As funções da linguagem são tema relevante no Enem, já que levam em conta a maneira como nos comunicamos e os nossos objetivos ao fazê-lo, por isso é um assunto recorrente na prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, que busca avaliar a capacidade interpretativa do(a) candidato(a).
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Como as funções da linguagem são cobradas no Enem?
É preciso conhecer e entender bem as características de cada função da linguagem, mas não para apontá-las de maneira mecânica. No Enem, o candidato deverá saber interpretar um texto, bem como o seu formato e os seus objetivos, para perceber qual a função de linguagem predominante nele.
O processo de interpretação é constante: ocorre tanto na leitura do texto de apoio de cada questão como na leitura da pergunta e das alternativas. É necessário entender se as afirmações feitas são coerentes com as características das funções da linguagem.
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Quais são as funções da linguagem mais cobradas no Enem?
Dentre as seis funções da linguagem, algumas se destacam, tendo estado presentes seja nos textos de apoio, seja no próprio conteúdo da pergunta. Eventualmente, questões sobre apenas uma função aparecem, podendo até estar em apenas uma das alternativas, enquanto as outras exploram conteúdos diversos além deste.
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Função referencial ou denotativa: centra-se no contexto da mensagem e caracteriza-se por ser uma comunicação objetiva e direta. É muito comum em textos informativos, acadêmicos e jornalísticos.
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Função conativa ou apelativa: centra-se no receptor e busca estabelecer contato e identificação com ele, chamando-lhe a atenção para ser um enunciado atrativo, apelativo. É muito comum em textos publicitários.
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Função poética: centra-se na mensagem, na sua forma e expressão estética. Apresenta linguagem conotativa (isto é, figurada), explorando a sonoridade ou a forma do discurso. É comum em obras artísticas, como em poesias, músicas, filmes, entre outras produções que trabalhem com a forma da expressão.
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Função emotiva ou expressiva: centra-se no próprio emissor do discurso e, portanto, também pode utilizar linguagem conotativa. Caracteriza-se por certa subjetividade no discurso, muitas vezes explicitada pelo uso da 1ª pessoa. É comum em diários e em obras artísticas.
Além dessas, há outras duas funções que tendem a cair menos no exame, mas cujas características você precisa conhecer bem para evitar surpresas ou confusões durante a prova.
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Função metalinguística: centra-se no código, isto é, no próprio sistema por meio do qual se estabelece a comunicação. Assim, é a linguagem voltada para a própria linguagem. Por exemplo, uma poesia sobre o próprio ato de criar uma poesia explora a função metalinguística, por focar no próprio código. Do mesmo modo, uma pintura ilustrando uma pintura também usa a função metalinguística.
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Função fática: centra-se no contato ou canal por meio do qual se estabelece a comunicação, produzindo mensagens sempre tendo como objeto principal o próprio canal, testando-o para verificar sua eficiência. É muito comum, por exemplo, em ligações telefônicas ou em chamadas de vídeo, quando testamos se alguém está nos ouvindo e nos vendo.
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O que são funções da linguagem?
Como o próprio nome sugere, as funções da linguagem analisam os objetivos estabelecidos na comunicação, ou seja, qual é a função exercida na comunicação. Essas funções variam de acordo com a maneira como se comunica. Cada função da linguagem foca em um determinado elemento da comunicação, de modo a explorar características particulares a partir desses elementos.
Quer saber mais? Não deixe de acessar o nosso conteúdo recomendado sobre funções da linguagem e outras dicas de gramática para o Enem.
Treine o que você aprendeu agora com os exercícios abaixo, retirados das últimas edições do Enem. Não se esqueça de acessar os exames e os gabaritos dos últimos anos no portal do Enem.
Exercícios resolvidos
Questão 1 – (Enem 2018)
A imagem da negra e do negro em produtos de beleza e a estética do racismo
Resumo: Este artigo tem por finalidade discutir a representação da população negra, especialmente da mulher negra, em imagens de produtos de beleza presentes em comércios do nordeste goiano. Evidencia-se que a presença de estereótipos negativos nessas imagens dissemina um imaginário racista apresentado sob a forma de uma estética racista que camufla a exclusão e normaliza a inferiorização sofrida pelos(as) negros(as) na sociedade brasileira. A análise do material imagético aponta a desvalorização estética do negro, especialmente da mulher negra, e a idealização da beleza e do branqueamento a serem alcançados por meio do uso dos produtos apresentados. O discurso midiático-publicitário dos produtos de beleza rememora e legitima a prática de uma ética racista construída e atuante no cotidiano. Frente a essa discussão, sugere-se que o trabalho antirracismo, feito nos diversos espaços sociais, considere o uso de estratégias para uma “descolonização estética” que empodere os sujeitos negros por meio de sua valorização estética e protagonismo na construção de uma ética da diversidade.
Palavras-chave: Estética, racismo, mídia, educação, diversidade.
SANT’ANA, J. A imagem da negra e do negro em produtos de beleza e a estética do racismo. Dossiê: trabalho e educação básica. Margens Interdisciplinar.
Versão digital. Abaetetuba, n.16,jun. 2017 (adaptado).
O cumprimento da função referencial da linguagem é uma marca característica do gênero resumo de artigo acadêmico. Na estrutura desse texto, essa função é estabelecida pela
A) impessoalidade, na organização da objetividade das informações, como em “Este artigo tem por finalidade” e “Evidencia-se”.
B) seleção lexical, no desenvolvimento sequencial do texto, como em “imaginário racista” e “estética do negro”.
C) metaforização, relativa à construção dos sentidos figurados, como nas expressões “descolonização estética” e “discurso midiático-publicitário”.
D) nominalização, produzida por meio de processos derivacionais na formação de palavras, como “inferiorização” e “desvalorização”.
E) adjetivação, organizada para criar uma terminologia antirracista, como em “ética da diversidade” e “descolonização estética”.
Resolução
Alternativa A. A impessoalidade é, de fato, uma característica da função referencial para tentar passar as informações de maneira objetiva.
Questão 2 – (Enem 2018)
Deficientes visuais já podem ir a algumas salas de cinema e teatros para curtir, em maior intensidade, as atrações em cartaz. Quem ajuda na tarefa é o aplicativo Whatscine, recém-chegado ao Brasil e disponível para os sistemas operacionais iOS (Apple) ou Android (Google). Ao ser conectado à rede wi-fí de cinemas e teatros, o app sincroniza um áudio que descreve o que ocorre na tela ou no palco com o espetáculo em andamento: o usuário, então, pode ouvir a narração em seu celular. O programa foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Carlos III, em Madri. “Na Espanha, 200 salas de cinema já oferecem o recurso e flimes de grandes estúdios já são exibidos com o recurso do Whatscine!”, diz o brasileiro Luis Mauch, que trouxe a tecnologia para o país. “No Brasil, já fechamos parceria com a São Paulo Companhia de Dança para adaptar os espetáculos deles! Isso já é um avanço. Concorda?”
Disponível em: http://veja.abril.com.br. Acesso em: 25jun. 2014 (adaptado).
Por ser múltipla e apresentar peculiaridades de acordo com a intenção do emissor, a linguagem apresenta funções diferentes. Nesse fragmento, predomina a função referencial da linguagem, porque há a presença de elementos que
A) buscam convencer o leitor, incitando o uso do aplicativo.
B) definem o aplicativo, revelando o ponto de vista da autora,.
C) evidenciam a subjetividade, explorando a entonação emotiva.
D) expõem dados sobre o aplicativo, usando linguagem denotativa.
E) objetivam manter um diálogo com o leitor, recorrendo a uma indagação.
Resolução
Alternativa D. A função referencial é caracterizada por linguagem objetiva para apresentar fatos de maneira direta.