Bactérias comedoras de carne

Conhecida popularmente como doença das bactérias comedoras de carne, a fasciíte necrosante causa necrose extensa e progressiva de tecidos como a pele e os músculos.

Várias bactérias estão relacionadas com o quadro de fasciíte necrosante

Você já deve ter ouvido a história de que algumas bactérias são responsáveis por formar grandes buracos na pele das pessoas. Essas bactérias são chamadas popularmente de “comedoras de carne e desencadeiam uma doença conhecida como fasciíte necrosante.

→ Fasciíte necrosante

A fasciíte necrosante é uma infecção provocada por bactérias extremamente agressivas. Essas bactérias não comem literalmente a carne, mas causam um grande processo de necrose. Isso significa que elas destroem rapidamente e progressivamente o tecido subcutâneo e a fáscia superficial, que é um tecido que separa os músculos da pele.

Essa infecção é provocada por um grupo de bactérias, portanto, não existe apenas um agente etiológico. O Streptococcus hemolítico do grupo A e o Staphylococcus aureus são dois exemplos de bactérias que podem ocorrer nesses casos. De acordo com as bactérias envolvidas na fasciíte necrosante, podemos classificá-la em tipos I e II. O tipo I apresenta flora polimicrobiana, ou seja, várias bactérias diferentes estão em associação na doença. O tipo II, por sua vez, é causada pela presença de Streptococcus do grupo A, isolados ou associados ao Staphylococcus aureus.

A fasciíte necrosante pode acometer qualquer parte do organismo, entretanto, é mais comum na parede abdominal, nas extremidades e no períneo. Quando atinge as bolsas escrotais e a região perineal, ela é chamada de gangrena de Fournier.

Vale salientar que a infecção pode atingir qualquer pessoa, mas existem alguns fatores de risco para que ocorra seu acometimento, como idade avançada, principalmente acima dos 65 anos, uso de drogas e consumo abusivo de álcool, lesões na pele, cirurgias e traumas.

→ Características clínicas

A fasciíte necrosante provoca lesões dolorosas e bastante características. Inicialmente, os tecidos mais superficiais não são acometidos, porém, com o avanço da doença, eles também são afetados. A princípio, apenas o tecido subcutâneo e a fáscia são atingidos por essa infecção.

Primeiramente, a lesão da fasciíte necrosante surge como uma área avermelhada e dolorosa. A dor que ela provoca é muito intensa e é considerada desproporcional quando se observa o tamanho da lesão. Após algum tempo, aparecem a cianose local (pele azulada) e a formação de bolhas, com um líquido amarelado ou avermelhado escuro. Essa área atingida torna-se demarcada, circundada por uma borda e coberta por um tecido morto (necrótico). À medida que a lesão avança, observa-se a necrose da pele e, caso não seja feito tratamento, o músculo pode ser também acometido.

→ Tratamento

O primeiro ponto que devemos ter em mente sobre a fasciíte necrosante é que essa infecção pode levar à morte se não for identificada precocemente. Estima-se que a mortalidade varie de 13% a 76% dos casos dessa doença, e a morte está associada ao diagnóstico tardio. Em metade dos pacientes, pode ocorrer a síndrome do choque tóxico estreptocócico que pode levar à falência múltipla dos órgãos.

O tratamento da fasciíte necrosante baseia-se no uso de antibióticos e na realização de cirurgia para a retirada dos locais necrosados. Quase sempre, também é necessário o enxerto de pele. Além disso, é fundamental cuidar do estado geral de saúde do paciente e estar atento, por exemplo, à sua alimentação.


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Por: Vanessa Sardinha dos Santos

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