O aparelho de micro-ondas faz uso de ondas eletromagnéticas para aquecer os alimentos por meio do aquecimento dielétrico. Será que isso faz mal à saúde?
Será que o forno de micro-ondas pode fazer algum mal à saúde? Esse é o tema deste texto e, para saber a resposta, você deve entender como esse aparelho funciona.
Funcionamento do forno de micro-ondas
O forno de micro-ondas opera por meio da produção de ondas eletromagnéticas (as chamadas micro-ondas). Elas apresentam comprimentos de onda que variam entre 1 m e 1 mm, com frequências entre 0,3 e 300 giga-hertz. (GHz = 109 Hz). As micro-ondas interagem de uma forma especial com as moléculas dotadas de dipolo elétrico, conhecidas como moléculas polares. Esse tipo de molécula apresenta uma separação espacial e permanente de cargas elétricas, sendo induzidas a girar em frequências bastante elevadas quando expostas às micro-ondas. Essa rotação é a responsável pelo grande aumento na energia térmica dos alimentos. Esse processo é chamado de aquecimento dielétrico.
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As ondas eletromagnéticas produzidas pelos fornos de micro-ondas são geradas a partir de um dispositivo chamado Magnétron. Esse aparelho funciona por meio da ejeção de elétrons de um filamento condutor aquecido. Esses elétrons são acelerados por uma diferença de potencial de até 4.000 V entre um cátodo e um ânodo. Movendo-se em direção ao ânodo, os elétrons passam a sofrer a ação de uma força eletrodinâmica produzida por um campo magnético externo gerado por dois potentes ímãs permanentes. Quer saber mais sobre a geração de ondas eletromagnéticas? Clique aqui.
Como sabemos, a força de origem magnética é sempre aplicada perpendicularmente (apresenta um ângulo de 90º) à direção da velocidade das cargas, forçando-as a iniciar um movimento circular cuja frequência pode chegar a até 2500 MHz, cerca de 2,5 bilhões de rotações a cada segundo. Por causa da aceleração centrípeta adquirida pelos elétrons, ondas eletromagnéticas de frequências similares são produzidas e, então, coletadas e colimadas (concentradas) por meio de uma pequena cavidade chamada de antena, que tem como função direcionar o feixe de micro-ondas. Em virtude da alta concentração das ondas eletromagnéticas na pequena cavidade, a potência de saída pela antena é bastante alta, chegando a até 900 W (900 J/s). A partir daí, as ondas são redirecionadas para um tipo de ventilador metálico, responsável por refletir as micro-ondas igualmente em todas as direções do interior do forno para que se garanta um aquecimento uniforme de todas as porções do alimento.
Faz mal ou não à saúde?
A penetração dessas micro-ondas não deixa nenhum tipo de resquício nos alimentos, apenas aquece-os, portanto, sua utilização não tem potencial para causar malefícios à saúde humana, uma vez que boa parte de sua energia é transformada em energia térmica. Portanto, ao ingerirmos alimentos aquecidos nos fornos de micro-ondas, não consumimos nada além do produto aquecido. Além disso, como o aquecimento dos alimentos é realizado de “dentro para fora”, esse tipo de forno geralmente é mais rápido que os fornos convencionais, que transmitem o calor de fora para dentro.
As micro-ondas são classificadas como ondas de rádio, as ondas de menor energia em todo o espectro eletromagnético, assim como as utilizadas para a transmissão de rádio, televisão e telefonia celular (apesar de carregarem um pouco mais de energia). Dessa forma, não são consideradas como uma radiação ionizante, ou seja, esse tipo de radiação pode até promover o movimento das moléculas, como o de rotação, mas não apresenta energia suficiente para arrancar elétrons, causando danos às cadeias de DNA, por exemplo.
Por que não podemos colocar metais no micro-ondas?
É preciso tomar cuidado com metais no interior dos fornos micro-ondas. As ondas eletromagnéticas produzidas por eles podem gerar correntes elétricas, produzindo faíscas. Além disso, os metais podem refletir as micro-ondas, afetando o funcionamento correto do eletrodoméstico.