Mecanização do campo no Brasil

O processo de mecanização do campo no Brasil ocorreu a partir de meados do século XX e interferiu diretamente na organização do território nacional.

A mecanização do campo provocou alterações no espaço geográfico brasileiro

O espaço geográfico é condicionante e também condicionado pelas transformações que nele ocorrem. Um exemplo é o processo de mecanização do campo vivenciado pelo Brasil ao longo do século XX que, aliado a outros fatores (tais como a industrialização), proporcionou profundas modificações na forma de organização espacial da sociedade no país.

O início do processo de industrialização do Brasil ocorreu após a Segunda Guerra Mundial, muito embora o país tenha iniciado essa fase sob uma forte dependência da importação de maquinários estrangeiros. Tanto é que, inicialmente, houve uma dificuldade tanto na adaptação quanto na manutenção dos maquinários.

Com o tempo, sobretudo com o avanço e instalação de multinacionais no país – o que incluiu empresas ligadas aos meios de produção do campo –, a instrumentalização dos maquinários foi encontrando meios mais adequados para firmar-se, o que gerou alguns impactos diretos.

Entre as consequências do processo de mecanização agrícola no Brasil, podemos enumerar:

a) Aumento da produtividade. Houve um grande ganho com a produtividade agrícola graças à instalação de maquinários mais eficazes nos processos de semeadura, colheita e processamento.

b) Aumentos das exportações. A política agrícola brasileira, ao longo de toda a sua história, esteve marcada pela concentração de terras e pelo desenvolvimento de monoculturas exportadoras. Com as transformações do campo, isso não mudou, pelo contrário, intensificou-se, inserindo o Brasil entre os primeiros do mercado internacional em muitos segmentos, notadamente o café, a soja e, mais recentemente, a cana-de-açúcar, entre outras variedades.

c) Intensificação do êxodo rural. Com a mecanização do campo, boa parte da mão de obra empregada nas propriedades rurais foi substituída por maquinários, que demandavam do proprietário um menor custo e apresentavam um melhor desempenho econômico. Com isso, a migração em massa de trabalhadores do campo para a cidade – o êxodo rural – intensificou-se, o que colaborou para a aceleração da urbanização, já intensificada pelo crescimento da industrialização do país.

d) Expansão da fronteira agrícola. Graças à transformação nas técnicas de cultivo, foi possível expandir as áreas agricultáveis. Um exemplo clássico é o avanço da fronteira agrícola sobre o Cerrado graças ao desenvolvimento de técnicas que permitiram corrigir a excessiva acidez dos solos desse bioma, o que aumentou a produção, mas acarretou a devastação de boa parte das áreas naturais.

Portanto, é possível perceber a forma com que a organização do espaço geográfico foi alterada com o processo de mecanização do campo, uma evidência de como o meio social é transformado pela evolução das técnicas e dos objetos tecnológicos. 

Por: Rodolfo F. Alves Pena

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