Êxodo rural

O êxodo rural pode ser definido como a migração de pessoas da zona rural (campo) para a zona urbana (cidade), o que pode acontecer por diferentes razões: climáticas, econômicas, ambientais, sociais, políticas, entre outras. 

Esse movimento ocorre em todas as partes do mundo, seja em países desenvolvidos, seja em países subdesenvolvidos, e está associado diretamente à urbanização das cidades, aumento populacional nas áreas urbanas e problemas no campo (que variam de acordo com o motivo da migração).

Leia também: Quais as relações entre o espaço rural e o urbano?

Causas do êxodo rural

Êxodo rural é a emigração do campo para a cidade.

A migração campo-cidade sempre ocorreu na história da humanidade, ora de forma mais branda, ora de forma mais intensa, principalmente após as grandes transformações espaciais, como a Revolução Industrial e a proliferação das indústrias pelo mundo, processo que recebe o nome de industrialização.

Entretanto, reduzir essa migração a fatores industriais é reduzir as suas causas, que podem acontecer por vários motivos, e a industrialização é só mais um deles.

O habitante da zona rural, em geral, muda-se para a cidade em busca de melhores condições de vida e oportunidades. Veja a seguir alguns dos fatores para a ocorrência desse processo:

  • climáticos, como ocorre nas áreas áridas do mundo, já que a falta d’água afeta diretamente a vida nessas localidades;
  • políticos, como quando os moradores das zonas rurais não encontram suporte local para continuar a vida nessa área;
  • sociais, como em busca de emprego e renda, quando não os encontram na zona rural;
  • ambientais, como ocorre quando tragédias naturais atingem as zonas rurais, obrigando os habitantes a procurarem outra moradia.

Das causas citadas, a busca por emprego, renda e melhores oportunidades de estudo e ascensão social é a mais frequente. Isso acontece com a mecanização agrícola vivenciada nas últimas décadas, promovida pelas mudanças oriundas da Revolução Verde, nos anos 1960-70.

A mecanização agrícola faz com haja diminuição da mão de obra utilizada no campo, tornando-a mais qualificada. Pequenos produtores rurais não conseguem competir com grandes latifundiários e acabam em desvantagem no mercado, diminuindo renda e enfrentando dificuldades. Com isso, mudam-se para as cidades em busca de trabalho e sobrevivência.

O êxodo rural sempre existiu, mas foi intensificado no século XX, com os avanços tecnológicos no campo. Essa migração contribuiu para o crescimento das cidades em razão do aumento populacional, que muitas vezes ocorreu de forma desordenada e sem planejamento.

Veja também: Mobilidade urbana – infraestrutura relacionada ao deslocamento nas cidades

Consequências do êxodo rural

O fenômeno do êxodo rural traz consequências significativas para o espaço geográfico e a relação dos seres que nele vivem. Grande parte do crescimento populacional nas cidades que se industrializaram no século XIX ocorreu graças à migração campo-cidade, pois o foco dos migrantes eram as zonas urbanas, em busca de emprego e melhores oportunidades.

Todo esse crescimento que aconteceu de forma acelerada trouxe sérios problemas urbanos, como:

A indústria acelerou o crescimento das cidades e intensificou o êxodo rural.

Durante o século XX, esses problemas foram sanados, de forma gradativa, com a implantação de sistemas de tratamento de esgoto, coleta de lixo e pavimentação asfáltica. Contudo, cidades que tiveram esse pico de crescimento populacional no século passado sofrem com os problemas citados anteriormente.

Além do crescimento populacional urbano, o êxodo rural proporciona um esvaziamento rural, podendo gerar concentração fundiária por parte de quem consegue se manter no campo e adquire as propriedades de quem teve que se mudar para a cidade.

O êxodo rural também pode trazer para o espaço urbano graves problemas ambientais, como a ocupação de áreas irregulares, como encostas de morros e locais próximos a rios canalizados, além de ocupações e bairros sem nenhum planejamento urbano.

Poluição ambiental causada pelo excesso de lixo nas cidades.

Todavia, o aumento da população das cidades pode aquecer o mercado consumidor e a oferta de mão de obra, tornando a cidade competitiva no âmbito regional e até nacional.

Êxodo rural no Brasil

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o índice de urbanização no Brasil em 1940 era de 26,3%, ou seja, pouco mais de 26% da população brasileira morava em áreas urbanas. Quarenta anos depois, em 1980, esse índice estava próximo de 70%, mais que dobrando a população urbana em relação à população rural.

Esse rápido crescimento deveu-se a três fatores: industrialização, busca de oportunidades e êxodo rural, todas as três atreladas simultaneamente.

A industrialização brasileira, sobretudo a partir de 1930, promoveu uma forte migração para as cidades, principalmente as localizadas na região Sudeste, em especial no estado de São Paulo. Com essa migração, as pessoas vinham em busca de trabalho e oportunidades, a fim de melhorar a vida.

Entretanto, não havia correspondência em relação ao número de pessoas e o número de empregos disponíveis. O resultado foi um superpovoamento das áreas urbanas, surgimento de bairros em áreas que não eram próprias para serem ocupadas, favelas, subempregos, desemprego e aumento da pobreza. As cidades não comportaram o grande fluxo populacional, o que acarretou graves problemas ambientais e urbanos.

Nem sempre a busca por melhores condições de vida é alcançada.

Algumas cidades superaram esses problemas investindo em infraestrutura urbana, cidades compactas — para evitar grandes deslocamentos — e escolarização de seus habitantes. Mesmo assim, ainda há muito a ser feito, pois há muita gente vivendo em condições similares às do século passado.

Acesse também: Quais as causas dos problemas sociais urbanos no Brasil?

Exercícios resolvidos

Questão 1 – (IFPE 2017) Em relação ao processo de urbanização no Brasil, é CORRETO afirmar que:

A) a industrialização influenciou o êxodo rural e acelerou o aumento da taxa de urbanização.
B) as primeiras cidades surgem apenas no século XIX com a chegada da família real portuguesa à colônia.
C) as maiores regiões metropolitanas, como a de São Paulo, são as que apresentam maior ritmo de crescimento.
D) comparativamente às demais regiões, a região Norte é a que possui a menor taxa de urbanização.
E) assim como o Rio de Janeiro e Brasília, Recife é uma metrópole nacional, visto que influencia todo o país.

Resolução

Alternativa A. No Brasil, o avanço das indústrias atingiu, de forma indireta, as zonas rurais e promoveu a aceleração do processo de desenvolvimento das cidades (urbanização).

Questão 2 – (UFRGS 2016) O deslocamento diário de pessoas entre municípios que fazem parte de uma mesma região metropolitana é denominado de

A) migração pendular.
B) migração internacional.
C) migração interestadual.
D) emigração.
E) êxodo rural.

Resolução

Alternativa A. As migrações pendulares são os movimentos diários que fazemos na cidade em que moramos, ou na região metropolitana, em caso de cidades grandes. Migração internacional é o movimento de pessoas entre diferentes países; migração interestadual ocorre entre os estados; emigração é a saída de pessoas de determinado local; e êxodo rural é a saída de pessoas do campo (zona rural) para a cidade (zona urbana).

Por: Átila Matias

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