A doação de sangue é um procedimento no qual um indivíduo doa parte de seu sangue para outra pessoa utilizar em tratamentos, como nos casos de acidentes em que há perda de sangue, e de doenças, como a talassemia, além de intervenções médicas, como procedimentos oncológicos e cirúrgicos. A doação de sangue pode ser de quatro tipos: espontânea, reposição, convocação ou autóloga.
O processo de doação é seguro e simples. O potencial doador deve se dirigir a uma unidade de coleta, onde será realizado um cadastro. Em seguida, ele passa por uma triagem para avaliar se não há impedimentos para a doação e, caso não haja, a coleta é realizada. O sangue coletado passa por um rigoroso controle para que se avalie se ele pode ser utilizado futuramente.
No Brasil, a doação de sangue já foi um procedimento remunerado, mas atualmente é voluntário. No entanto, é essencial que haja uma maior conscientização da população sobre a importância desse ato, pois é fundamental que se mantenham os estoques dos bancos de sangue abastecidos, já que a necessidade desse material é recorrente. Os números de doações no país ainda são baixos, principalmente em determinadas épocas do ano, além do fato de muitas pessoas só realizarem doações diante da necessidade de algum conhecido.
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Quem pode doar sangue?
A doação de sangue é um ato bastante simples, mas, para que possa ser realizada, deve-se observar alguns critérios:
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possuir entre 16 e 69 anos de idade (menores de 18 anos devem apresentar o consentimento do responsável);
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pesar acima de 50 kg;
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estar com boa saúde;
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apresentar documento de identidade com foto e válido em território nacional.
Além desses critérios, alguns fatores podem ser impeditivos para a doação de sangue, e esses podem ser temporários ou definitivos. Em relação aos fatores temporários, após determinado período, o possível doador está apto a fazer a doação, entretanto, na existência de fatores definitivos, o indivíduo encontra-se proibido, permanentemente, de fazer doação de sangue.
Impedimentos temporários |
Impedimentos definitivos |
Gestantes. |
Usuários de drogas. |
Pós-parto: aguardar 90 dias, em caso de parto normal, e 180, em casos de cesariana. |
Indivíduos que tiveram hepatite após os 10 anos de idade. |
Amamentando: aguardar 12 meses após o parto. |
Indivíduos portadores de cardiopatias graves. |
Realizou transfusão de sangue: aguardar o período de 12 meses após o procedimento. |
Evidência clínica ou laboratorial de doenças transmissíveis pelo sangue, como hepatite B, hepatite C, aids, entre outras. |
Extração de dentes: aguardar 72 horas após o procedimento. |
Indivíduos portadores de câncer. |
Febre, gripe ou resfriado: aguardar 7 dias após o desaparecimento dos sintomas. |
Indivíduos portadores de diabetes. |
Exposição à situações de risco para Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs)/aids - aguardar o período de 12 meses após a exposição. |
Apresentou reação adversa grave em doação anterior. |
Tatuagem e piercing: aguardar o período de 12 meses após a realização do procedimento. |
Situações de risco para IST/AIDS, como insuficiência renal dependente de hemodiálise e doenças hematológicas que necessitem de uso recorrente de hemocomponentes ou hemoderivados. |
Vacinação, exames e realização de outros procedimentos médicos: especificar para avaliação. |
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Tipos de doação de sangue
A doação de sangue pode ser classificada em quatro tipos.
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Espontânea ou voluntária: com o objetivo de se manter abastecido o estoque da Unidade de Hemoterapia.
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Reposição: tem o objetivo de repor o estoque da Unidade de Hemoterapia, sendo motivada por amigos ou familiares de algum paciente, ou para ser utilizada por um paciente específico que necessita de transfusão. Nesse último caso, que pode ser denominado também de específica, dirigida, vinculada ou personalizada, diante do fator emocional envolvido, o doador pode acabar omitindo fatos na triagem para realizar a doação, o que pode ser um fator de risco tanto para ele como para o receptor. Assim, esse tipo de doação vem sendo desestimulado.
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Convocação: nesse caso, o doador já cadastrado recebe um chamado da Unidade de Hemoterapia para realizar uma doação.
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Autóloga: tipo de doação realizado pelo paciente para uso próprio. Para a realização desse tipo de doação, solicitação médica e protocolo específico são necessários.
Como é realizada a doação de sangue?
O processo de doação de sangue é bastante simples. Para realizá-lo, basta se dirigir a uma unidade de coleta de sangue munido de documento pessoal com foto para a realização do cadastro de doador. Em seguida, é realizada a triagem clínica, onde será avaliada a história clínica e epidemiológica do potencial doador, além de seu estado de saúde atual, bem como seus hábitos e comportamentos para determinar se ele está em condições de realizar a doação.
Não havendo impedimentos, é realizada a coleta de cerca de 450 mL de sangue. Esse sangue passará por uma nova etapa de triagem, a triagem sorológica, onde serão realizados diversos exames laboratoriais para avaliar se esse sangue poderá ser utilizado em transfusões.
É importante destacar que homens podem doar sangue até quatro vezes ao ano, em intervalos mínimos de dois meses. Mulheres podem doar três vezes ao ano, em intervalos de três meses.
Cuidados antes e depois da doação de sangue
Embora a doação de sangue seja um procedimento bastante simples, requer aluns cuidados antes e depois de sua realização.
→ Cuidados antes da coleta
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Estar alimentado.
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Se a doação for realizada após o almoço, deve-se aguardar duas horas para realizar a doação.
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Evitar alimentos gordurosos nas três horas que antecedem a doação.
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Não ingerir bebidas alcoólicas 12 horas antes da doação.
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Ter dormido, no mínimo, 6 horas nas últimas 24 horas.
→ Cuidados após a coleta
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Faça um pequeno lanche e permaneça sentado, no mínimo por 15 minutos.
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Aumente a ingestão de água, principalmente nas primeiras 24 horas após a doação.
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Mantenha o curativo no local da punção por, no mínimo, um período de quatro horas.
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Evite esforços físicos exagerados e a ingestão de bebidas alcoólicas por um período de, no mínimo, 12 horas.
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Não fume por, no mínimo, duas horas após o procedimento.
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Não dirija veículos de grande porte, não suba em andaimes e não pratique paraquedismo ou mergulho por um período de, no mínimo, 12 horas.
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Doação de sangue no Brasil
A doação de sangue nos dias atuais é um ato totalmente altruísta, pois, desde os anos de 1980, ela deixou de ser um ato remunerado, passando a ser voluntário. Isso ocorreu devido ao fato de que, após o surgimento de diversas doenças transmissíveis pelo sangue, como a aids, surgiu um receio em relação ao sangue proveniente de doações remuneradas, o qual poderia muitas vezes estar contaminado.
Diante disso, uma nova política pública surgiu com a implantação de uma rede de hemocentros e um trabalho de conscientização da população para a realização da doação voluntária. Esse trabalho perdura nos dias atuais, pois é bastante comum a doação de sangue apenas quando existe a necessidade por parte de um paciente conhecido. No entanto, a necessidade desse material é recorrente e os bancos de sangue precisam manter seus estoques abastecidos.