Níger, ou República do Níger, é um país da África Ocidental que não possui saída para o mar. Grande parte do território nigerino abarca o Deserto do Saara, tornando o país um dos mais quentes do mundo.
O nome do país é baseado no Rio Níger, que flui no território no sentido sul-sudoeste, onde são encontradas as principais aglomerações urbanas.
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Dados gerais do Níger
Observe alguns dados selecionados desse país africano de acordo com a plataforma organizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), conhecida como IBGE países.
- Nome oficial: República do Níger.
- Gentílico: nigerino, nigerense.
- Extensão territorial: 1.267.000 km²
- Localização: África Ocidental.
- Capital: Niamey.
- Climas: desértico (norte), semidesértico (centro) e tropical (sul).
- Governo: semipresidencialismo, com presidente e primeiro-ministro exercendo o poder.
- Divisão administrativa: 7 regiões administrativas (departamentos):
- Agadez,
- Diffa,
- Dosso,
- Maradi,
- Tahoua,
- Tillaberi e
- Zinder.
- Idioma: francês.
- Religiões:
- islamismo é predominante (90%)
- outras religiões africanas (10%).
- População: 24.879.633 de habitantes (2021).
- Densidade demográfica: 18,4 hab/km² (2019).
- Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): 0,394 (2020).
- Moeda: franco CFA ocidental.
- Produto Interno Bruto (PIB): 12.928 US$ × 1000000 (2019).
- PIB per capita: US$555 (2019).
- Gini: 34,4% (2014).
- Fuso horário: GMT +1, ou seja, uma hora adiantada em relação ao Meridiano de Greenwich.
- Relações exteriores:
- Organização das Nações Unidas (ONU),
- Fundo Monetário Internacional (FMI),
- Organização Mundial do Comércio (OMC),
- União Africana (UA).
Geografia do Níger
A geografia do território nigerino é bem peculiar devido à presença do Deserto do Saara em grande parte do país. Cerca de 75% da área nigerina é desértica, tornando o país extremamente quente e árido, com secas prolongadas e temperaturas que ultrapassam os 50ºC durante o dia e temperaturas negativas à noite nas áreas desérticas ao norte. Em geral, as médias termais variam entre 28ºC e 38ºC. O restante do território corresponde a uma área semidesértica denominada Sahel.
As precipitações costumam ser maiores em agosto, principalmente nas áreas sulistas do país. Por estar em uma região quente e seca, os períodos chuvosos são pequenos, variando entre um e quatro meses por ano.
Sem saída para o mar, o Níger faz fronteira com sete países:
- Nigéria,
- Chade,
- Líbia,
- Argélia,
- Mali,
- Burkina Fasso e
- Benin.
O ponto culminante do país é o Monte Gréboun, que tem uma altitude de 1.944 m. Já o ponto mais baixo está no vale do Rio Níger, a 200m de altitude, ao sul. Esse rio, no Sudoeste, é o principal recurso hídrico do país. Em seu vale estão as principais cidades nigerinas, como a capital Niamey, e outras, como Dosso e Gaya. Outros rios, afluentes do Níger, também estão presentes, como o rio Sirba, rio Dargol e rio Goroubi, todos esses com nascentes na vizinha Burkina Fasso.
Os animais que vivem no Níger são habituados ao calor e às extensas estiagens. Dromedários e gazelas são os mais comuns, muitos utilizados como forma de transporte pela população nigerina.
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Mapa do Níger
Confira o mapa do país e suas sete regiões administrativas.
Governo do Níger
O governo nigerino é exercido pelo presidente da república, eleito pelo voto popular e com um mandato de cinco anos. O presidente nomeia o primeiro-ministro, que atua como chefe de governo, sendo o presidente chefe de Estado.
Há a Assembleia Nacional, que atua como poder legislativo no país e seus membros também são eleitos por voto popular, com mandados de cinco anos, assim como o presidente.
Economia do Níger
Em termos de recursos naturais, o Níger é extremamente pobre, com áreas áridas e poucos recursos hídricos, o que dificulta a exploração do território.
A economia nigerina possui grande dependência de empresas estrangeiras, conhecidas como multinacionais, principalmente francesas, como Société des Mines de l'Aïr (SOMAIR) e Compagnie Minière d'Akouta (COMINAK), as duas maiores empresas de mineração existentes no Níger, que exploram urânio no país. O Níger é um grande produtor mundial desse minério.
A agricultura representa o maior setor na participação do PIB do país. Milheto, sorgo, mandioca, feijão, cebola e cana-de-açúcar são bastante cultivados no sul do país, assim como o arroz, que é cultivado no vale do rio Níger. Contudo, o maior destaque fica para a produção de amendoim e algodão, que são exportados para quase toda a África.
Na pecuária, os nigerinos criam ovelhas, gado bovino e cabra, utilizados para alimentação, produção de leite, peles, dentre outros aproveitamentos. Crocodilos, cobras e avestruzes servem para a indústria do artesanato, em que as peles desses animais servem como produtos comerciais que são exportados para países europeus.
Mesmo com esses recursos minerais e naturais, o Níger é uma das nações mais pobres do planeta, com baixíssimos índices econômicos, como renda per capita. A corrupção no governo e interesses empresariais estrangeiros corroboram para a pobreza social extrema.
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População do Níger
Com pouco mais de 24 milhões de habitantes, a população nigerina vive em condições precárias e sob situação de extrema pobreza. Devido às condições climáticas e geográficas, grande parte da população está nos vales de rios, como o rio Níger e o rio Sirba. Assim, a vida se baseia em costumes primários e na economia de subsistência.
Duas cidades chamam a atenção: Niamey, a capital, e Zinder, ao sul, quase na fronteira com Nigéria. Essas cidades são as maiores do Níger e concentram 1,4 milhão de habitantes (1 milhão na capital e o restante em Zinder).
Em 2015, foi criado na Europa o Fundo de Emergência Europeu, uma ajuda destinada aos países africanos de que se aproximava de 2 bilhões de euros. Dentre os beneficiários, o Níger era um dos principais devido às péssimas condições de vida de sua população.
Além da ajuda financeira, esse fundo tem como objetivo interromper a migração África-Europa, fomentando a economia local e dando suporte ao desenvolvimento social. Entretanto, líderes nigerinos criticam esse fundo, pois há países que recebem mais do que outros. Ademais, o Níger é um dos principais destinos de migrantes que fogem de conflitos na Líbia, Burkina Fasso, Chade, Sudão, o que faz com que necessite de muita ajuda financeira e social.
O idioma oficial é o francês devido à colonização feita pela França. Porém, há outros dialetos na comunidade nigerina: huaça, djerma, fulani e tuaregue, que são falados pelas tribos e etnias de mesmo nome. Na religião o Islã predomina. Mais de 90% dos nigerinos são muçulmanos, seguido de crenças tradicionais africanas e uma pequena parcela cristã.
Estimativas apontam que a população nigerina é a que mais cresce no mundo, e poderá triplicar em 2050, chegando na casa de 60 milhões de habitantes. Caso isso ocorra, os desafios sociais e econômicos serão ainda maiores, como erradicação do analfabetismo, doenças, medidas sanitárias, infraestrutura urbana, geração de renda e emprego, além de outros problemas que afetam o Níger com muita intensidade.
Breve história do Níger
No século X, o norte do continente africano foi conquistado pelos árabes, propagando a religião muçulmana por toda a região. Hoje, todos os países do norte africano são muçulmanos.
Até o século XIX, o Níger pertencia ao Império Songai. Contudo, isso foi encerrado em 1896, quando a onda imperialista europeia reservou ao atual território do Níger a colonização francesa, que durou até 1960, ano em que o país se tornou independente.
A ocupação francesa no Níger foi estratégica para tentar a unificação dos povos dominados pela França no norte e ocidente da África, além da região equatorial desse continente. Na época, songais e tuaregues resistiram ao imperialismo francês, com ênfase para as décadas de 1910 a 1930. Entretanto, a opressão europeia foi mais forte e sufocou quaisquer tentativas de liberdade e independência.
Após a Segunda Guerra, em 1946, foi fundado o Partido Popular do Níger (PPN), que buscou uma autonomia gradual para o país durante a década de 1950. Em 1958, Charles de Gaulle promoveu um referendo junto ao povo nigerino buscando alternativas para o desmembramento do governo francês. Na ocasião, a população do Níger rejeitou uma independência imediata, haja vista as péssimas condições econômicas do país.
Um governo de transição foi formado, e Hamani Diori foi o escolhido para liderar essa etapa. Sofrendo fortes pressões internas para se desligar da administração francesa, no dia 3 de agosto de 1960, foi declarada a independência do Níger, sendo Diori o primeiro presidente dessa era.
No ano seguinte, em 1961, uma ditadura iniciou e governou o país por 30 anos, com Diori no comando até 1974. Altos índices de corrupção e favorecimento para empresas estrangeiras em relação à exploração de urânio, descoberto nos anos 1970, marcaram os anos 1960 a 1990, o que estagnou ainda mais a vida econômica dos nigerinos.
Durante essas três décadas, o Níger teve três líderes: Diori (1960 a 1974), Seyni Kountché (1974 a 1987) e Ali Sabou (1987 a 1993). Em 1993, eleições diretas foram convocadas, sendo vencidas por Mahamane Ousmane, mas em 1996, os militares retornaram ao poder, sem eleições diretas.
Em 2010, uma junta militar organizou novas eleições com candidatos militares. Na ocasião, Mahamadou Issoufou assumiu a presidência no ano seguinte, governando o país até a presente data.
Bandeira do Níger
Cultura do Níger
Os nigerinos possuem alguns festivais para encerrar (ou iniciar) alguns marcos naturais e sociais. Um destes festivais é o Festival da Cura do Sal, uma celebração nômade dos tuaregues que marca o fim da estação chuvosa.
Outra manifestação cultural é promovida pela etnia Wodaabe, um festival de beleza incomum para os padrões ocidentais. O festival, conhecido como Gerewol, consiste em uma competição amorosa em que homens pintam seus rostos e vestem roupas especiais para impressionar e seduzir mulheres com danças e performances físicas. As mulheres estão na condição de juízas e escolhem um desses homens para ser seu amante, seja para um breve romance ou um casamento duradouro.
Esse festival não é feito com frequência, apenas quando há água suficiente para centenas de pessoas em um local. Os Woddabe são nômades e, quando há água, os clãs se reúnem para o Gerewol. Vale lembrar que esse povo não pratica a poligamia. Há casos em que muitos casamentos são desfeitos no Gerewol, algo absolutamente normal para o povo Woddabe.
Na culinária, o shinkafa, um bolo de arroz servido com molho de carne e vegetais regionais. Há o tattabara, carne de pombo grelhada ou assada. Nesse prato, o pombo é feito inteiro, sem cortes, que pode ser acompanhado com chá de hortelã.
Curiosidades sobre o Níger
Veja algumas curiosidades sobre o Níger.
- O nome do país é referência ao Rio Níger, o terceiro maior rio do continente africano.
- Em 2020, o país teve o menor IDH do mundo: 0,394. Esse fato fez com que o Níger ocupasse a última posição no ranking de IDH’s do planeta.
- A população nigerina está em franca expansão, considerada uma das que mais cresce, proporcionalmente, no mundo.
- O país não possui litoral.
- A taxa de natalidade do Níger é a maior do mundo, com 7,6 nascimentos por mulher.
- Mais de 70% do território nigerino é coberto pelo Deserto do Saara.
- O principal parceiro comercial do Níger é a Nigéria.
- A taxa de mortalidade infantil ultrapassa 120 por mil nascidos vivos, uma das mais altas do mundo.
- A média de escolaridade dos nigerinos é de 3,1 anos.
- Em 2019, a expectativa de vida no Níger era de 62,4 anos.
- Doenças erradicadas em alguns países, como tuberculose e malária, são endêmicas no Níger.
- Cerca de 50% da população nigerina possui 15 anos ou menos, tornando o país com a maior população jovem do planeta.
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