o acesso à internet nas zonas de maior tensão, com o receio de que os estudantes presentes na vanguarda do movimento pudessem se organizar de forma mais sistemática.
Em Sin-kiang – também chamada de Xinjiang –, localizada a noroeste, há uma grande quantidade de povos muçulmanos – não necessariamente árabes –, além de algumas etnias derivadas dos turcos. Mais organizados do que os mongóis, os povos dessa região possuem até um partido e grupos guerrilheiros que lutam por independência, sendo frequentemente reprimidos pelo governo chinês. Essa é a maior das regiões autônomas da China e também a mais instável politicamente no país, com frequentes conflitos contra as tropas nacionais, sendo rica em petróleo e gás natural, bem como com baixíssimas densidades demográficas.
A região do Tibete, localizada na parte oeste do país, é constituída por povos de etnia tibetana e também apresenta um elevado grau de instabilidade. Isso porque essa região, originalmente, não pertencia à China, tendo sido invadida pelo país no século XIII. Em 1912, os tibetanos conseguiram se tornar independentes, mas foram novamente invadidos em 1949, quando o líder desse povo – que ocupa o posto de Dalai Lama – teve de fugir para a Índia, onde até hoje busca organizar e comandar o processo de independência do Tibete, tendo inclusive ganhado o Prêmio Nobel da Paz em 1989. A região, além de possuir muitos recursos naturais, é considerada estratégica por fazer fronteira com a Índia e com o Nepal.
Já a região de Guangxi não apresenta traços notáveis de descontentamento ou desejo de separação do território chinês. Localizada no centro-sul do país, Guangxi abriga, em maior parte, os povos da etnia Zhuang. A região é beneficiada pelos investimentos do governo em modernização e infraestrutura, haja vista que a sua localização ocorre em uma região estratégica, pois é próxima de algumas das saídas para o Oceano Pacífico e faz fronteira com o Vietnã.
Por fim, temos a região de Ningxia, localizada na porção norte do país e ao sul da Mongólia Interior. A minoria étnica do país que a compõe são os huis e os uigures, também conhecidos como “chineses muçulmanos”. Essa localidade possui uma grande densidade de desertos e é considerada um cartão-postal para povos islâmicos na China. Os huis são mais pacíficos e falam, inclusive, o mandarim, ao contrário dos uigures que preferem o árabe e são extremamente nacionalistas.
Essas cinco regiões autônomas – que, na verdade, não são tão autônomas assim – foram criadas pelo governo chinês para acalmar algumas reivindicações que clamavam justamente por uma maior autonomia. Atualmente, além de reprimir duramente as manifestações, o poder público vem incentivando ações nos últimos anos para ocupação dessas áreas pela etnia han e pela dispersão das minorias étnicas por todo o país, a fim de diluir e desorganizar as lutas por independência.
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