A glaciação corresponde ao período geológico de diminuição intensiva das temperaturas médias do planeta, com expansão da cobertura de gelo sobre a superfície.
Entende-se por glaciação o evento geológico em que o planeta passa a apresentar condições climáticas com baixíssimas temperaturas médias, tendo a maior parte de sua superfície congelada ou recoberta por gelo. Os estudos geológicos realizados sobre o assunto dão conta de que a última era glacial ocorreu há 60 milhões de anos, durante a Era Cenozoica, quando ainda não existiam os seres humanos.
É necessário estabelecer uma distinção entre era glacial e período glacial. Enquanto as eras glaciais são mais longas, sendo medidas em vários milhões de anos, os períodos glaciais costumam ser contados em milhares de anos ou poucos milhões, além de terem ocorrência mais frequente que as eras. Há, inclusive, estudos que afirmam que a Terra passou por quatro períodos glaciais ao longo do último um milhão de anos. Além disso, estudos indicam que está iniciando, ao longo dos próximos dois mil anos, um novo período glacial.
O fato é que diferentes glaciações com distintas intensidades ocorrem. Quando mais fracas, elas limitam-se a áreas relativamente próximas às regiões polares, nos extremos norte e sul do planeta. Quando mais fortes, as glaciações aproximam-se o máximo possível da Linha do Equador, região do planeta que recebe com maior força a radiação solar.
Nesse sentido, considera-se que a última “era do gelo” com maior intensidade tenha ocorrido há 2,5 milhões de anos, e o seu degelo – período chamado de interglaciação – foi o responsável pela inauguração da atual era geológica, iniciada há cerca de 10 mil anos: o Holoceno.
Causas da Glaciação
Há um amplo debate no campo das Ciências da Terra para definir exatamente o que causa uma glaciação, mas existem propostas mais aceitas sobre os conjuntos de fatores responsáveis. O que se sabe é que a atividade solar e as variações com que a radiação emitida por ela chega ao nosso planeta são os elementos mais preponderantes.
Em 1920, Milutin Milankovitch, um pesquisador sérvio, enumerou três fatores que interferem na chegada dos raios solares ao nosso planeta, que poderiam ser considerados, então, como as causas da glaciação: a) A inclinação do eixo rotacional; b) a precessão dos equinócios e c) o deslocamento do periélio.
A inclinação do eixo de rotação corresponde ao grau de variação do eixo da Terra sobre o plano vertical. Ao longo de milhares de anos, sabe-se que esse eixo sofre algumas variações, que giram em torno dos 21º8’ ao 24º5’, variando o grau de inclinação também dos raios solares sobre o planeta.
A precessão dos equinócios, um dos 14 movimentos realizados pelo planeta Terra, é o movimento circular realizado pela projeção do eixo de rotação terrestre no sentido horário e tem uma duração cíclica de 25.770 anos, que é o tempo que o planeta leva para completar uma volta em torno do eixo de sua eclíptica. Ao longo desse tempo, é possível que haja variações climáticas decorrentes da forma com que o planeta absorve a radiação solar.
O periélio é o momento da órbita translacional terrestre em que a Terra encontra-se mais próxima do sol e, portanto, é quando ela recebe mais calor. No entanto, a posição e distância desse momento variam ao longo dos milênios e, quando mais distante, há um menor aquecimento terrestre e, consequentemente, um ambiente natural mais favorável às glaciações.
Na glaciação de 2,5 milhões de anos atrás, mencionada anteriormente, estima-se que grande parte do oceano Ártico e do norte do Pacífico tenha sido congelada. Segundo algumas teorias, isso teria propiciado o deslocamento de grupos humanos da Ásia para a América, configurando aqueles que seriam as primeiras “sementes” das civilizações pré-colombianas, como os Astecas, os Incas e os Maias.