Queimadas no Pantanal

As queimadas no Pantanal resultam em um grande impacto para o meio ambiente. A sua origem está ligada à transformação de áreas de vegetação nativa em pastagem para a criação de animais e produção de alimentos. A ocorrência dessas queimadas foi facilitada pela seca histórica que atinge a região. Com isso, as altas temperaturas e a baixa umidade possibilitaram a maior propagação do fogo.

O desmatamento, facilitado por meio de queimadas, gera prejuízos naturais e humanos, como a extinção de espécies e a poluição do ar. Suas consequências são profundas e podem levar a danos ambientais irreversíveis. O ano de 2020 foi marcado pelo recorde de queimadas no bioma pantaneiro.

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Origem das queimadas no Pantanal

O Pantanal é um bioma brasileiro que está localizado entre os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, na região Centro-Oeste do Brasil. A planície pantaneira se estende ainda para a Bolívia e o Paraguai, países vizinhos do território brasileiro. Esse bioma sofre influência de outros tipos vegetacionais, como a Mata Atlântica, o Cerrado e a Floresta Amazônica, cenário que resulta em uma grande diversidade de animais e plantas. Além disso, o Pantanal apresenta uma dinâmica climática bastante peculiar, em razão da sazonalidade do regime de chuvas na região.

O Pantanal é a maior planície inundável do mundo.

O Pantanal possui duas estações bem definidas. Há um período do ano, o verão, extremamente úmido, marcado pela ocorrência de chuvas intensas, que geram o transbordamento dos rios e a inundação das planícies locais. Por sua vez, há o inverno, período muito seco, com pouca chuva e baixa umidade do ar.

É justamente no período seco, o inverno pantaneiro, que as queimadas no Pantanal são extremamente comuns. A baixa umidade do ar, assim como a falta de chuvas e a prevalência de uma vegetação extremamente seca facilitam a propagação do fogo e dificultam o seu combate. Sendo assim, os meses que vão de junho até setembro são marcados pelo alto volume de queimadas nessa região.

Desse modo, as origens das queimadas no Pantanal estão atreladas aos fatores naturais característicos da localidade. Por sua vez, há ainda a presença da ação humana, que gera focos de incêndio que acabam ficando sem controle e se ampliam para áreas preservadas. Os principais motivos para a prática de queimadas na planície da Pantanal estão ligados à prática da agropecuária, em especial a transformação de áreas vegetais em pastos para a criação de animais.

A junção entre os aspectos físicos e a ação humana criam um ambiente propício para o aumento descontrolado das queimadas. Esse cenário foi ainda pior no ano de 2020, em razão da ocorrência de um ano extremamente seco, inclusive na estação chuvosa, o que afetou o volume de chuvas, que ficou abaixo das médias históricas. Além disso, há ainda a influência da evidente mudança climática em escala global, que contribuiu para o aumento das temperaturas e a diminuição das chuvas nos últimos anos.

Causas das queimadas no Pantanal

O Pantanal possui uma forte tradição na criação de animais, em especial de bovinos, para a produção de carne. Além disso, há uma expansão das plantações de soja, muito cultivada nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, devido ao aumento da demanda desse grão no mercado global. Sendo assim, ocorre no Pantanal um processo chamado de expansão da fronteira agrícola, ou seja, há uma forte pressão pelo aumento das áreas passíveis de receber práticas agropecuárias, como a plantação de alimentos e a criação de animais.

As práticas de queimada são comuns no Brasil para a criação de áreas de pastagem. [1]

Desse modo, a expansão da fronteira agrícola local pressiona o bioma pantaneiro, que muitas vezes acaba sendo transformado em campos de cultivo de soja e de criação de gado. Nesse contexto, as queimadas possuem um papel de destaque, uma vez que é a principal prática utilizada para a limpeza dos terrenos e a consequente transformação de áreas de vegetação em pastos.

Logo, a utilização do fogo como uma prática agrícola é a principal causa das queimadas no Pantanal. Os incêndios são provocados pela ação humana para a limpeza de grandes áreas e acabam impactando diretamente o ecossistema local. Essa prática agrícola é favorecida e, ainda, agravada pelas condições físicas do Pantanal. O maior número de focos de incêndio ocorre ao longo do inverno em razão da predominância de um clima e de uma vegetação extremamente secos, além da ocorrência de ventos fortes.

Veja também: O que é sustentabilidade?

Queimadas e desmatamentos

As queimadas e os desmatamentos são eventos que provocam um elevado impacto ambiental. Essas duas ações estão intimamente ligadas, já que ambas as práticas são utilizadas para a limpeza do terreno e transformação da vegetação nativa em áreas pastoráveis e cultiváveis. Tradicionalmente a prática da queimada ocorre em um momento posterior ao desmatamento, sendo utilizada para eliminar o restante da vegetação presente em uma determinada área. Porém, há cenários que somente uma ação é utilizada, o que não diminui os prejuízos ambientais provocados por essas ações.

Nos últimos anos, percebe-se um aumento do desmatamento e das queimadas no Brasil e em várias regiões do globo. Esse aumento está relacionado com a produção agropecuária, além de legislações ambientais fracas e ausência de fiscalização. Já as queimadas também estão relacionadas a esses fatores e são agravadas pelas condições do clima e do tempo de uma região. O ano de 2020 foi extremamente seco no Pantanal, por exemplo, cenário que facilitou a propagação dos incêndios. Além disso, as mudanças climáticas, que contribuem para o aumento da temperatura do planeta, facilitam a ocorrência de incêndios.

Consequências das queimadas no Pantanal

As queimadas no Pantanal geram um amplo conjunto de prejuízos ambientais e humanos, que impactam diretamente a dinâmica ambiental da região. A principal consequência das queimadas no Pantanal é justamente a perda da biodiversidade local. O ecossistema pantaneiro possui uma grande biodiversidade, marcada pela ocorrência de espécies vegetais, como ipês e orquídeas, e animais, como a onça-pintada. A diminuição das matas provoca, além da perda do habitat dos animais, a diminuição de alimento disponível e a dificuldade de encontrar abrigo. Além disso, o elevado número de mortes da fauna causado pelas queimadas gera um desequilíbrio entre as espécies e aumenta o risco de extinção de animais, inclusive de espécies já ameaçadas, como a arara-azul.

A onça-pintada é um animal típico do Pantanal.

Os prejuízos das queimadas também passam pela perda da qualidade ambiental do solo, já que há uma perda da sua cobertura natural e, por consequência, de nutrientes. Sendo assim, o solo exposto fica empobrecido e favorece a ocorrência de processos como a erosão e a desertificação. Já em relação ao ar, o aumento da poluição atmosférica contribui para a elevação da temperatura local, o aumento da fuligem e, ainda, o favorecimento da ocorrência de fenômenos como o efeito estufa.

Esses eventos também geram impactos na vida humana dos moradores de cidades localizadas ao redor da região pantaneira, já que as queimadas, para além de todos os impactos ambientais citados, ocasionam a perda da qualidade do ar e da água de uma população. A poluição gerada pelas queimadas pode agravar a ocorrência de doenças respiratórias e a queima da vegetação pode impactar nascentes e outras fontes hídricas, diminuindo o volume de água disponível para a população. Além disso, atividades humanas, como o turismo, muito importante para a geração de recursos econômicos no Pantanal, são severamente impactadas pela perda das características ambientais da região.

Acesse também: O que causa a escassez hídrica? 

Dados das queimadas no Pantanal

Os dados das queimadas no Pantanal indicam que o ano de 2020 será marcado como o mais destrutivo que o bioma já vivenciou nos últimos tempos. A vegetação pantaneira, até então caracterizada pelo alto nível de preservação, sofreu uma perda de 15% da sua totalidade, segundo o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo). Em números absolutos, isso representa uma área de aproximadamente 2 milhões de hectares. De acordo com o gráfico abaixo, o volume de incêndios no Pantanal até a primeira quinzena de setembro de 2020 foi de 15.756 focos, muito acima do recorde registrado em 2005, 15 anos atrás, de 12.536 focos.

Desse modo, os dados caracterizam um cenário jamais visto no Pantanal e que indicam uma grande perda em termos ambientais e sociais para o Brasil. A junção entre fatores ambientais e humanos foi crucial para a ocorrência de números tão alarmantes. Sendo assim, são necessárias políticas de conscientização e fiscalização, a fim de inibir tais práticas incendiárias e contribuir com a preservação desse bioma tão importante no contexto nacional e global.

Crédito da imagem

[1] Jair Ferreira Belafacce / Shutterstock

Por: Mateus Campos

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