O processo de desertificação no Brasil atinge, em maior medida, a região Nordeste e resulta da combinação entre o uso inapropriado do solo e baixos índices de precipitação.
A desertificação, como sabemos, corresponde ao processo de degradação dos solos em áreas onde os índices de evaporação são superiores aos de precipitação. Com isso, áreas desprovidas de vegetação ou desmatadas deterioram-se e tornam-se improdutivas. No Brasil, graças ao uso indevido do solo e ao clima árido de algumas regiões, esse problema ambiental vem tornando-se cada vez mais intenso.
Para entender o processo de desertificação no Brasil, é preciso, antes de tudo, ter consciência da diferença entre desertificação e arenização. Essa última desenvolve-se em solos arenosos onde o regime de chuvas é superior a 1400mm, um valor superior ao índice de evaporação. A arenização é mais comum na região Sul do país, ao passo que a desertificação é mais frequente na região Nordeste, apresentando-se também no cerrado tocantinense e na porção norte do estado do Mato Grosso.
Segundo um relatório divulgado pelo Ministério do Meio Ambiente em 2010, o Brasil apresenta 13% de seu território suscetível à desertificação, em razão do fato de toda essa área ser composta por climas áridos, semiáridos e subúmidos, em que os períodos de estiagem são muito rigorosos e às vezes longos. Em virtude dessa suscetibilidade, essas regiões requerem uma atenção especial e um uso responsável da Terra, além da preservação da vegetação.
Segundo um mapeamento realizado pela Universidade Federal do Alagoas, a desertificação do Nordeste brasileiro já atingiu uma área de 230 mil km² em 2013. Tanto a área já desertificada quanto a área mais propícia para o avanço do problema encontram-se no estado do Ceará, principalmente na região do município de Irauçuba. Ao todo, o desequilíbrio ambiental gerado afeta um número estimado próximo a 400 mil pessoas.
Nesses casos, a elevada escassez de água e o esgotamento dos solos geram uma desidratação tão acentuada da superfície que não é possível produzir absolutamente nada, o que transforma as áreas afetadas em verdadeiros desertos. Assim, mesmo com as chuvas posteriores, nenhum tipo de vegetação se desenvolve e nenhuma forma de exploração do solo torna-se possível. Portanto, além de ser um problema de ordem ambiental, a desertificação no Brasil é encarada também como um desafio econômico que afeta milhares de habitantes, a maioria de baixa renda.
As principais causas da desertificação no Brasil envolvem o intensivo desmatamento das áreas já previamente suscetíveis, além da exploração dos nutrientes do solo de maneira não sustentável. O problema agrava-se quando a população padece de infraestrutura econômica, além da falta de investimentos, por parte do Estado, que poderiam evitar o problema, como a criação de reservas, auxílio para a agricultura familiar e o incentivo a técnicas agrícolas que conservem a estrutura superficial do relevo.