Pampa

Pampa é um bioma localizado na porção sul da América do Sul, constituído principalmente por gramíneas. No Brasil, ele é identificado apenas no estado do Rio Grande do Sul.

O Pampa é um bioma típico do sul da América do Sul.

Pampa é um bioma localizado na porção sul da América do Sul, nos territórios do Uruguai, Argentina e Brasil. No Brasil, é reconhecido pelo nome de Pampa gaúcho. Fisionomicamente, ele é caracterizado pela vegetação de pequeno porte, constituída sobretudo por gramíneas, adaptadas ao clima temperado e relevo plano, com hidrografia formada pelos rios das bacias do Uruguai e do Atlântico Sul e fauna rica em espécies diversificadas.

Desde o processo de colonização, o Pampa é ambiente do desenvolvimento da pecuária de bovinos, amplamente adaptada à vegetação de gramíneas. Ao longo da história, cultivos agrícolas comerciais foram implantados no bioma, e, com isso, os impactos ambientais são crescentes, destacando-se a arenização.

Leia também: Pradarias — o modo como é chamado o Pampa que se encontra em outras regiões do planeta

Características gerais do Pampa

→ Localização do Pampa

Pampa é um bioma que se estende por três países na América do Sul, abrangendo uma área de aproximadamente 750 mil km2, nos territórios do Brasil, Uruguai e Argentina.

No Brasil, ele está restrito ao estado do Rio Grande do Sul, onde ocupa uma área de 176.496 km² (IBGE, 2004). Isso corresponde a 63% do território estadual e a 2,07% do território brasileiro. Recebe o nome de Pampa gaúcho aqui.

→ Clima do Pampa

O Pampa é um bioma originário do clima temperado, que se caracteriza pela evidência das quatro estações ao longo do ano e a ocorrência de chuvas regulares e bem distribuídas. As temperaturas médias ficam entre 13 ºC e 17 ºC, mas os verões são quentes, com temperaturas que podem atingir 35 ºC, e os invernos são rigorosos, com temperaturas que alcançam aos índices negativos. A precipitação média é de 1200 mm ao ano.

→ Solo do Pampa

O solo da região do Pampa é caracterizado pelo baixo grau de fertilidade e pelas grandes quantidades de areia, o que potencializa a ocorrência da erosão e de arenização. Outra característica marcante diz respeito à profundidade: solos rasos, de pouca espessura.

→ Relevo do Pampa

Pampa significa “terra plana” em língua indígena. A predominância de terras baixas e planas é a grande característica do seu relevo. Ao longo da planície do Pampa, surgem as coxilhas, elevações brandas e arredondadas. O Pampa gaúcho é um prolongamento natural dos Pampas argentino e uruguaio, que também se caracterizam pela presença maciça de terras planas e baixas.

Em termos geomorfológicos, são encontradas no Pampa brasileiro as seguintes estruturas do relevo:

  • planaltos e chapadas da bacia do Paraná, na porção oeste;

  • depressão periférica sul-rio-grandense, na porção central;

  • planalto uruguaio sul-rio-grandense, na porção leste.

→ Hidrografia do Pampa

A hidrografia dos Pampas é formada pelos rios da bacia do Uruguai e pela bacia do Atlântico Sul. Os rios apresentam um regime que se estabelece pelo clima temperado, com isso, não são marcados por diferenças de vazão, uma vez que as chuvas são regulares e bem distribuídas ao longo do ano.

Os principais rios são: Uruguai, Santa Maria, Da Prata, Jacuí, Ibicuí e Vacacaí. Em função do relevo plano, eles são navegáveis e têm elevado potencial de produção de energia hidrelétrica. Também é no Pampa que fica a maior parte do aquífero Guarani.

→ Vegetação do Pampa

A vegetação predominante é constituída por gramíneas, típicas de regiões campestres. À primeira vista, essa vegetação mostra aparente uniformidade, apresentando nas áreas mais planas um aspecto herbáceo baixo — de 60 cm a 1 m, ralo e pobre em espécies. Mas não se trata de uma vegetação totalmente homogênea. Ela varia em função das diferenças de altitude e umidade, sendo possível verificar pontos de vegetação de mata de araucárias e campos semelhantes às savanas.

Estimativas indicam em torno de 3000 espécies de plantas, com notável diversidade de gramíneas. São mais de 450 espécies delas (capim-forquilha, grama-tapete, flechilhas, brabas-de-bode, cabelos-de-porco, entre outras). Nas áreas de campo natural, também se destacam as espécies de compostas e de leguminosas (150 espécies), como a babosa-do-campo, o amendoim nativo e o trevo nativo.

→ Fauna do Pampa

A fauna é expressiva, com quase 500 espécies de aves, entre elas ema, perdigão, perdiz, quero-quero, caminheiro-de-espora, joão-de-barro, sabiá-do-campo e pica-pau-do-campo. Também ocorrem mais de 100 espécies de mamíferos terrestres, incluindo veado-campeiro, graxaim, zorrilho, furão, tatu-mulita, preá e várias espécies de tuco-tucos.

O Pampa abriga um ecossistema muito rico, com muitas espécies endêmicas, tais como: tuco-tuco, beija-flor-de-barba-azul, sapinho-de-barriga-vermelha, e algumas ameaçadas de extinção, como: veado-campeiro, cervo-do-pantanal, caboclinho-de-barriga-verde e picapauzinho-chorão.

 

Degradação e conservação do Pampa

Desde a colonização, a pecuária extensiva tem sido a principal atividade econômica da região. Ao longo dos séculos, percebe-se que progressiva introdução e expansão das monoculturas e pastagens tem levado a uma rápida degradação e descaracterização das paisagens naturais do Pampa. Estimativas de perda de habitat dão conta de que, em 2002, restavam 41,32% e, em 2008, apenas 36,03% da vegetação nativa do bioma (CSR/IBAMA, 2010).

Além disso, a arenização é um problema ambiental presente na região. Trata-se de um processo em que bancos de areia, característicos daqueles solos, atingem a superfície por conta da remoção das camadas mais superficiais do solo em função da erosão. A arenização reduz as áreas destinadas à produção agrícola e pecuarista, pois transforma solos capacitados para a produção em improdutivos, contribuindo para que mais áreas sejam devastadas.

A perda de biodiversidade também compromete o potencial de desenvolvimento sustentável, que atenua as mudanças climáticas, por exemplo, além de intensificar a erosão do solo e o sequestro de carbono da região.

Cabe destacar ainda que apenas 0,4% da área do Pampa brasileiro é protegido por lei, fazendo parte do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), o que significa que os mecanismos de proteção são insuficientes em vista da rápida degradação que o bioma vem sofrendo.

Por: Larissa Mesquita

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