Cinema brasileiro

O cinema brasileiro teve como ponto de partida a chegada do cinematógrafo aqui, no final do século XIX, mesmo período em que as primeiras filmagens aconteceram em nosso país. Ao longo do século XX, nosso cinema passou por diversas fases, e a do Cinema Novo, na década de 1960, foi uma das mais importantes.

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Primórdios do cinema no Brasil

O cinema é atualmente uma das principais formas de lazer das pessoas e é acompanhado por milhares de pessoas, que vão a salas de cinema ou que assistem às grandes obras do cinema em suas casas. Essa forma de arte surgiu no final do século XIX, quando Auguste e Louis Lumière inventaram uma máquina chamada cinematógrafo.

O cinema chegou ao Brasil em 1896, quando a primeira sessão de cinema foi realizada em nosso país.

Por meio desse aparelho, foi possível reproduzir imagens animadas e projetá-las em paredes ou telas. O cinematógrafo foi criado em 1895 e sua primeira exibição se deu em 28 de setembro do mesmo ano. A inovação não demorou muito a chegar no Brasil e, já em 1896, a primeira sessão de cinema aconteceu em nosso país.

Essa exibição foi realizada em 8 de julho de 1896 e nela foram exibidos oito filmetes, que traziam imagens de algumas cidades europeias. O acontecimento foi registrado pela imprensa na época e a exibição foi frequentada por pessoas da elite do Rio de Janeiro.

Apesar do acontecimento, as exibições de cinema no Brasil só se consolidaram mesmo a partir da primeira década do século XX, quando o fornecimento de energia elétrica se tornou mais estável. A primeira sala de cinema fixa de nosso país foi o Salão de Novidades Paris, inaugurado em 1897. Esse estabelecimento era administrado por Pascoal Segreto e José Roberto Cunha Salles.

Apesar das dificuldades para exibição, os primeiros filmetes foram gravados no Brasil já na década de 1890. Eram pequenos filmes do gênero de documentário e traziam imagens do Brasil. Isso se deu porque as primeiras filmadoras foram trazidas ao nosso país, permitindo assim os primeiros passos do cinema nacional.

Nomes de destaque nesse contexto foram o próprio José Roberto da Cunha Salles, além de Vittorio di Maio e Afonso Segreto. Acredita-se que o primeiro filme gravado em nosso país teria sido Chegada do Trem em Petrópolis, gravado, em 1897, por Vittorio di Maio. Existem especialistas na área que questionam a legitimidade desse filme, apontando que ele não foi gravado no Brasil, mas sim no estrangeiro.

Outro filme marcante desse período foi uma filmagem realizada por Afonso Segreto na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, em 19 de junho de 1898. Esse filme foi chamado Uma Vista da Baía de Guanabara e supostamente foi filmado por Afonso quando ele retornava de viagem da Europa. Há especialistas que questionam a sua veracidade, pois nenhuma cópia desse filme foi preservada.

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Cinema brasileiro ganha força

Esses primeiros passos do cinema foram seguidos por um grande impulso a partir do século XX, principalmente porque, como mencionado, o fornecimento de energia elétrica tornou-se mais regular. Com isso, algumas dezenas de cinematógrafos fixos se estabeleceram no Rio de Janeiro, o que criou importantes locais de exibição de cinema, como o Grande Cinematógrafo Rio Branco.

Ao mesmo tempo em que a exibição de filmes aumentava no país, os primeiros passos na produção de filmes brasileiros aconteciam e os primeiros filmes com histórias fictícias começaram a ser produzidos. Com isso, filmes de comédia e, até mesmo, de drama começaram a ser lançados.

Destaque para o filme Os Estranguladores, lançado em julho de 1908. Esse filme possuía um enredo dramático que falava de um crime que acontecera no Rio de Janeiro, no ano de 1906. O filme foi um grande sucesso, recebendo cobertura da imprensa e centenas de exibições nos dois primeiros meses do lançamento.

Outro fenômeno do cinema da época foram os filmescantados”, produções mudas que recebiam a dublagem de atores ao vivo no local onde estavam sendo exibidas. Os grandes cinemas do Rio de Janeiro e de São Paulo contratavam atores e cantores para que eles pudessem dublar as exibições, e filmes como O Guarani e A viúva alegre foram grandes sucessos.

Chanchadas e Cinema Novo

A partir da década de 1910, as produções do cinema estrangeiro se afirmaram com força nas salas de cinema do Brasil. Isso se acentuou com a Primeira Guerra Mundial, quando Hollywood se tornou o principal local para a produção de filmes no mundo. Em comparação com as produções nacionais, as produções de Hollywood eram mais atrativas porque eram tecnicamente superiores.

As produções norte-americanas vieram com grande peso para o Brasil, sobretudo a partir da década de 1930, quando o investimento de Hollywood em nosso mercado aumentou e quando o governo de Getúlio Vargas facilitou a entrada dos filmes estrangeiros. Os cinemas brasileiros passaram a priorizar a exibição de produções de Hollywood.

Enquanto isso acontecia, um gênero marcante surgiu no cinema brasileiro: as chanchadas. Esse gênero fílmico, segundo especialistas da área, surgiu na década de 1930 e teve sua primeira fase relacionada com o surgimento da Cinédia, uma produtora de cinema criada em 1930.

Por meio dessa empresa, uma série de filmes começou a ser produzida, possuindo cenas musicais e fazendo abordagem de elementos da cultura popular, sobretudo do Carnaval. As chanchadas também possuíam histórias dramáticas com doses de humor, sempre misturadas com cenas musicais. Esse gênero tornou-se o mais popular do cinema brasileiro até a década de 1950.

Na década de 1940, as principais produções de chanchada foram produzidas pela Companhia Atlântida Cinematográfica. Considera-se que o gênero viveu seu auge na década de 1940 e 1950, e, a partir da década de 1960, a fórmula se esgotou e perdeu popularidade.

Na década de 1960, novos gêneros se afirmaram no cinema brasileiro e uma corrente cinematográfica ganhou espaço nesse período: o Cinema Novo. Essa corrente foi resultado de movimentos intelectuais e artísticos que estavam em crescimento no Brasil desde a década de 1950. Considera-se que o filme Rio, 40 graus foi a produção que deu início ao Cinema Novo.

O Cinema Novo era fortemente influenciado pelo neorrealismo italiano e pela Nouvelle Vague francesa. Tecia profundas críticas a Hollywood, anunciando que o cinema nacional não deveria ser uma mera cópia das técnicas utilizadas nos Estados Unidos. Além disso, também criticava a realidade brasileira, denunciado a desigualdade social que marca o nosso país.

Essa abordagem que o Cinema Novo fazia da miséria, violência e desigualdade que marcam a sociedade brasileira recebeu o nome de “estética da fome”. O Cinema Novo foi altamente politizado e se conectava com os movimentos em defesa dos trabalhadores e das classes populares. O principal nome dessa corrente cinematográfica foi o cineasta Gláuber Rocha.

Com o início da Ditadura Militar, uma ala do cinema brasileiro radicalizou-se ainda mais e passou a produzir filmes que ficaram conhecidos como parte do “Cinema Marginal”, também chamado de Udigrúdi, termo que é oriundo de underground, do idioma inglês. Essa corrente trazia profundas críticas ao cenário político do país e, por isso, foi bastante reprimida.

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Principais filmes do cinema nacional

Fernando Meirelles, diretor de um dos grandes filmes do cinema brasileiro: “Cidade de Deus”, de 2002.[1]

Como vimos, o cinema brasileiro tem uma história de mais de 100 anos, a qual é bastante rica e com produções cinematográficas que são reconhecidas em todo o mundo como grandes obras do cinema. Entre algumas das grandes obras do cinema nacional estão:

  • Vidas Secas (1963);

  • Cabra Marcado para Morrer (1984);

  • Cidade de Deus (2002);

  • Central do Brasil (1998);

  • O Som ao Redro (2012);

  • Iracema, uma Transa Amazônica (1975);

  • Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976).

Créditos da imagem

[1] DFree e Shutterstock

Por: Daniel Neves Silva

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