O Canal de Suez é uma via de navegação construída no Egito, na Península do Sinai. O canal está localizado entre as cidades de Porto Saíde, ao norte, e Suez, ao sul, fazendo assim a conexão entre os mares Mediterrâneo e Vermelho. O estabelecimento desse novo caminho encurtou as distâncias entre a Ásia e a Europa, tornando as trocas comerciais muito mais eficazes. Em função disso, ele se tornou uma das principais rotas marítimas do mundo.
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Quais as características do Canal de Suez?
O Canal de Suez é em uma via de navegação construída no Egito, na região da Península do Sinai, em uma área conhecida como istmo de Suez. O canal é responsável por interligar o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho, estendendo-se das cidades de Porto Saíde, ao norte, e Suez, inserida no golfo de mesmo nome no sul do país. Consiste no caminho mais curto entre a Europa e a Ásia, tornando-se, por conta disso, uma rota estratégica para o comércio internacional.
Possui uma extensão de 193,3 quilômetros, 365 metros de largura e 24 metros de profundidade. Uma vez que suas águas se encontram no mesmo nível do mar, não houve a necessidade da construção de eclusas para o nivelamento durante a passagem das embarcações. Esse é um importante aspecto que o diferencia do Canal do Panamá. O tempo de travessia do Canal de Suez pode variar de 11 a 18 horas.
As suas métricas foram se modificando e ampliando com o passar do tempo, adaptando-se, assim, às características dos navios cargueiros modernos. Para podermos comparar com os dias atuais: quando da sua abertura oficial nos idos de 1869, o canal possuía apenas 8 metros de profundidade e uma largura superficial que variava entre 61 e 91 metros.
Fazem parte do trajeto percorrido pelo Canal de Suez três áreas onde se formaram grandes lagos: Manzala, o mais setentrional deles, Timsah e os Lagos Amargos.
A administração fica sob responsabilidade do governo egípcio, por meio da Autoridade do Canal de Suez (SCA, sigla em inglês), órgão criado em 26 julho de 1956.
Qual a importância do Canal de Suez?
O Canal de Suez representa atualmente a rota mais curta que faz a conexão entre o Oceano Índico e o Mar Mediterrâneo, facilitando o translado e o escoamento de mercadorias entre os continentes asiático e europeu. Antes da criação dessa via, os navios mercantes eram obrigados a contornar a África pelo Cabo da Boa Esperança, que fica no extremo sul do continente. O novo sistema diminuiu consideravelmente o tempo de viagem entre essas duas regiões, além de contribuir para a redução dos gastos com combustíveis e outros custos relativos aos deslocamentos.
Entre os produtos que fazem a sua travessia diariamente, estão o petróleo e o gás natural, reforçando o caráter estratégico que essa via adquire para o comércio internacional, tendo em vista a sua proximidade com grandes áreas produtoras e exportadoras dessas commodities. Assim como os derivados do petróleo, todos os dias cargas com grãos, automóveis, minerais, carvão e cimento transitam pelo Canal de Suez em ambos os sentidos.
Os dados oficiais publicados pela Autoridade do Canal de Suez mostram que, em 2019, um total de 18.880 embarcações se deslocaram por esse caminho, carregando milhões de toneladas em produtos. Isso representa uma média de 50 navios cruzando as águas de Suez diariamente. Colocando em perspectiva, o fluxo registrado para o canal representa 12% de todo o comércio internacional. |1|
Localmente, a via é responsável pela geração de receitas para o Egito, as quais chegam à cifra dos bilhões de dólares, contribuindo significativamente para a economia do país. Além disso, o processo de construção e funcionamento do canal levou à instalação de cidades nas suas margens, até então pouco povoadas.
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História do Canal de Suez
Muito antes da construção do atual Canal de Suez, já se especulava sobre a sua viabilidade, e as primeiras escavações feitas para o estabelecimento de uma via de comunicação entre os mares Vermelho e Mediterrâneo datam do Antigo Egito.
A construção do Canal de Suez aconteceu na segunda metade do século XIX, após uma série de estudos franceses que vinham sendo realizados desde o início desse período. O projeto foi desenvolvido por Ferdinand de Lesseps, e a Companhia do Canal de Suez recebeu uma outorga de 99 anos para operar o sistema após a conclusão das obras, que tiveram início em 1859. Uma década mais tarde, em 17 de novembro de 1869, o Canal de Suez foi oficialmente inaugurado.
O canal foi nacionalizado no ano de 1956 pelo então presidente do Egito, Gamal Abdel Nasser. A ação não foi bem recebida internacionalmente, sobretudo pela França e Grã-Bretanha, o que resultou em uma intervenção direta na Península do Sinai com o auxílio de Israel. O conflito teve fim com a intervenção da ONU pouco tempo depois, mediante o aval do seu Conselho de Segurança, que incluía países como os Estados Unidos e União Soviética. Com isso, o canal passou a ser definitivamente administrado pelo Egito.
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Novo Canal de Suez
O novo Canal de Suez é uma via de 35 km paralela ao canal principal que tem como objetivo ampliar a capacidade de navegação do primeiro e aumentar a sua competitividade no cenário internacional. A nova rota reduziria a espera para a travessia, bem como o tempo gasto no percurso, além de permitir que os navios percorram simultaneamente as vias em ambos os sentidos, tornando o processo do translado mais eficaz. As obras de ampliação do Canal de Suez foram inauguradas em 2015.
Acredita-se que, até 2023, ano para o qual está prevista a sua finalização, 97 embarcações serão capazes de passar pelo canal diariamente, superando a cifra atual, que é de 49. Há ainda a estimativa de que as receitas geradas pela expansão passem dos atuais US$ 5,3 bilhões para US$ 13,226 bilhões. O grande salto nos rendimentos refletiria positivamente no desenvolvimento econômico do Egito, estendendo o leque de benefícios para outros setores produtivos, bem como para a população local, conforme expectativa governamental.
Exercícios resolvidos
1) Trata-se de um dos principais canais de navegação mundial, o qual desempenha papel estratégico no comércio internacional por representar uma rápida via de conexão entre os continentes europeu e asiático.
a) Canal do Panamá.
b) Canal da Mancha.
c) Canal de Kiel.
d) Canal de Suez.
Resolução: Alternativa D. O Canal de Suez encurtou o trajeto a ser realizado pelas embarcações que se deslocam entre a Europa e a África, interligando os mares Mediterrâneo e Vermelho.
2) “A crise comercial global desatada na terça-feira, quando o navio porta-contêineres Ever Given bloqueou o canal de Suez, se agrava. Com a navegação suspensa desde quinta até novo aviso, e diante da possibilidade de que a delicada operação para fazer com que o barco encalhado volte a flutuar possa demorar dias e até semanas, algumas empresas navais já começaram a desviar seus barcos através da rota que circunda a África, apesar de ser mais longa e complicada.”
ESPAÑOL, Marc. Rotas alternativas ao bloqueio do canal de Suez não são viáveis para todos e oferecem risco de ataques. Jornal El País, 27 mar. 2021. Disponível aqui.
Um bloqueio ao trânsito no Canal de Suez pode gerar prejuízos à economia global, conforme demonstra o trecho da reportagem transcrito acima. Aponte nas alternativas abaixo um dos fatores que conferem a esse canal tamanha importância para o comércio internacional.
a) Trata-se da única via de navegação existente entre a Europa e a Ásia.
b) É responsável pela geração de uma parcela significativa de receitas para o Egito, país que administra o canal.
c) Através dele trafega uma parcela do petróleo e do gás natural produzidos e exportados pelos países do Oriente Médio.
d) O transporte de mercadorias pelo canal representa mais da metade do comércio internacional.
Resolução: Alternativa C. O canal representa uma importante rota marítima para o petróleo e seus derivados produzidos no Oriente Médio. Embora a alternativa B esteja correta, ela descreve a importância do Canal de Suez para o contexto nacional egípcio, e não para o comércio global.
Notas
|1| O GLOBO. Por que o Canal de Suez é tão importante e como o navio encalhado afeta o comércio mundial. Jornal O Globo, 26 mar. 2021. Disponível aqui.