O conceito de Região passou por diferentes transformações ao longo da história do pensamento geográfico.
A região é uma das principais categorias-chave da Geografia, sendo um conceito muito utilizado ao longo da história dessa ciência, pois refere-se a um determinado tipo de unidade espacial ou de parte dela. Portanto, compreender o conceito de região é de fundamental importância para entender a dinâmica dos estudos geográficos.
No entanto, não existe um conceito único e acabado do que seria região, mas diferentes compreensões ao longo da história. No início, por exemplo, os estudos do autor Vidal de La Blache consideravam a região como uma área pautada por uma característica que a diferenciava de seu entorno. Outros autores clássicos consideravam a região como uma área natural marcada por um conjunto específico de elementos climáticos, geológicos, hidrográficos e biosféricos.
Nessas concepções, é dever do Geógrafo, pois, observar, compreender e descrever minuciosamente os aspectos regionais em todas as suas especificidades. Para La Blache, inclusive, seriam os estudos regionais detalhados que dariam uma melhor perspectiva sobre a compreensão do todo a partir da soma das partes.
Para outro autor da Geografia, Richard Hartshorne, a região não seria algo natural e já existente, mas uma criação intelectual adotada pela compreensão humana, ou seja, em uma linha kantiana de raciocínio, a região não existiria de fato, sendo apenas uma apreensão humana sobre o espaço geográfico com base em um critério específico. Por exemplo: eu posso desenvolver uma regionalização do Brasil a partir das diferentes manifestações culturais existentes, criando as regiões culturais brasileiras. No caso, elas não existem de fato, sendo apenas uma divisão elaborada com base em um critério previamente escolhido.
Essa definição de região influenciou posteriormente a chamada “Nova Geografia”, corrente de pensamento geográfico pautada no Neopositivismo filosófico e calcada no racionalismo e na utilização de métodos quantitativos em suas análises. Nesse sentido, a região passou a ter um caráter de classificação das áreas, um agrupamento tecnicamente elaborado para fins específicos.
Posteriormente, avolumaram-se as críticas a esse modelo, sobretudo pela ausência de uma crítica social e pelo estabelecimento do contexto histórico no processo formador das diferentes áreas do espaço e consequentemente das regiões. A chamada Geografia Crítica, de cunho marxista, passou a considerar a região a partir de um cunho crítico das desigualdades e contradições promovidas pelo capitalismo, o que geraria regiões desiguais e, em algumas análises, “regiões que explorariam regiões”.
Novamente, uma crítica ao conceito anterior estabeleceu-se, e os geógrafos humanistas, críticos da razão extrema e da ausência da compreensão humana nas análises geográficas, reelaboraram o conceito de região. Nesse sentido, ele ficou entendido como uma área calcada na compreensão e na vivência, sendo assim, a região seria um espaço percebido, vivenciado e compreendido culturalmente pelas relações sociais e humanas. Não se poderia compreender a região, portanto, se o indivíduo não a vivenciasse.
Portanto, como já dissemos, existem diferentes conceitos de região, sendo difícil encontrar um esboço consensual de definição. Independentemente de seus debates, o conceito de região e de regionalização continua sendo muito importante para os estudos referentes ao espaço geográfico e suas características.