A fronteira agrícola no Brasil corresponde à faixa de terras continuamente ocupada para a expansão agropecuária sobre o território.
Fronteira agrícola é uma expressão utilizada para designar as áreas de avanços da ocupação de terras para a realização de práticas agropecuárias. No caso do território brasileiro, ela existe desde os tempos coloniais, quando se iniciou o avanço territorial sobre a faixa da Mata Atlântica para a implantação de práticas monocultoras.
Ao longo da história brasileira, a fronteira agrícola já passou por diversos estágios. Depois da ocupação da Mata Atlântica, ela disseminou-se no Sul do país e, mais recentemente, ocupou toda a região correspondente ao Cerrado brasileiro. Atualmente, ela encontra-se em ampla expansão em direção à Floresta Amazônica.
Desmatamento da Amazônia no norte do Mato Grosso cedendo espaço para a agricultura
A instrumentalização dos avanços da agricultura sobre os espaços rurais acontece, predominantemente, pela expansão do agronegócio, além da exploração das madeiras retiradas das áreas florestais devastadas. Essa zona, em geral, costuma marcar o conflito pela posse da terra, geralmente envolvendo posseiros (trabalhadores rurais que ocupam terras públicas em busca de alimento) e grileiros (pessoas que falsificam documentos e tomam posse de áreas públicas para a realização de práticas agrícolas ou pecuárias).
Antes das décadas de 1960 e 1970, a região do Cerrado brasileiro era considerada um verdadeiro entrave para a expansão agrícola. Isso porque a maioria dos solos não era considerada agricultável, em função de seus elevados índices de acidez. No entanto, com os avanços tecnológicos que caracterizaram a Revolução Verde, esse problema foi superado através do descobrimento da técnica de calagem, que permitiu a correção dos solos. Além disso, a difusão de uma rede de infraestrutura, logística e serviços acelerou o então recente processo de ocupação agrícola do Cerrado.
O resultado foi o rápido e intenso avanço – sobretudo da soja – sobre o Cerrado, que teve a maior parte de suas reservas devastadas pelo agronegócio, com menos de 20% de sua área original ainda restante. Tal contexto suscita as grandes críticas referentes à modernização do campo, uma vez que o espaço natural foi amplamente destruído e, em contrapartida, os problemas alimentares não foram resolvidos, haja vista que a maior parte da produção atual no Brasil dedica-se ao mercado externo.