O estresse hídrico, em seu aspecto socioeconômico, é um problema que vem se alastrando para várias partes do mundo, atingindo uma grande quantidade de pessoas.
O estresse hídrico é um problema socioeconômico e estrutural que, ao sinal de várias previsões, vem se alastrando em diversas partes do mundo, onde a escassez de água ou o excesso no nível de consumo transformam a realidade da população em algo dramático. Várias localidades hoje dependem da importação de água ou da redução de seu consumo por parte da população e de vários setores da economia.
Mas o que é estresse hídrico?
O conceito de estresse hídrico foi elaborado para designar a relação entre o total de água utilizado anualmente em um determinado local ou território e a disponibilidade desse recurso, que se traduz pela diferença entre os níveis de pluviosidade e evaporação na área em questão. Em outras palavras, podemos dizer que ocorre uma situação de estresse hídrico quando a quantidade de água utilizada é superior à sua capacidade de reposição natural, o que faz com que as reservas disponíveis – caso existam – gradativamente se reduzam.
A grande questão é: a menor parte da água disponível da Terra é própria para consumo (menos de 3%). Desse montante, a maior parte encontra-se em locais de impossível acesso (geleiras e outros locais) ou de difícil extração (alguns aquíferos e reservas subterrâneas). Além disso, se considerarmos apenas as reservas de água para consumo, nota-se que elas se encontram mal distribuídas pelo mundo, o que também ocorre com a população, que se concentra mais em algumas áreas do que em outras.
Desse modo, existem algumas regiões em que o número de habitantes e os seus níveis de consumo de água – incluindo as suas atividades econômicas – são muito superiores à disponibilidade natural hídrica. Em outras áreas, porém, a água encontra-se disponível, porém não há recursos ou sistemas de infraestrutura suficientes para atender toda a população, o que caracteriza uma escassez hídrica econômica.
Para a Organização das Nações Unidas, o estresse hídrico inicia-se em uma região quando mais de 30% das águas de suas bacias hidrográficas são empregadas para sustentar as atividades econômicas e sociais. Quando esse índice iguala ou ultrapassa os 70%, caracteriza-se, então, um caso de estresse hídrico grave.
Baseada em estudos realizados por especialistas em saúde e também por hidrologistas, a ONU considera que a quantidade ideal de consumo de água por pessoa é de 100 litros. Quando a disponibilidade para uso direto é menor do que essa, considera-se que a população está em uma situação de risco ou de calamidade social. Por esse motivo, o principal objetivo é garantir o acesso à água por parte de todos os habitantes do planeta.
Hoje existem várias áreas do planeta que sofrem com problemas de estresse hídrico, a exemplo de algumas regiões da Índia e do sul da Ásia em geral, do Oriente Médio, da África e também de algumas localidades dos Estados Unidos, além de zonas da China e de muitos outros países. Segundo entidades internacionais, em 2025, esse cenário deve intensificar-se, pois as regiões acima citadas – sobretudo o norte africano – deverão enfrentar índices severos de escassez hídrica. Nesse cenário, dois terços da população mundial passarão por esse problema, desde que os índices de consumo e disponibilidade de água sejam mantidos.
Nesse sentido, são necessárias várias medidas para combater o estresse hídrico no mundo, tais como: garantir a conservação dos recursos hídricos existentes (rios, mananciais, aquíferos, etc.) por meio da preservação da vegetação e do meio ambiente; promover medidas de redução do consumo e reaproveitamento da água; adotar novas formas de uso e reúso da água, como métodos de eficiência no tratamento ou o aperfeiçoamento das técnicas de dessalinização da água do mar. O que está em jogo, nesse caso, é a qualidade de vida de várias pessoas no mundo e a sustentabilidade dos recursos hídricos.