A síndrome de Haff, também conhecida como doença de Haff e doença da urina preta, é uma síndrome que se desenvolve após a ingestão de pescado. Não se sabe ao certo o que causa a síndrome, mas acredita-se que se trata de uma toxina termoestável, uma vez que, mesmo com a cocção dos alimentos, a síndrome pode se desenvolver.
Os pacientes com a síndrome apresentam sintomas como rigidez e dores musculares, falta de ar e eliminação de urina escura, sendo esse o motivo pelo qual a síndrome é também chamada de doença da urina preta. Não existe tratamento específico para o problema, porém intervenções médicas podem ser necessárias, a fim de evitar maiores complicações. Um diagnóstico precoce, associado a uma intervenção médica rápida e eficiente, garante maiores chances de sobrevivência.
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O que é a síndrome de Haff?
A síndrome de Haff é uma síndrome clínica rara, definida como rabdomiólise sem explicação. Na rabdomiólise, verifica-se a presença de uma lesão direta ou indireta do tecido muscular esquelético, o que provoca uma liberação, na corrente sanguínea, de componentes intracelulares, como a mioglobina.
A mioglobina, em grande quantidade na urina, faz com que esta fique escura, um quadro conhecido como mioglobinúria. Esse quadro pode causar danos aos rins e evoluir para insuficiência renal aguda. O paciente com síndrome de Haff apresenta, além da mioglobinúria, dor muscular intensa que se inicia de maneira abrupta, a qual está associada a níveis elevados da enzima creatinofosfoquinase.
Breve histórico da síndrome de Haff
A síndrome de Haff foi observada pela primeira vez em 1924, na região litorânea de Königsberg Haff, junto à costa do Mar Báltico. Médicos da região verificaram o surgimento de um surto de uma doença que provocava uma súbita rigidez muscular, a qual era acompanhada da eliminação de urina escura.
Eles observaram que, em alguns pacientes, a síndrome era fatal; enquanto em outros, a recuperação era rápida. Após esse primeiro surto, foram observados casos similares nos anos seguintes e todos envolviam a ingestão de peixes. A síndrome foi descrita em outros países, como Suécia, Estados Unidos e Brasil.
Apesar de casos da síndrome de Haff serem raros, surtos da doença ocorrem, de tempos em tempos, em diferentes partes do mundo. Um dos casos mais recentes ocorreu em 2021 e provocou a morte de uma veterinária de 31 anos, em Recife. A mulher apresentou sintomas horas depois do almoço, quando ingeriu um peixe da espécie arabaiana. Ela ficou internada por 13 dias, porém não resistiu. Vale salientar, no entanto, que a morte pela síndrome não ocorre com frequência, sendo observada, na maioria dos casos, uma recuperação rápida.
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Causas da síndrome de Haff
Algumas espécies de peixe e alguns crustáceos estão relacionados com o desenvolvimento da síndrome de Haff. Todos os casos da síndrome apresentam em comum o fato de os pacientes terem ingerido, em menos de 24 horas, pescado. Acredita-se que nesses alimentos esteja presente uma toxina que induz a rabdomiólise. A toxina e todas as espécies relacionadas com o desenvolvimento da síndrome não são ainda conhecidas.
Sintomas da síndrome de Haff
Uma característica marcante da síndrome de Haff é o início dos sintomas em menos de 24 horas após a ingestão de pescado. Os sintomas incluem:
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rigidez muscular;
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dor muscular difusa;
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falta de ar;
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dormência e perda de força no corpo;
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dor torácica; e
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urina de coloração escura.
A associação desses sintomas com o histórico de ingestão de peixe deve ser encarada como uma situação de alerta, sendo fundamental procurar um médico imediatamente. Apesar de poucos morrerem em decorrência da síndrome, o óbito pode ocorrer, principalmente naqueles pacientes que procuram ajuda médica tardiamente.
Diagnóstico da síndrome de Haff
O diagnóstico da síndrome de Haff é feito com base na análise dos sintomas e do histórico do paciente, sendo fundamental o médico questionar se o indivíduo fez ou não ingestão de pescado. Não há exames específicos para se identificar a síndrome de Haff, uma vez que suas causas ainda não são completamente conhecidas.
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Tratamento da síndrome de Haff
A síndrome de Haff não possui tratamento específico, sendo este baseado apenas no controle dos sintomas e das complicações provocadas pela síndrome. O paciente pode apresentar falta de ar e funcionamento inadequado dos rins, necessitando, muitas vezes, de intervenção médica. Alguns casos mais leves não necessitam de internação ou outras intervenções, sendo observado o fim dos sintomas em poucos dias.