Pantanal

O Pantanal compõe o quadro dos biomas brasileiros e se localiza nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, na região Centro-Oeste do Brasil. Apesar de ser o menor bioma em extensão territorial, sua área alagável é a maior do mundo. É extremamente rico tanto em sua fauna quanto flora, abrigando no geral mais de quatro mil espécies.

As principais atividades econômicas desenvolvidas na planície pantaneira são:

  • a pecuária extensiva;

  • a agricultura;

  • a pesca;

  • o turismo.

Por conta do elevado interesse econômico e também das mudanças climáticas, o Pantanal vem enfrentando acelerado processo de degradação ambiental, sendo a ação do fogo uma das principais ameaças recentes à sua biodiversidade.

Leia também: Quais são os domínios morfoclimáticos do Brasil?

Principais características do Pantanal

O Pantanal é considerado a maior planície inundável do mundo, com área de 150.988 km2 em território brasileiro, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse total representa apenas 2% de toda a extensão do Brasil, o que o torna o menor dos seis biomas.

  • Localização do Pantanal

A planície pantaneira localiza-se na região Centro-Oeste do Brasil, estendendo-se por 16 municípios nas porções oeste dos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O Pantanal não se restringe apenas ao território brasileiro, sendo também encontrado na Bolívia e no Paraguai, onde recebe o nome de Chaco.

Legenda

Em função da sua área de ocorrência, o Pantanal agrega características de outros biomas e formações vegetais, como a Amazônia, o Cerrado e a Mata Atlântica em menor escala.

  • Solo do Pantanal

A principal característica dos solos do Pantanal é a sua baixa fertilidade. Isso se deve à composição química das suas rochas originárias e aos longos períodos de cheia, durante os quais boa parte do território permanece alagada.

Os solos que formam as porções mais elevadas do Pantanal são arenosos e possuem alta acidez, o que implica uma menor fertilidade. As áreas mais baixas do bioma são compostas por solos argilosos, formados por meio do processo de deposição de sedimentos. Essas partes rebaixadas ficam alagadas por pelo menos três meses durante o ano, o que favorece a formação de matéria orgânica. Durante o período de seca, a matéria orgânica é depositada e o solo até então alagado se torna mais fértil, propício para o desenvolvimento da vegetação.

Veja também: Técnicas de conservação dos solos para melhor conservação do espaço geográfico rural

  • Vegetação do Pantanal

A vegetação do Pantanal é bastante heterogênea, o que se deve ao fato de esse bioma estar em contato com outros domínios vegetais, tendo maior influência as paisagens do Cerrado e da Floresta Amazônica. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Pantanal abriga mais de 2 mil espécies de plantas.

Nas áreas baixas constantemente alagadas, é possível observar a presença de plantas aquáticas, como o aguapé e a erva-de-santa-luzia. Próximo aos rios ficam as matas ciliares, onde são encontradas plantas de maior porte, como palmeiras, figueiras e jenipapos. São formações próximas àquelas que encontramos na Floresta Amazônica, caracterizando, assim, uma vegetação mais densa.

Exemplo de vegetação aquática e mata ciliar encontradas no Pantanal mato-grossense.

O Pantanal apresenta ainda áreas onde a paisagem se assemelha aos Cerrados, com vegetação de pequeno e médio porte. Assim, onde a incidência de alagamentos é menor ou inexistente, há ocorrência desde gramíneas e arbustivas até árvores de maior porte, como é o caso dos ipês e dos buritis.

  • Clima do Pantanal

O clima predominante no Pantanal é o tropical úmido. Esse tipo climático é caracterizado por duas estações bem definidas: verão e inverno.

Os verões são chuvosos e apresentam temperaturas que variam de 15º C a 34º C, com média de 25º C. Em contrapartida, os invernos são secos e com temperaturas mais amenas, que podem cair para até 8º C devido à atuação da massa de ar polar.

Um aspecto importante do clima pantaneiro é a elevada umidade relativa do ar, que assim permanece mesmo nos meses em que há escassez de chuvas.

  • Relevo do Pantanal

O relevo do Pantanal é formado em sua maioria por planícies, isto é, por áreas pouco acidentadas nas quais são predominantes os processos de sedimentação. Essas formas são cercadas por depressões – conhecidas como depressões do rio Paraguai – e, por fim, por planaltos. As altitudes mais elevadas não ultrapassam os 700 metros, sendo a altitude média de 200 metros, segundo o Serviço Geológico do Brasil.

Sua baixa declividade contribui para a formação de áreas alagadas no verão, quando o volume de chuvas é maior. É comum a presença de elevações isoladas no Pantanal, conhecidas como morros-testemunho, como a Serra do Maracaju.

Dentre os planaltos que se localizam nos arredores do bioma está o Morro do Urucum, cuja altitude é de 1.065 metros.

  • Hidrografia do Pantanal

O Pantanal está situado na bacia hidrográfica do Alto Paraguai, sendo o Rio Paraguai o seu principal. Dentre os rios afluentes estão:

  • Cuiabá;

  • São Lourenço;

  • Taquari;

  • Aquidauana.

O regime hídrico desse bioma é bastante definido e se dá a partir das estações seca e chuvosa, que acontecem, respectivamente, nos meses de junho a setembro e outubro a março. Entre os meses chuvosos, acontece o aumento de volume de água no curso dos rios, caracterizando o período de cheias. Como consequência, a água extravasa para a área de vazante, gerando as famosas paisagens alagadas.

A alternância entre períodos secos e períodos de cheia são condicionantes para o pastoreio do gado, para a pesca e também para a forma como se desenvolve o turismo naquela região.

  • Animais do Pantanal

Como acontece com sua flora, a fauna pantaneira é muito rica e diversa. De acordo com o IBGE, quase toda a fauna brasileira se encontra representada naquele bioma.

Em linhas gerais, a fauna do Pantanal é composta por:

  • 423 espécies de aves, como o tuiuiú, símbolo do bioma, e a arara-azul;

  • 263 espécies de peixes, como dourado, pintado, pacu, piranha, jaú;

  • 132 espécies de mamíferos, como ariranha, capivara, lobo-guará, onça-pintada, tamanduá-bandeira, morcegos;

  • 85 espécies de répteis, como sucuri-amarela, jacaré-do-pantanal, jabutis, cágados;

  • 35 espécies de anfíbios, como sapo-cururu, rã-do-chaco.

Acesse também: Características que definem um animal

Degradação do Pantanal

Há séculos a área do Pantanal desperta interesse econômico, sobretudo para o desenvolvimento da pecuária extensiva e da agricultura comercial. Ambas as atividades se fazem mediante o desmate e substituição da vegetação nativa por pastagem ou pela cultura agrícola a ser desenvolvida.

Para a pecuária, as gramíneas que se desenvolvem nas planícies após o período de cheias são também utilizadas como pastagem. Ainda assim, se não manejada da forma correta, a pecuária extensiva pode prejudicar a estrutura do solo e comprometer a sua utilização futura. Mais recentemente tem havido preocupação com a inserção de espécies de gramíneas vindas de fora do bioma, colocando em risco as espécies nativas|1|.

O agronegócio é atualmente um dos principais fatores de degradação do bioma, tendo as lavouras de soja como carro-chefe. Diversos problemas são oriundos da abertura de novas áreas para o cultivo, dentre os quais se destacam:

  • aumento do potencial erosivo dos solos pela remoção da cobertura vegetal nativa;

  • utilização de fertilizantes e agrotóxicos que podem contaminar o solo e os cursos d’água, desequilibrando ecossistemas em escala local e regional;

  • técnicas de limpeza e abertura de novas áreas que, mal controladas, podem ter consequências devastadoras para a fauna e a flora, afetando todo o funcionamento do bioma.

Resultado de queimadas no município de Ivinhema, Mato Grosso do Sul.

As queimadas constituem uma técnica muito antiga e de baixo custo para limpeza de áreas, por isso é amplamente utilizada. Sua prática controlada é autorizada e prevista em lei. Entretanto, quando feita sem cuidados, pode tornar-se um incêndio e tomar grandes proporções. O Pantanal é alvo atualmente da pior queimada em três décadas|2|, a qual consumiu cerca de 12% da superfície do bioma. O Programa de Monitoramento de Queimadas do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) detectou um recorde no número de focos de queimadas, que chegou a 15.973 até setembro de 2020.

As recentes queimadas no Pantanal foram causadas pela ação humana. O bioma vive um período mais longo de secas, o que contribuiu para o ressecamento da vegetação e espalhamento mais rápido do fogo, que foi catalisado pela ação dos ventos. Os incêndios ocasionam uma perda inestimável para a biodiversidade do Pantanal, devastando grandes áreas de vegetação nativa e ferindo ou ceifando a vida de um grande número de animais. Um exemplo é a destruição de 85% do Parque do Encontro das Águas|3|, no Mato Grosso, território com a maior concentração de onças-pintadas no mundo e considerado, por isso, um santuário dessa espécie.

A onça-pintada é o maior felino da América Latina. A maior concentração de indivíduos da espécie acontece no Parque do Encontro das Águas.

Outras causas de degradação são listadas pela Embrapa Pantanal, como a mineração e a consequente contaminação dos solos e corpos hídricos por metal pesado e o assoreamento lento e gradual de rios, como o Taquari. A pesca e a caça ilegal também podem ser apontados como fatores preocupantes para a conservação do bioma.

Acesse também: Impactos ambientais causados pela mineração

Curiosidades do Pantanal

Para além das características fisiográficas e econômicas do bioma Pantanal, destacam-se algumas curiosidades.

  • A maior parcela do Pantanal brasileiro está localizada no estado do Mato Grosso do Sul (65%), cabendo 35% ao Mato Grosso.

  • No ano 2000 a Unesco declarou o Pantanal como Reserva da Biosfera e Patrimônio Natural da Humanidade.

  • A pesca no Pantanal é suspensa no período que vai de novembro a fevereiro (podendo sofrer variações, mas ocorrendo sempre nos meses de cheias) em função da piracema, período de reprodução dos peixes.

  • Apesar das práticas que ocasionam o desmatamento, até pelo menos 2009 o Pantanal ainda mantinha 83% da sua vegetação nativa.

  • O Dia do Pantanal é celebrado no dia 12 de novembro, tendo sido instituído no ano de 2020. A data foi escolhida em função da morte do ambientalista Francisco Anselmo de Barros, conhecido pela sua luta pela preservação do Pantanal|4|.

Economia

A economia do Pantanal é, atualmente, liderada pelas atividades de pecuária bovina. A pecuária foi introduzida nas planícies pantaneiras há mais de duzentos anos, e sua prática é possível graças à sua baixa declividade e às pastagens naturais que nascem após os períodos de cheia. No ano de 2016 a Embrapa estimou um total de 7,5 milhões de cabeças de gado no bioma.

Com o avanço da fronteira agrícola brasileira na década de 1960 e as novas técnicas de plantio desenvolvidas para o cultivo da soja em solos de baixa fertilidade, esse grão passou a ganhar destaque na região. Atualmente os estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul lideram tanto a produção quanto as exportações brasileiras de soja, tendo a China como o principal parceiro comercial.

A pesca constitui uma importante atividade econômica e de subsistência para a população pantaneira. Em outro espectro, a pesca esportiva se enquadra como atividade econômica do Pantanal, atuando como atrativo turístico para a região. O turismo se estende também para outros aspectos naturais do bioma, sendo comum a adaptação das atividades aos períodos de cheia e seca (passeios de barco, jipe, a pé, a cavalo).

Notas

|1| Pantanal vive risco máximo de degradação (Para acessar, clique aqui).

|2| Por que Pantanal vive 'maior tragédia ambiental' em décadas (Para acessar, clique aqui).

|3| Mais de 80% da área do Parque Estadual Encontro das Águas já foi atingida pelo fogo (Para acessar, clique aqui).

|4| Lei institui dia 12 de novembro como o Dia do Pantanal no Mato Grosso do Sul (Para acessar, clique aqui).  

Por: Paloma Guitarrara

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