Arte gótica

A arte gótica esteve atuante na Europa entre os séculos XII e XV, com forte lastro na pintura, escultura e arquitetura – destacando-se, nessa última, as catedrais.

Acima, Catedral de Milão, em estilo gótico

A arte gótica, ou o estilo gótico, nasceu na Europa, no período denominado de Baixa Idade Média, e teve seu desenvolvimento na pintura, na escultura e, sobretudo, na arquitetura. A expressão “gótico”, associada a esse tipo de arte, vem do latim “gothicus”, que faz referência aos povos bárbaros vindos da Escandinávia, os Godos. Nas línguas escandinavas pré-modernas, sobretudo no proto-germânico, as expressões “godo” e “gótico” significam algo como “derramar”, “semear sementes”. Por essa razão, “gótico” também significa etimologicamente “homem”, tribo de homens. O fato é que, com a cristianização desses povos, houve o processo de formação da civilização cristã medieval, e a expressão “gótico” passou a ser associada a um tipo específico de arte que começou a aparecer na França e na Itália, no século XII.

A arte gótica, assim como as universidades – que foram criadas na Baixa Idade Média – e o pensamento da Filosofia Escolástica, teve seu desenvolvimento ligado ao Renascimento Comercial e Urbano. Entre os séculos XI e XII, o fenômeno das Cruzadas, que proporcionou novamente o acesso europeu ao mar Mediterrâneo e à Ásia Menor, ajudou a reavivar as trocas comerciais e a navegação em muitos lugares da Europa. Isso provocou o crescimento vertiginoso das cidades e o consequente êxodo rural, formando círculos urbanos e culturais muito férteis. Muitas associações de artesãos e corporações de ofício cumpriram a função de construir e fomentar a arte produzida nessa época.

As primeiras manifestações da arte gótica remontam ao século VII, em especial à Catedral de Saint-Denis, na França, que teve em seu projeto as bases do que viria a ser empregado mais tarde em outras catedrais, como a Catedral de Chartres e a de Notre-Dame, também na França. Essas bases eram a estrutura composta em arcos ogivais e a composição dos vitrais e dos ornamentos na ala externa. No campo da arquitetura, as catedrais góticas ainda contaram com uma estrutura de construção orientada pela doutrina da Igreja, isto é, as premissas do cristianismo, a começar pela cruz latina, que determinava o eixo das plantas das catedrais a serem construídas.

No âmbito da pintura, tivemos dois desenvolvimentos principais, o gótico italiano e o gótico flamengo. A pintura gótica, assim como a arquitetura, tinha seus fundamentos na doutrina cristã. Em muito casos, como o do italiano Giotto e o do flamengo Van Eyck, a estrutura arquitetônica das catedrais orientava também o modo de exercitar as pinturas, como afirma o pesquisador do gótico italiano, Paul Gwynne, indicando a passagem ao estilo gótico:

Seguramente, Cimabue foi o mais prestigioso artista na Itália central a época em que Giotto di Bondone (1270 – 1337) e Duccio di Buonisegna (1260-1318), fundador da Escola Sieneses de pintura, começaram a pintar. A obra de Giotto marca um rompimento com a arte bidimensional, de tradição bizantina. Na basílica superior da ordem franciscana em Assis, Giotto empregou a majestosa arquitetura da Igreja para emoldurar um ciclo narrativo em que a ilusão do espaço real onde as figuras se movem com o convincente naturalismo e consistência reflete a mensagem dos ensinamentos de São Francisco.” [1] p. 118.

Assim como as regiões do sul da Itália, que tinham uma prosperidade econômica muito grande em virtude do comércio e do desenvolvimento das cidades, no norte da Europa, na região dos Países Baixos, onde se desenvolveu o gótico flamengo, também havia uma ampla ligação entre a eferverscência econômica e a cultural, como indica o pesquisador Iain Zaczek:

Com a prosperidade da região, os artistas se aproveitam da riqueza crescente e da importância das guildas e das instituições civis. É interessante notar que A descida da cruz (1435-1440), de Vander Weyden – uma das pinturas mais influentes do período –, foi encomendada por um membro do clero ou da nobreza. Muitas guildas eram confrarias religiosas que se reuniam para realizar rituais e promover obras de caridade. Essas confrarias costumavam competir umas com as outras para encomendarem as mais impressionantes obras de arte para sua congregação.” [2] p. 141.

O gótico forneceu também muito elementos para a arte que seria desenvolvida sob a atmosfera humanista, nos séculos XV e XVI, como as técnicas de luz e sombra e a produção de perspectiva e profundidade.

Por: Cláudio Fernandes

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