Os conflitos internos na África são causados, principalmente, pelo modelo de colonização implantado nesse continente.
Embora tenha sido o palco do desenvolvimento de grandes e ricas civilizações, a África possui atualmente os piores indicadores sociais do mundo. Grande parte de sua população enfrenta problemas sociais graves, como a fome, a subnutrição e a proliferação de doenças, que causam uma grande mortalidade da população na maioria dos países africanos. Entre as várias razões para essa situação tão crítica, que já começa a apresentar sinais de melhora, destacam-se, em virtude de sua relevância, os conflitos internos que causaram a morte de milhares de pessoas e atrasaram o desenvolvimento econômico e social da maioria dos países africanos.
A origem desses conflitos está relacionada com o modelo de colonização implantado no continente durante o século XIX. Com o desenvolvimento industrial da maioria das grandes potências da Europa e a independência de suas colônias americanas, os países europeus aceleraram a exploração do continente africano para garantir o abastecimento de matérias-primas em suas indústrias.
A divisão do continente africano foi definida pela Conferência de Berlim (1884-1885) e baseou-se exclusivamente nos interesses das potências europeias, não considerando as diferenças culturais dos povos que viviam no território africano. Com o enfraquecimento das potências europeias após a Segunda Guerra Mundial, vários países africanos conquistaram a sua independência. Apesar de terem se tornado independentes, a maior parte dos Estados africanos desenvolveu-se sem uma identidade nacional ou condições básicas de sobrevivência.
Como a colonização do continente africano baseou-se na exploração dos recursos naturais do continente e na produção de produtos agropecuários nas plantations, os Estados africanos não possuíam uma estrutura que favorecesse o desenvolvimento econômico e social para garantir a sua soberania nacional. Além disso, a maioria dos países da África não foi formada a partir de uma nação ou da convivência natural de várias nações, mas, sim, por um conjunto de etnias, com características culturais muito diferentes, que muitas vezes foram obrigadas pelos colonizadores a conviver em um mesmo espaço e continuaram a fazer parte do mesmo território após a independência.
Sem o auxílio das antigas potências, que antes reprimiam qualquer conflito em território africano com extrema violência, surgiram vários conflitos internos na maioria dos países africanos. Os conflitos mais violentos aconteceram em Ruanda, Mali, Senegal, Burundi, Libéria, Congo, Somália, Serra Leoa, Etiópia, Argélia, Sudão e África do Sul e foram motivados por diversas razões, a saber:
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As diferenças culturais da população: Com a definição arbitrária das fronteiras, de acordo com os interesses dos colonizadores, várias etnias foram obrigadas a conviver em um mesmo território nacional. Após a independência, essas etnias entraram em conflito para definir qual delas governaria o país. Um exemplo disso foi o conflito interno em Ruanda que foi motivado por uma disputa entre a maioria hutus e a minoria tutsi pelo poder no país, ocasionando o genocídio de mais de 800 mil pessoas. O conflito só teve fim com a assinatura de um acordo de paz em 1994.
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Disputas territoriais: Após a independência, alguns países entraram em conflito para redefinir suas fronteiras, o que causou muitas mortes. Um exemplo disso foi a disputa territorial entre a Somália e a Etiópia para definir a quem pertenceria o deserto de Ogaden na década de 1970. O conflito teve fim em 1988 e provocou uma intensa crise econômica nos dois países, principalmente na Somália, o que motivou o surgimento de diversos grupos políticos que disputavam o poder do país ou reivindicavam a sua independência, como no caso da região da Eritreia, que pertencia à Etiópia.
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Subdesenvolvimento: Como grande parte dos países africanos não possui condições sociais e econômicas que garantam a sobrevivência de sua população, é muito comum a ocorrência de revoltas ocasionadas pela insatisfação popular em razão da falta de alimento, trabalho, moradia etc.
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Causas ambientais: Vários conflitos territoriais foram motivados pelo controle de recursos naturais, escassez de água etc.