Como fazer uma redação nota 1000 no Enem

A redação do Enem é um passo fundamental para qualquer estudante que almeje entrar no ensino superior. Para alcançar uma boa nota na redação, é preciso estar atento às cinco competências indicadas pelo exame. Cada uma delas conta 200 pontos, que totalizam os 1000 pontos finais da redação. Mesmo que o curso almejado não esteja relacionado às letras, a redação é imprescindível para a aprovação final, podendo inclusive prejudicar o aluno que tenha se saído bem nas provas específicas.

Leia também: Como funciona a correção da redação do Enem

Dicas para fazer uma redação nota máxima no Enem

A redação do Enem é um texto do tipo dissertativo-argumentativo, que exige tanto a exposição de ideias quanto a defesa de um ponto de vista sobre o assunto. Assim, essa redação exige características estruturais e semânticas para cumprir tal função. Além disso, sendo uma das etapas de um processo seletivo, a redação do Enem tem exigências específicas do exame e que não podem ser desconsideradas, para se ter um bom desempenho.

Como parâmetro de avaliação, o Enem propõe cinco competências, que serão avaliadas de modo igual em todas as redações. Cada competência concentra-se em um fator da construção textual, e, para ter uma boa nota final, é necessário que todas as competências apresentem bom desempenho, pois a média delas é que produz o resultado final.

Abaixo seguem cinco dicas para fazer uma boa redação no Enem, cada dica está relacionada a uma das competências.

A redação do Enem avalia o desempenho do aluno a partir das cinco competências da matriz de correção. [1]
  • Uso da norma culta

Na redação do Enem, é necessário que a linguagem utilizada seja a verbal e a variedade seja a norma culta. Desse modo, é imprescindível que o aluno apresente um bom e variado domínio do léxico da língua e conheça as regras sintáticas e ortográficas da gramática normativa. Aqui é importante estudar tópicos como:

  • Compreensão do tema

A redação do Enem sempre apresenta um problema de cunho social no Brasil. Esses problemas nunca são tão polêmicos e controversos e sempre se relacionam a algo conhecido pela sociedade.

É necessário que o aluno realize uma leitura completa e atenciosa do tema proposto, considerando todas as palavras-chaves do enunciado (a persistência; a democratização; a intolerância), pois elas direcionam o percusso argumentativo.

A fuga total ou parcial do tema pode gerar grandes problemas para a nota da redação, por isso é imprescindível ler e compreender o tema, para fazer uma abordagem pertinente.

Veja também: Temas da redação do Enem

  • Repertório sociocultural

Outro fator necessário a uma boa redação é o uso de repertório sociocultural legítimo e pertinente. Para ser legítimo, o repertório precisa ter um reconhecimento social, não necessariamente ser acadêmico ou científico, mas ser um texto que tenha visibilidade, como filmes, músicas, pinturas, notícias, etc.

Para ser pertinente, o repertório precisa ter alguma relação e relevância com o assunto tratado, pois é necessário que o repertório fortaleça a argumentação.

  • Estrutura do tipo textual

Se o texto é dissertativo-argumentativo, ele precisa de um ponto de vista a ser defendido e, para que isso ocorra de modo convincente, é necessário obedecer à sua estrutura, a saber:

  • introdução;
  • desenvolvimento;
  • conclusão.

O texto deve iniciar com a reapresentação do tema que será abordado, buscando evidenciar os aspectos mais relevantes para seus argumentos, assim a introdução contextualiza o leitor e dá pistas dos caminhos a serem percorridos.

O desenvolvimento deve desenvolver os argumentos, para comprovar as ideias afirmadas ou provocadas na introdução, sempre que possível se reportando a outros textos que confirmem suas ideias.

A conclusão deve produzir um desfecho da discussão apresentada e, no Enem, é exigida também a proposta de intervenção, ou seja, uma medida que possa amenizar ou solucionar os problemas destacados no desenvolvimento.

  • Proposta de intervenção completa

A proposta de intervenção deve vir com os cinco elementos exigidos pelo Enem:

  • ação;
  • agente;
  • modo/meio;
  • finalidade;
  • detalhamento.

Essas informações são essenciais para que a competência 5 seja contemplada. Além disso, é necessário que essa proposta atenda aos problemas apresentados no texto, caso contrário também sofrerá penalizações. Para saber mais sobre essa competência, leia: Proposta de intervenção  do Enem.

Exemplo de redação com nota 1000 no Enem

"Ao longo do processo de formação da sociedade, o pensamento cinematográfico consolidou-se em diversas comunidades. No início do século XX, com os regimes totalitários, por exemplo, o cinema era utilizado como meio de dominação à adesão das massas ao governo. Embora o cinema tenha se popularizado, posteriormente, como entretenimento, nota-se, na contemporaneidade, a sua limitação social, em virtude do discurso elitizado que o compõe e da falta de acesso por parte da população. Essa visão negativa pode ser significativamente minimizada, desde que acompanhada da desconstrução coletiva, junto à redução do custo do ingresso para a maior acessibilidade.

Em primeira análise, é evidente que a herança ideológica da produção cinematográfica, como um recurso destinado às elites, conservou-se na coletividade e perpetuou a exclusão de classes inferiores. Nessa perspectiva, segundo Michel Foucault, filósofo francês, o poder articula-se em uma linguagem que cria mecanismos de controle e coerção, os quais aumentam a subordinação. Sob essa ótica, constata-se que o discurso hegemônico introduzido, na modernidade, moldou o comportamento do cidadão a acreditar que o cinema deve se restringir a determinada parcela da sociedade, o que enfraquece o princípio de que todos indivíduos têm o direito ao lazer e ao entretenimento. Desse modo, com a concepção instituída da produção cinematográfica como diversão das camadas altas, o cinema adquire o caráter elitista, o qual contribui com a exclusão do restante da população.

Além disso, uma comunidade que restringe o acesso ao cinema, por meio do custo de ingressos, representa um retrocesso para a coletividade que preza por igualdade. Nesse sentido, na teoria da percepção do estado da sociedade, de Émile Durkheim, sociólogo francês, abrangem-se duas divisões: "normal e patológico". Seguindo essa linha de pensamento, observa-se que um ambiente patológico, em crise, rompe com o seu desenvolvimento, visto que um sistema desigual não favorece o progresso coletivo. Dessa forma, com a disponibilidade de ir ao cinema mediada pelo preço — que não leva em consideração a renda regional —, a democratização torna-se inviável.

Depreende-se, portanto, a relevância da igualdade do acesso ao cinema no Brasil. Para que isso ocorra, é necessário que o Estado proporcione a redução coerente do custo de ingressos por região, junto à difusão da importância da produção cinematográfica no cotidiano, nos meios de comunicação, por meio de anúncios, a fim de colaborar com o acesso igualitário. Ademais, a instituição educacional deve proporcionar aos indivíduos uma educação voltada à democratização coletiva do cinema, como entretenimento destinado às elites, por intermédio de debates e palestras, na área das Ciências Humanas, como forma de esclarecimento populacional. Assim, haverá um ambiente estável que colabore com a acessibilidade geral ao cinema no país."

Alana Miranda, 22 anos, Uberlândia (MG)

No exemplo acima, a autora escolhe abordar dois problemas para fundamentar a sua argumentação: a identidade elitizada do cinema e o alto custo do ingresso. Logo na introdução, ela trata de evidenciar, mesmo que pontualmente, todos os tópicos abordados no texto, tanto os problemas discutidos quanto as possíveis soluções.

No desenvolvimento, além de reafirmar os dois problemas, a autora utiliza-se de repertórios legítimos e que tratam de temáticas relacionadas ao tema, para então fundamentar sua defesa. Na conclusão, a autora propõe duas medidas que atendem aos problemas propostos, tanto para a redução do custo do ingresso quanto para a reflexão da sua herança.

Com essa estratégia, a autora conseguiu manter uma unidade de sentido no texto, demonstrando com propriedade sua capacidade de elaborar a forma do texto para cumprir determinada função — nesse caso, argumentar. Além disso, a autora utilizou uma linguagem  formal e acessível, com todas as pontuações e acentuações marcadas, além de bom uso dos conectivos para ligar frases e parágrafos.

Acesse também: Dicas para fazer uma boa redação no Enem

Importância da nota da redação do Enem

A redação do Enem tem peso fundamental para a prova geral, independentemente da área pela qual o aluno esteja concorrendo, pois não está inserida na prova de Linguagens, é uma prova específica que visa avaliar a capacidade de escrita dos participantes. Além disso, avalia também o conhecimento de mundo, compreensão dos valores democráticos e cidadãos e as estratégias argumentativas de cada sujeito.

O aluno que não obtiver uma boa nota na redação do Enem pode não conseguir a média final necessária para seu curso, ainda que tenha tido bom desempenho nas provas específicas. Além disso, zerar a redação do Enem pode impedir a aprovação, por interferir drasticamente na nota final. O contrário também se faz verdadeiro, pois o aluno que alcançar uma boa nota na redação, ainda que não apresente tão bom desempenho em outras provas, pode conseguir uma boa média final.

Sendo assim, é imprescindível a todo estudante dedicar-se ao estudo do texto dissertativo-argumentativo, bem como às exigências específicas do exame, para que a média final seja suficiente à aprovação.

Crédito da imagem

[1] Gabriel_Ramos / Shutterstock

Por: Talliandre Matos

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