A proposta de intervenção é o nome dado a uma sugestão de medidas e ações voltadas a intervir em determinado problema, de modo a amenizá-lo ou saná-lo. Essa proposta é direcionada a autoridades e figuras de poder, no intuito de sugerir e/ou convencê-las a tomar determinada atitude. Na redação do Enem, a proposta de intervenção busca identificar se o aluno consegue sugerir uma ação possível e eficaz para o problema proposto, dentro do contexto brasileiro.
Para que esteja completa e bem estruturada, a proposta de intervenção precisa responder a perguntas essenciais, como agente, ação, modo/meio e finalidade, além de apresentar um detalhamento coerente com a realidade do problema, sendo, por isso, necessário o acréscimo de detalhamento sobre a medida.
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O que é proposta de intervenção?
Uma proposta de intervenção é sempre uma sugestão de ação ou medida direcionada a determinado problema social, com o intuito de atuar positivamente na questão. Desse modo, para que uma proposta seja considerada boa, ela precisa estar bem contextualizada com a realidade do problema.
Na redação do Enem, a proposta de intervenção avalia a capacidade do aluno de analisar o problema proposto, de modo crítico e racional, e propor alguma ação que atue, em alguma medida, como amenizador da questão. Não é necessário que a proposta solucione o problema, mas que ela seja possível na realidade brasileira e que ajude a enfrentar as barreiras identificadas.
O que deve ter na proposta de intervenção?
A proposta de intervenção necessita de uma abordagem completa e contextualizada para ser considerada legítima e produtiva. É necessário estar atento aos detalhes que são exigidos no Enem, pois cada elemento serve para responder a perguntas essenciais da medida. Assim, a proposta de intervenção deve dividir-se em cinco elementos:
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agente;
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ação;
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modo/meio;
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finalidade;
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detalhamento.
Os elementos exigidos são respostas essenciais para o sentido da proposta. É preciso evidenciar:
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Quem fará? (Agente)
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O que será feito? (Ação)
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Como será feito? De que modo será feito? (Modo/meio)
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Qual o intuito? Como isso pode ajudar? Qual o propósito disso no problema? (Finalidade)
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Quais são os detalhes importantes para essa ação dar certo? Como as coisas serão relacionadas? Com ajuda ou participação de quem será feito? (Detalhamento)
Todas essas respostas são essenciais para a proposta de intervenção, entretanto o detalhamento é amplo, de modo que outras respostas podem ser detalhadas e cumprir a função do elemento. O detalhamento é um tópico que instiga o aprofundamento da proposta, exigindo do aluno que reflita e construa de modo sólido uma medida de ação.
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Como elaborar uma proposta de intervenção?
Para elaborar uma boa proposta de intervenção, é importante observar quais os argumentos foram apresentados no desenvolvimento do texto, pois ela deve sugerir melhorias a esses problemas. Após essa primeira análise, selecione uma ou mais medidas que possam auxiliar nas questões destacadas, para iniciar a construção da proposta de intervenção.
A ordem dos elementos pode variar, a depender das intenções do autor, entretanto algumas sugestões são possíveis para auxiliar nessa construção. A proposta pode iniciar pelo uso imperativo “é necessário”, “é imprescindível” e seguir indicando o agente e a ação que deve ser tomada, apresentando o modo/meio de realização e com qual finalidade.
Exemplo de proposta de intervenção
“Portanto, para reduzir as desigualdades de acesso ao cinema, é necessário que o Ministério da Cultura, em parceria com os governos municipais, estaduais e instituições privadas, invista na construção de salas cinematográficas em cidades de interior e regiões periféricas das grandes cidades, acoplando a essa medida um valor de ingresso popular, que garanta, de fato, esse direito a todos os cidadãos. Essas medidas serão importantes para viabilizar as primeiras mudanças nessa disparidade social brasileira.”
No exemplo acima, percebe-se que o autor propôs uma medida para o problema da criação de novos cinemas, inserindo os recortes necessários (em cidades do interior e regiões periféricas), bem como acrescentando agentes potenciais (o Ministério da Cultura em parceria com governos e instituições). Assim, a soma e organização desses elementos, bem como a justificativa para tais medidas constroem uma proposta séria, possível e contextualizada que apresenta, além dos 5 elementos exigidos, um desenvolvimento produtivo para o tema.
Textos dissertativos x textos dissertativo-argumentativos
Para melhor compreender a proposta de intervenção, é importante a distinção entre os tipos textuais dissertativo e dissertativo-argumentativo. A princípio, é importante destacar que essa nomenclatura sofre algumas variações a depender do teórico ou do professor. Entretanto, as características distintivas são o essencial para compreender as nomenclaturas.
O texto dissertativo são gêneros que possuem um caráter informativo, explicativo, ou seja, possuem como função principal apresentar um determinado assunto, destacando as informações mais relevantes para o contexto de uso. Por exemplo, os textos de livros didáticos comumente apresentam o tipo dissertativo para apresentar determinado conteúdo.
Nesses gêneros, prioriza-se informar o leitor sobre o tema, sem o intuito de direcioná-lo a alguma ação específica, mas apenas instruí-lo, por meio do seu conteúdo expositivo e explicativo. Nesses textos, a linguagem torna-se mais impessoal, e o posicionamento do autor se torna irrelevante, pois se prioriza o conteúdo exposto.
O texto dissertativo-argumentativo possui algumas das características acima, como apresentação de dados e informações expositivas e explicativas, mas apresenta como forte marca o aspecto argumentativo, ou seja, a defesa de um ponto de vista. Nesse sentido, diferentemente do tipo textual anterior, ele costuma se apresentar com temáticas mais problemáticas ou de posicionamentos contraditórios.
O intuito principal, no texto dissertativo-argumentativo, é o de defender o ponto de vista sobre o assunto, por isso o conteúdo serve à tese defendida. Desse modo, o autor se insere como uma marca de maior relevância, afinal é ele o detentor da opinião defendida, mesmo sem a marca de primeira pessoa.
Como comumente trata de um problema e apresenta um posicionamento crítico, esse texto costuma, também, apresentar uma sugestão para a questão. O autor pode propor uma reflexão crítica ou uma ação que intervenha no problema. As adequações específicas vão se moldar a partir do contexto de uso e suas variáveis.