A tragédia ambiental em Brumadinho nos faz refletir sobre a necessidade de fiscalização rígida em empreendimentos que podem colocar o meio ambiente e seres humanos em risco.
Brumadinho é uma cidade de Minas Gerais que está na região metropolitana de Belo Horizonte, capital do estado. Em janeiro de 2019, enfrentou uma das maiores tragédias da mineração em todo o mundo: uma barragem rompeu-se, liberando um grande mar de lama, que destruiu praticamente tudo que estava próximo à barragem.
Sem tempo para liberar a área, muitos moradores, trabalhadores e até mesmo turistas que estavam no local foram levados pela enxurrada de rejeitos de mineração. A sirene de emergência não emitiu nenhum som, provavelmente em razão da rapidez em que tudo aconteceu. De acordo com a Vale (mineradora a que a barragem pertencia), o volume de rejeitos de mineração contidos nessa barragem era de 11,7 milhões de metros cúbicos.
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→ Barragem da Vale em Brumadinho
A barragem da Vale que se rompeu em Brumadinho ficava na mina do Córrego do Feijão. De acordo com a Vale, a Barragem I dessa mina, desde 2015, estava inativa. Ainda de acordo com a mineradora, não existia nenhuma atividade operacional em andamento, e a barragem possuía declarações que garantiam sua segurança.
A fim de entender as causas do rompimento da barragem, investigações foram abertas para apurar o caso e compreender se não houve nenhuma irregularidade por parte da mineradora. A Polícia Federal e a Polícia Civil de Minas Gerais investigam o caso.
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→ Mortos e desaparecidos em Brumadinho
A cidade de Brumadinho foi invadida por um mar de rejeitos de mineração.
(Foto: Corpo de Bombeiros de Minas Gerais)
O mar de lama formado com o rompimento da barragem matou várias pessoas e destruiu o refeitório e a área administrativa da Vale, casas e uma pousada bastante conhecida na região. Sabe-se que vários funcionários trabalhavam na mineradora no momento da tragédia e que a pousada estava com cerca de 38 pessoas, entre funcionários e visitantes.
Até 1º de fevereiro de 2019, oitavo dia de buscas, haviam sido confirmadas 110 mortes, mas apenas 71 pessoas haviam sido identificadas. Entre os identificados, estão uma médica da Vale (primeira identificada) e os proprietários da pousada que foi soterrada.
O número de mortes confirmadas aumenta a cada dia de buscas e, até 01 de fevereiro, 238 pessoas continuavam desaparecidas, o que sugere que o número de mortos confirmados aumentará. Vale salientar que, em virtude da gravidade do acidente, a expectativa é de que muitos corpos não sejam localizados. Atuam nas buscas o Corpo de Bombeiros de várias regiões, a Força Aérea Brasileira e o Exército. As buscas também contaram com militares vindos de Israel.
→ Danos ambientais
Além das mortes de seres humanos, a tragédia em Brumadinho desencadeou a morte de vários outros animais e da vegetação. Assim que a barragem se rompeu, uma grande avalanche de lama formou-se, arrastando a fauna e também a flora local. Segundo dados disponibilizados pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), os rejeitos ocuparam, desde a barragem até o rio Paraopeba, uma área de 290,14 hectares e destruiu uma área de vegetação de 147,38 hectares.
Ao atingir o rio Paraopeba, a lama também causou a morte de plantas e animais aquáticos, além, é claro, de tornar a água imprópria para o consumo humano. Segundo as Secretarias de Estado de Saúde (SES-MG), de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), e de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), a água do rio apresenta riscos à saúde humana e também animal.
A destruição da fauna e flora locais é apenas um dos grandes impactos negativos ao meio ambiente que o rompimento da barragem da Vale causou e causará. Não podemos nos esquecer de que a grande quantidade de lama despejada contém em sua composição, por exemplo, ferro, que altera a composição do solo. Além disso, a lama, ao secar, formará uma grande camada compacta. Tudo isso pode tornar o solo infértil.
A lama que invadiu Brumadinho causou vários danos ambientais.
(Foto: Polícia Militar de Minas Gerais)
Percebemos, portanto, que a tragédia em Brumadinho causou a morte de várias espécies, alterou o rio da região e também o solo, que poderá ficar infértil. É impossível prever quanto tempo a região levará para se recuperar de tudo isso que aconteceu, mas com toda certeza as próximas gerações ainda conhecerão os efeitos dos terríveis impactos causados pelo homem.
Em nota, a WWF- Brasil deixou uma mensagem clara a toda população e governantes:
“É importante frisar que esta é de fato uma tragédia, mas não um acidente. Um desastre dessas proporções pode – e deve – ser evitado por meio de leis ambientais que garantam a segurança das comunidades e da natureza.”
→ Rompimento da barragem em Mariana
O rompimento da barragem em Brumadinho, infelizmente, não é uma história completamente nova para os brasileiros. No dia 05 de novembro de 2015, outro rompimento de barragem com rejeitos de mineração ocorreu. Nessa ocasião, a cidade de Mariana, também em Minas Gerais, foi atingida.
Em Mariana, uma grande quantidade de lama varreu o distrito de Bento Rodrigues, causando a morte e diversos impactos ambientais. Nessa tragédia, 19 pessoas morreram, incluindo funcionários da mineradora Samarco (controlada pela Vale e pela BHP Billiton), vários hectares de vegetação foram destruídos e o rio Doce ficou completamente morto.
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