Primeira República no Enem

No Enem, a Primeira República costuma ser cobrada em questões envolvendo o movimento republicano e os conflitos armados característicos desse período.

A Primeira República começou em 15 de novembro de 1889, logo após a vitória do movimento republicano sobre o Império. [1]

A Primeira República se refere às primeiras décadas do governo republicano no Brasil. Inicia-se em 1889, quando ocorre a Proclamação da República, e tem fim em 1930, logo após a revolução que derrotou as oligarquias estaduais e colocou Getúlio Vargas no poder. O Enem costuma apresentar questões sobre esse período apontando suas contradições sociais e seus conflitos armados.

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Resumo sobre Primeira República no Enem

  • A Primeira República é o período da História do Brasil que começa em 1889, logo após a Proclamação da República, e se estende até 1930, com a revolução que derrotou as oligarquias.
  • Nesse período, vários republicanos se decepcionaram com os primeiros governos e criticaram a arbitrariedade praticada pelos presidentes.
  • Em 1894, as oligarquias chegaram ao poder e controlaram o processo político com a implantação do voto aberto e do voto de cabresto.
  • Para o Enem, a Primeira República costuma ser cobrada com questões que abordam os conflitos armados ocorridos tanto na cidade, como a Revolta da Vacina, quanto no campo, como a Guerra de Canudos.

O que foi a Primeira República?

A Primeira República compreende as primeiras décadas do regime republicano implantado no Brasil logo após 1889. Os dois primeiros presidentes da república eram militares e se basearam na força para consolidar o novo regime político e afastar qualquer possibilidade de reação monárquica. Dessa forma, inúmeros republicanos, como Rui Barbosa, se distanciaram do governo e tornaram públicas suas críticas quanto ao rumo traçado para a república brasileira.

O primeiro civil a ser eleito presidente foi Prudente de Morais. Sua eleição representou a chegada da oligarquia paulista ao poder. As decisões governamentais se restringiam aos interesses oligárquicos. O café era a principal atividade econômica, e os cafeicultores queriam que o governo os ajudasse nos momentos de crise, como ocorreu ao longo da década de 1930. Essa preferência pelo café atrasou a industrialização do Brasil.

Os oligarcas criaram mecanismos políticos para se perpetuar no poder, como o voto aberto, que facilitava as fraudes eleitorais. Nas regiões mais distantes dos grandes centros urbanos, os coronéis dominavam a política e utilizavam o voto de cabresto, ou seja, voto sob ameaça, para que seus indicados fossem eleitos.

No começo do século XX, a partir do governo Rodrigues Alves, o Brasil atravessou uma série de transformações cujo objetivo era a modernização para o século que se iniciava. Por ser capital federal, o Rio de Janeiro passou por grandes reformas, como a destruição de casarões coloniais para o alargamento das ruas e avenidas, bem como a construção de prédios modernos.

Outra medida foi a erradicação de doenças tropicais, como a dengue e a malária. Para essa missão, o presidente Rodrigues Alves convidou o médico sanitarista Oswaldo Cruz. Ele sugeriu que o governo obrigasse a vacinação a todos os moradores da capital federal, o que foi acatado. Porém, a reação popular foi a de se revoltar contra essa obrigatoriedade, deflagrando a chamada Revolta da Vacina.

Essa revolta não somente se deu contra uma medida arbitrária do governo, mas também como insatisfação dos militares em relação à forma com que os civis governavam o país. Nesse contexto, o tenentismo surgiu como um movimento militar que defendia reformas sociais e a instalação do voto secreto como forma de acabar com a corrupção política.

Além da participação nessa revolta, os militares também organizaram dois levantes armados no Rio de Janeiro, em 1922, e em São Paulo, dois anos depois. Apesar das derrotas para o governo federal, os tenentistas se juntaram à Coluna Prestes e atravessaram o interior do Brasil criticando as oligarquias, propondo as reformas.

Durante a Primeira República, várias crises políticas se transformaram em levantes armados. A Revolta da Armada, organizada pela Marinha, logo no primeiro governo republicano, expôs a contrariedade dos marinheiros acerca da hegemonia do Exército na república. A Revolução Federalista, ocorrida no Sul, demonstrou a rivalidade entre os grupos que defendiam a centralização do poder e os que queriam maior autonomia para os estados.

Se nas cidades os conflitos se avolumavam, o campo também foi marcado por confrontos armados. No Nordeste, a Guerra de Canudos e a de Contestado, no Sul, foram duas guerras civis em que messianismo e crise social se tornaram motivos para revolta contra o governo. Os presidentes não pouparam forças e muito menos armas para derrotar seus inimigos.

Em 1929, a Primeira República começou a entrar em crise. A quebra da Bolsa de Valores de Nova York fez o preço do café cair consideravelmente, desvalorizando seu mercado. Os cafeicultores tiveram que negociar com o governo formas de contornar a crise. Por meio do Convênio de Taubaté, estabeleceu-se que o governo compraria as sacas, até que o preço voltasse a ser valorizado, para depois vendê-las. O resultado disso, a Crise de 1929, foi pior do que se imaginava, e a desvalorização obrigou o governo a queimar milhares de sacas não vendidas.

As oligarquias já não se entendiam no final da década de 1920. Nesse ínterim, o presidente Washington Luís, apesar de ser carioca, fora eleito com o apoio dos oligarcas paulistas. Em vez de seguir as determinações da Política do Café com Leite e apontar um mineiro como candidato à sua sucessão, ele indicou um paulista, Júlio Prestes.

Minas Gerais rompeu com São Paulo e se tornou oposição ao governo, apoiando a Aliança Liberal, liderada por Getúlio Vargas, candidato à presidência, e João Pessoa, candidato a vice-presidente. Em março de 1930, Vargas foi derrotado por Prestes, mas o assassinato de João Pessoa fez com que a Aliança Liberal ressurgisse e desencadeasse uma revolução contra a oligarquia. Em 24 de outubro de 1930, Washington Luís acabou deposto e seu sucessor foi Getúlio Vargas, o que inaugurou uma nova fase em nossa república.

  • Videoaula sobre a Primeira República

Como a Primeira República é cobrada no Enem?

As questões do Enem relativas à Primeira República costumam trazer temas ligados às revoltas armadas ocorridas nesse período. A Guerra de Canudos, por exemplo, já caiu na prova de 2015, que elencou textos com visões opostas sobre a batalha. O examinador costuma apresentar um ou mais textos ou alguma charge retratando a sociedade da época.

O predomínio da oligarquia na política também pode ser cobrado no Enem, pois esse tema possibilita abordar as práticas que mantiveram os oligarcas no poder por várias décadas, como o voto de cabresto, a Política dos Governadores e a Política do Café com Leite.

Com relação à nossa economia, que no primeiro período republicano era baseada no café, o Enem já abordou o papel do país como fornecedor de matéria-prima, ou commodities, para atender as demandas do mercado externo.

Leia também: Temas de história que mais caem no Enem

Questões do Enem sobre Primeira República

Questão 1

(Enem 2015)

TEXTO I

Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até o esgotamento completo. Vencido palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados.

CUNHA, E. Os sertões. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1987.

TEXTO II

Na trincheira, no centro do reduto, permaneciam quatro fanáticos sobreviventes do extermínio. Era um velho, coxo por ferimento e usando uniforme da Guarda Católica, um rapaz de 16 a 18 anos, um preto alto e magro, e um caboclo. Ao serem intimados para deporem as armas, investiram com enorme fúria. Assim estava terminada e de maneira tão trágica a sanguinosa guerra, que o banditismo e o fanatismo traziam acesa por longos meses, naquele recanto do território nacional.

SOARES, H. M. A Guerra de Canudos. Rio de Janeiro: Allina, 1902.

Os relatos do último ato da Guerra de Canudos fazem uso de representações que se perpetuariam na memória construída sobre o conflito. Nesse sentido, cada autor caracterizou a atitude dos sertanejos, respectivamente, como fruto da:

a) manipulação e incompetência.

b) ignorância e solidariedade.

c) hesitação e obstinação.

d) esperança e valentia.

e) bravura e loucura.

GABARITO: Letra E. Os dois autores trazem visões distintas sobre os sertanejos que participaram da Guerra de Canudos. O primeiro trata os combatentes como corajosos que lutaram até a morte pelo arraial enquanto o segundo considera como loucura a resistência sertaneja contra os soldados oficiais.

Questão 2

(Enem 2019) A Revolta da Vacina (1904) mostrou claramente o aspecto defensivo, desorganizado, fragmentado da ação popular. Não se negava o Estado, não se reivindicava participação nas decisões políticas; defendiam-se valores e direitos considerados acima da intervenção do Estado.

CARVALHO, J. M. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Cia. das Letras, 1987 (adaptado).

A mobilização analisada representou um alerta, na medida em que a ação popular questionava:

a) a alta de preços.

b) a política clientelista.

c) as reformas urbanas.

d) o arbítrio governamental.

e) as práticas eleitorais.

GABARITO: Letra D. A Revolta da Vacina foi uma reação popular contra a vacinação obrigatória, empreendida pelo governo Rodrigues Alves, atendendo a um pedido do médico sanitarista Oswaldo Cruz, para erradicar doenças que assolavam o Rio de Janeiro ao longo dos primeiros anos do século XX.

Créditos das imagens

[1]  Mirt Alexander / Shutterstock.com

Por: Carlos César Higa

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