As erosões urbanas são causadas pela ocupação irregular e ausência de planejamento, gerando graves prejuízos socioambientais.
Os processos erosivos caracterizam-se pelo excessivo desgaste das formas de relevo, com o posterior transporte e deposição dos sedimentos produzidos, provocando alterações nas composições estruturais da Terra. Embora também possa manifestar-se de forma natural, as erosões são intensificadas pelas práticas humanas e tornam-se, muitas vezes, um problema de ordem ambiental para o desenvolvimento das sociedades.
As erosões urbanas ganham uma atenção especial no contexto dessa problemática, pois ocorrem em áreas de grande adensamento populacional e onde as atividades humanas encontram-se justapostas entre si. Assim, mesmo que em pequena escala, os impactos gerados podem provocar grandes prejuízos materiais e até a perda de vidas ou propriedades.
Nos noticiários, eventualmente são anunciados casos de pequenas ou grandes cidades que sofrem os duros impactos das grandes erosões. Algumas cidades chegam a declarar estado de calamidade pública, dado o avanço das grandes crateras formadas em áreas residenciais, provocando a perda de moradia por parte de muitas pessoas e risco de vida para a população.
A ocorrência das erosões nas cidades pode materializar-se das mais diversas formas, mas quase sempre está associada à remoção da vegetação e manifesta-se em períodos chuvosos, quando o solo encontra-se muito saturado e começa a ceder. Além disso, a falta de planejamento urbano e a expansão da ocupação de áreas de risco tornam o problema ainda mais dramático, o que evidencia o fato de a questão não ser somente geomorfológica, mas sobretudo socioeconômica.
Uma das formas de erosão urbana é a fluvial, ou seja, o tipo que se manifesta nas margens de rios, causada pela remoção da mata ciliar para construção de casas ou realização de atividades diversas. Assim, o escoamento das águas das chuvas e a elevação do nível dos rios provocam impactos em suas margens, fazendo o terreno ceder e levar consigo tudo o que estiver próximo.
Em áreas de vertentes, esse problema também é comum, com a construção de residências em áreas inclinadas (também em substituição da vegetação) e com a impermeabilização do solo com concreto e asfalto, o que aumenta a força de escoamento da água e os seus impactos erosivos. Assim, podem surgir grandes voçorocas e até casos de desabamentos, oriundos da movimentação das massas de terra erodidas.
Além dos impactos no âmbito das áreas residenciais e comerciais, as erosões também afetam o fluxo dos rios que passam pelas cidades, uma vez que aumentam a deposição de sedimentos sobre os seus leitos. Assim, formam-se os bancos de areia em seus cursos, amplia-se o alargamento de suas margens e provoca-se, ora a extinção desses rios, ora o seu transbordamento e as consequentes enchentes em tempos de cheia.
As erosões manifestam-se como uma face dos vários problemas ambientais vividos nas cidades, muitos deles decorrentes da ausência de planejamento urbano e das contradições sociais que se manifestam no espaço geográfico. Nesse sentido, muitas cidades do Brasil e de outros países carecem de uma reorganização em termos de estrutura, com o direcionamento de casas atualmente em áreas de risco, recuperação da vegetação e aumento das tarefas previstas em planejamentos urbanos.
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