Hermafroditismo humano

Estátua de hermafrodito: personagem da mitologia que dá nome à anomalia tratada no texto. Obra encontrada no Museu de Louvre.

 

Na natureza, cerca de 1/3 dos indivíduos de todas as populações existentes apresentam estruturas sexuais femininas e masculinas. As flores são um exemplo, uma vez que formam o gineceu e androceu sendo, por isso, consideradas monoicas. No entanto, há casos em que, em espécies tipicamente dioicas, ou seja, que, de forma geral, cada indivíduo apresenta um dos sexos; nascem indivíduos com características sexuais dos dois gêneros. Nestes casos, falamos em hermafroditismo.

O termo “hermafrodita” é oriundo da mitologia grega, mais especificamente ao filho de Hermes e Afrodite: Hermafrodito. Por este ter rejeitado Salmacis, a ninfa aquática decidiu unir-se forçosamente a ele, resultando em um único ser, com dois sexos.

Essa anomalia está ligada a mutações genéticas e utilização de hormônios por mãe gestante. Mais recentemente descobriu-se que a ocorrência de duas fecundações simultâneas (uma normal e outra anormal, com óvulo inativo) também pode propiciar o hermafroditismo. Tais fatores podem fazer com que durante o período de formação das gônadas se forme um pouco de tecido ovariano e um pouco de tecido testicular.

Indivíduos hermafroditas, dessa forma, apresentam genitália interna e externa diferenciadas, em graus variáveis. No chamado hermafroditismo verdadeiro, o órgão externo é ambíguo, apresentando as duas estruturas, masculinas e femininas. No pseudo-hermafroditismo feminino, a pessoa apresenta o genótipo feminino, mas genitália predominantemente masculina; sendo o inverso o que ocorre no pseudo-hermafroditismo masculino. Por este motivo, há casos em que o hermafroditismo só é percebido no período da puberdade, ao serem manifestadas características sexuais secundárias diferentes do que deveria se esperar de um indivíduo daquele suposto sexo.

O diagnóstico para o hermafroditismo inclui avaliação clínica bastante cuidadosa, em que ultrassons, cariótipos, exames de dosagens hormonais e, finalmente, análise dos tecidos das gônadas; são requeridos. 

Quanto ao tratamento, primeiramente é necessário um acompanhamento por equipe interdisciplinar, uma vez que se trata de uma situação bastante delicada, principalmente no que tange os aspectos emocionais da pessoa envolvida e de seus familiares. Os procedimentos dependerão da idade em que foi descoberta tal alteração e da capacidade funcional dos genitais internos e externos; privilegiando primeiramente aquelas alterações que facilitarão a execução de funções primordiais, como a micção. O procedimento pode ser hormonal e/ou cirúrgico.

Por: Mariana Araguaia

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