Quadrilha

A quadrilha é a dança tradicional da Festa Junina. Originalmente uma dança de salão da elite europeia, ela se tornou uma das danças mais populares do Brasil.

Quadrilha em tradicional Festa Junina de Capina Grande, na Paraíba. [1]

A quadrilha é uma das principais danças populares do Brasil, sendo a principal dança da Festa Junina. Originária da Europa, a quadrilha passou por diversos países, com Inglaterra, França, Portugal e, finalmente, o Brasil. Em nosso país a dança, até então aristocrática, começou a ser praticada pelas camadas populares rurais nas festas de São João e de colheita do milho.

Atualmente a quadrilha é praticada em todas as regiões do nosso país, e existem diversos concursos em que os grupos quadrilheiros competem, existindo inclusive um campeonato nacional de quadrilhas juninas.

Leia também: Frevo — dança folclórica e tradicional brasileira da região Nordeste do país

Resumo sobre quadrilha

  • Quadrilha é a principal dança da Festa Junina.

  • A quadrilha é considerada uma dança de salão coletiva.

  • Na Corte francesa, no século XIX, quatro casais dançavam o que era chamado de “quadrille”.

  • É comum, durante a quadrilha, a encenação do casamento caipira, em que o noivo é obrigado a casar com a noiva grávida.

  • A quadrilha conta geralmente com um marcador, pessoa que narra a quadrilha.

  • Alguns dos principais passos da quadrilha são o balancê, o caracol, o túnel, olha a cobra – é mentira, olha a chuva, caminho da roça e despedida.

  • As roupas da quadrilha são caracterizadas por uma mistura da origem camponesa da festa e a herança da nobreza europeia.

  • A música mais popular entre as quadrilhas do Brasil é Festa na Roça, uma música instrumental gravada inicialmente por Mario Zan.

Quais são as principais características da quadrilha?

Dança da quadrilha

A quadrilha é uma dança coletiva da qual podem participar até dezenas de casais. Os dançarinos geralmente usam roupa tradicional caipira e dançam ao ritmo de músicas juninas. Ela pode ser realizada em qualquer espaço plano, como uma quadra, salão, rua ou gramado.

Durante a dança, um marcador, espécie de narrador da dança, dá os comandos para os dançarinos realizarem diferentes passos, como o caracol, cumprimento às damas e aos cavalheiros, túnel, caminho da roça, entre outros.

Também é comum durante a realização da quadrilha uma encenação do casamento caipira, em que diversos personagens se apresentam, como o noivo, a noiva, o padre, o delegado e o pai da noiva. A encenação é engraçada, e nela o noivo, que é capturado após tentar fugir, é obrigado a se casar. Ele se casa na igreja sob a mira da espingarda do pai da noiva.

Passos da quadrilha

A quadrilha possui diversos passos que são realizados de acordo com os comandos do marcador da quadrilha. A seguir veremos alguns deles.

  • Balancê: é o passo básico da quadrilha e pode ser realizado pelo casal com os dois de braços dados ou individualmente. Durante o balancê as mulheres movimentam suas saias e os homens batem palmas ou movimentam seus chapéus de palha. A palavra balancê mostra mais uma vez a influência francesa na dança, uma vez que a palavra é derivada do francês “balancer”, “balançar o corpo”.

  • Caracol: no caracol todos os dançarinos, de mãos dadas, formam um caracol cada vez menor, e após o primeiro casal chegar ao centro, retornam, desfazendo o caracol.

  • Túnel: os casais andam em fila, de mãos dadas, um atrás do outro. O primeiro casal se separa e fica com as mãos dadas no alto. O segundo casal passa por baixo desse “túnel” e, na sequência, também passa a formá-lo. Isso é feito até que todos os casais formem o padrão. O último casal desfaz seu túnel e passa por baixo do túnel formado, continuando o balancê. Isso é feito até o último casal desfazer o padrão.

  • Olha a cobra – é mentira: quando os casais estão dançando, o marcador grita “Olha a cobra!”, e todos os casais pulam fazendo um giro de 180°, de forma que o último casal se torne o primeiro. Após um tempo o marcador grita novamente “É mentira!”, e novo salto com giro é feito, voltando à posição inicial.

  • Olha a chuva: quando o marcador da quadrilha grita “Olha a chuva!”, o cavalheiro posicionado atrás da dama coloca suas mãos sobre a cabeça dela, simulando uma cobertura. Em algumas quadrilhas cada dançarino, individualmente, cobre sua própria cabeça. Após um tempo o marcador grita “Já passou!”, e a cobertura é desfeita.

  • Caminho da roça: é um comando dado pelo marcador para que os casais voltem à posição inicial, com um casal atrás do outro se movimento em círculo.

  • Despedida: quando o marcador anuncia o fim da quadrilha, os casais se despedem acenado com as mãos e com os chapéus.

Roupas da quadrilha

Casal vestindo roupas típicas da quadrilha.

Geralmente os homens e mulheres utilizam chapéus de palha, mostrando a origem camponesa da Festa Junina. Os homens usam calça jeans, geralmente com remendos, e também usam camisa xadrez, populares em Portugal no século XIX. O bigode e o cavanhaque eram símbolos de masculinidade, usados pela maioria dos homens até o início do século XX, e atualmente são desenhados no rosto dos homens que não os possuem, como parte da vestimenta.

As mulheres usam tradicionalmente um vestido colorido, florido ou xadrez. A maquiagem é exagerada, costume entre a nobreza europeia do século XIX.

Músicas da quadrilha

A música mais popular, dançada pela maioria das quadrilhas do Brasil, é Festa na Roça, gravada inicialmente por Mario Zan, imigrante italiano que viveu no Brasil e que foi chamado por Luís Gonzaga como o verdadeiro rei do acordeom. Por se tratar de uma música instrumental, ela é ideal para a quadrilha, uma vez que que a única voz na dança é a do marcador de quadrilha.

Também é muito comum, atualmente, as quadrilhas se apresentarem com músicas populares, como forró, baião, xote, xaxado, entre outros. Luís Gonzaga é popular em quadrilhas de todo o país.

Qual a origem da quadrilha?

A quadrilha é uma dança de salão que originariamente era praticada pela aristocracia inglesa. Na França, a dança passou a ser praticada por quatro casais, recebendo o nome de “quadrille”. De Paris, a quadrilha chegou a Portugal, sendo também praticada pela aristocracia lusitana.

Ilustração francesa de 1820 representando quatro casais dançando a “quadrille”.

Para Câmara Cascudo, ao chegar ao Brasil, na primeira metade do século XIX, a quadrilha passou a ser praticada pela população da área rural durante as Festas Juninas, também associada às festividades de colheita do milho.

Acesse também: O que é a congada?

Quadrilha no Brasil

No Brasil a quadrilha recebe influências regionais, possuindo variações no modo como ela é dançada em cada região:

  • Região Nordeste do Brasil: no Nordeste, além da tradicional quadrilha, as festas da região também são embaladas pelo forró e pelo sertanejo, e são comuns shows de grandes artistas desses ritmos durante as festas da região. Cangaceiros, sertanejos e o bumba meu boi são personagens presentes nas festas da região.

  • Região Norte do Brasil: na região Norte a tradicional quadrilha divide espaço com a Festa do Boi durante o mês de junho. Em Parintins, cidade do Amazonas, ocorre nos últimos dias de junho o Festival Folclórico de Parintins, em que os bois Caprichoso e Garantido animam os participantes. O carimbó é um ritmo muito presente nas quadrilhas da região.

  • Região Centro-Oeste do Brasil: na região Centro-Oeste, sobretudo na região de fronteira, a Festa Junina é influenciada pela cultura dos países vizinhos. No Pantanal ainda é tradicional a presença dos cururueiros, cantores populares que tocam durante a as apresentações das quadrilhas. Também é muito presente nas festas o siriri, dança típica da região.

  • Região Sul do Brasil: na região Sul a Festa Junina possui algumas peculiaridades, como no Rio Grande do Sul, onde a bombacha e outras roupas gaúchas também estão presentes nas quadrilhas. Estilos musicais como o xote gaúcho, vaneira e chamamé animam as festas do estado, assim como a tradicional dança de fita. Em muitas regiões de Santa Catarina a festa recebe influência da cultura alemã, nos trajes, músicas e nas comidas, como em Pomerode e Blumenau.

  • Região Sudeste do Brasil: na região Sudeste a Festa Junina é tradicionalmente organizada pelas paróquias da Igreja Católica, nas famosas quermesses. Elas são organizadas pela comunidade, que recolhe doações, prepara os alimentos, organiza os espaços e fornece a mão de obra para os dias de evento. Em algumas cidades da região Sudeste, além da quadrilha, ocorrem apresentações de danças típicas, como o fandango e a catira.

Principais grupos de quadrilha no Brasil

Existem diversos grupos de quadrilha no Brasil. Os grupos que participaram do Campeonato Brasileiro de Quadrilhas no ano de 2023 são:

  • Nação Junina (TO);

  • Asa Branca (BA);

  • Flor do Amor (MA);

  • Gonzagão (RJ);

  • Pau Melado (DF);

  • Rosa dos Ventos (PB);

  • Lua de Prata (PI);

  • Chamego Bom (GO);

  • Luar do Sertão (AL);

  • Arraial Pé Roxo (MG);

  • Xodó da Vila (SE);

  • Êta Lasquêra (DF);

  • Garranxê (RR);

  • Bigben Show (PA);

  • Sacode Poeira (SP);

  • Arraia do Conselheiro (CE);

  • Estrela do Norte (AP);

  • Caipira na Roça (AM).

Concursos de quadrilha no Brasil

O Brasil possui diversos concursos, festivais e campeonatos em que quadrilhas juninas competem. Atualmente a principal competição de quadrilhas do país é o Campeonato Brasileiro de Quadrilhas Juninas que, em 2024, ocorrerá em Aracaju, Sergipe. Neste ano, a equipe vencedora receberá como prêmio 25 mil reais; a segunda, 14 mil; e a terceira, 8 mil reais.

Em 2023 o campeonato ocorreu em Brazlândia, no Distrito Federal. A campeã foi a quadrilha Pau Melado, do Distrito Federal; em segundo lugar ficou a equipe Êta Lasquera, também do Distrito Federal; e em terceiro, a quadrilha Estrela do Norte, do Amapá.

Outros concursos de quadrilhas que ocorrem todos os anos no Brasil são os seguintes:

  • Festival de Quadrilhas da TV Globo;

  • Concurso Estadual de Quadrilhas Juninas do Pará;

  • Festival de Quadrilhas Juninas de Bastos;

  • Concurso de Quadrilhas do Arraial do Banho de São João;

  • Concurso de Quadrilhas de Recife;

  • Concurso Paraíba Junino;

  • Concurso de Quadrilhas Juninas de Aracaju;

  • Festival de Quadrilhas Juninas de Diadema.

Crédito de imagem

[1] Cacio Murilo / Shutterstock

Fontes

CATTANI, Luciana. BOIERAS, Gabriel. Festas populares do Brasil. Editora Manole, São Paulo, 2005.

RIES, Julien. A ciência das religiões: história, historiografia, problemas e método. Editora Vozes, São Paulo, 2019.

Por: Jair Messias Ferreira Junior

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