Existencialismo: 10 coisas para saber sobre Kierkegaard

O existencialismo foi um movimento cujo objeto central é a existência humana. Desenvolvido por Sartre, encontra suas bases em Kierkegaard.

O sacrifício de Isaac será ponto de partida para a obra Temor e Tremor, do existencialista Kierkegaard

O existencialismo foi um movimento filosófico plural, isto é, desenvolvido de formas diferentes por muitos pensadores. O objeto central da reflexão é a existência humana, ou seja, pretende descrever o ser humano concreto – uma realidade individual concreta não pode ser demonstrada, apenas descrita, na dramaticidade que envolve suas escolhas. Por isso se opõe a Hegel: a racionalidade de Hegel, para quem tudo o que é real, é também racional, desconsidera os aspectos que caracterizam a existência humana e escapam da explicação puramente racional. A razão não poderia dar conta dos problemas fundamentais da vida.

Embora o nome mais conhecido do existencialismo seja o do francês Jean-Paul Sartre (1905-80), pela influência que seu pensamento teve na França Pós-Guerra, sua discussão teve origem na tradição filosófica que valorizava a experiência humana concreta e que atribui à filosofia o dever de ter consequências sobre as nossas vidas. Dentre os pensadores que influenciaram Sartre, está o filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard., principalmente seus conceitos de autenticidade, responsabilidade, escolha, angústia e absurdo.

Vamos conhecer um pouco mais desse filósofo:

Existencialismo cristão (e autobiográfico) de Søren Aabye Kierkegaard:

1) Falar da filosofia de Kierkegaard é falar dele mesmo. À luz de seus escritos podemos dizer que a fonte da obra de Kierkegaard é sua própria existência. Por isso, para compreendê-la é preciso conhecer alguns dados biográficos, como a contestação à Igreja Oficial da Dinamarca, da qual seu irmão era bispo.

2) Subjetivismo: Seu pensamento é marcado pela ênfase na experiência pessoal. Ele não se interessava pela busca de uma verdade objetiva. Diz ele: Trata-se de encontrar uma verdade que seja verdade para mim, de encontrar uma ideia pela qual eu possa viver e morrer. E que utilidade teria para mim encontrar uma verdade chamada verdade objetiva, percorrer os sistemas dos filósofos, e poder, quando exigido, fazer um resumo destes?” (Kierkegaard, Textos selecionados, p.39) .

3) Problemática central. Para ele, a problemática central era a impossibilidade de justificar as ações do ponto de vista ético. Para isso, a fé era fundamental. O exemplo ao qual ele recorre é o do sacrifício de Isaac: no relato bíblico, Abraão recebe de Deus o pedido de sacrificar seu único filho, ao qual ele obedece prontamente.

4) Silêncio de Deus. Da mesma forma que Deus não deu garantias a Abraão, ele não dá nenhuma garantia aos demais humanos. A fé seria um “salto no escuro” para obedecer àquilo que não entendemos racionalmente.

5) Estilo pessoal. Seu estilo é pessoal, partindo da própria biografia como via para suas reflexões filosóficas. Polêmico e irônico quando se trata da tradição filosófica e religiosa, ele adquire tonalidades poéticas ao falar sobre sentimentos como o amor, o medo e angústia.

6) A influência do pai. O pai nasceu na Jutlândia e a expressão religiosa jutlandesa era marcada por um pietismo triste e ancorada na culpa e no medo da punição. Além disso, o pai tinha uma forte melancolia causada por não se perdoar por ter blasfemado contra Deus, ainda na infância, e a de ter violado a mãe de Kiekergaard, Anne Lund, quando ainda era casado com a primeira esposa.

7) O amor por Régine Olsen. O rompimento do noivado com Régine Olsen repercute em sua obra. Os motivos que levaram ao rompimento nunca foram esclarecidos, só conhecemos seus efeitos na vida de ambos: Régine opta por se casar com Fritz Schlegel, em 1849, e Kierkegaard dedica a ela várias de suas obras, referindo-se a ela como “min Laeser”, termo dinamarquês que pode ser aplicado a ambos os gêneros: meu leitor/minha leitura. Régine seria, assim, a leitora a quem o filósofo direcionaria suas reflexões.

8) Diferente da filosofia de Fichte e Schelling, Kierkegaard não apresenta uma obra doutrinária e não dá à estética dimensão central. A estética seria apenas uma etapa da existência.

9) Escreveu diários assinando sob vários pseudônimos, como Johannes Climachus.

10) Suas principais obras: Migalhas Filosóficas (1884), Ou isso/ou aquilo (1843), Temor e Tremor (1843) e O conceito de angústia (1844).


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Por: Wigvan Junior Pereira dos Santos

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