A tênia do peixe é um problema de saúde causado por um platelminto do gênero Diphyllobothrium.
Você já ouviu falar a respeito da “tênia do peixe”? Pouco conhecida no Brasil até meados de 2003, a doença está cada vez mais frequente em virtude do consumo de peixe cru. Essa doença pode causar complicações graves e, portanto, merece atenção.
→ Características
A tênia do peixe, doença denominada de difilobotríase, é causada pela ingestão de peixes crus ou malcozidos que estão contaminados pelo platelminto do gênero Diphyllobothrium. Esse parasita pertence ao filo dos platelmintos, classe cestoda, ordem Pseudophyllidea e família Diphyllobothridae.
Uma das características marcantes desse parasita é seu tamanho e tempo de vida. Esse platelminto é considerado um dos maiores parasitas intestinais do homem e pode apresentar até 10 metros de comprimento. Além disso, no intestino humano, pode viver por até 25 anos.
→ Ciclo de vida
O ciclo de vida dos platelmintos causadores da difilobotríase inicia-se quando os ovos dos platelmintos são liberados nas fezes do hospedeiro definitivo. Os embriões presentes nos ovos, quando encontram um ambiente adequado, iniciam seu desenvolvimento, formando embriões ciliados. Esses embriões saem dos ovos e são ingeridos por crustáceos (hospedeiro intermediário), onde se formam larvas. Os peixes (hospedeiro intermediário) alimentam-se dos crustáceos, e as larvas encistam nos músculos desses animais, contaminando-os. Quando o homem (hospedeiro definitivo) alimenta-se do peixe, contamina-se; e a larva migra para o intestino, onde se desenvolve.
Podemos perceber, portanto, que o parasito causador da difilobotríase apresenta dois hospedeiros intermediários (crustáceo e peixe) e um hospedeiro definitivo. Esse hospedeiro pode ser o homem ou outro mamífero, como cães, gatos e até mamíferos marinhos. O principal reservatório da doença é o ser humano.
→ Quadro clínico
O quadro clínico da difilobotríase é muito variável. Alguns pacientes apresentam quadros graves, e outros possuem quadros assintomáticos. De maneira geral, podemos citar como sintomas dores abdominais, flatulência, diarreia ou constipação, náuseas, anorexia, vômito, perda de peso e enfraquecimento. Quando um grande número de vermes é observado, pode ocorrer até mesmo obstrução intestinal ou do ducto biliar, apesar de ser uma situação rara. Outro problema grave é o desenvolvimento de uma anemia pela baixa absorção da vitamina B12, a qual é altamente absorvida pelo parasita.
→ Diagnóstico
O diagnóstico é feito com base na avaliação dos sintomas e no exame parasitológico das fezes. Após confirmado o diagnóstico, inicia-se o tratamento, que geralmente é feito com uso de praziquantel (antiparasitário). O nível de cura é extremamente alto. Vale salientar que, nos casos de anemia, é necessária a administração de vitaminas do complexo B e ácido fólico.
→ Prevenção
A prevenção da difilobotríase baseia-se, principalmente, no conhecimento do produto que está sendo ingerido. Sabemos que peixes contaminados crus, malcozidos, defumados em temperaturas inadequadas ou ainda congelados de maneira insuficiente são as principais causas da doença. Assim sendo, deve-se evitar peixe cru em regiões onde se sabe da ocorrência da doença, cozinhar bem o peixe e alimentar-se de pescados apenas em locais que estejam autorizados a funcionar e que apresentam condições de higiene. Além disso, antes de comprar um peixe, é fundamental conhecer sua procedência.